Sexta, 30 Janeiro 2015 08:33
Passaram quatro dias sobre as eleições
na Grécia e os resultados tiveram várias leituras.
A vitória do Syriza é inquestionável.
Contudo, analisemos o que nos
diferencia.
O caso português:
· Portugal terminou em maio de 2014 o
programa de assistência financeira. Concluiu-o com sucesso, não necessitando de
outro programa de assistência financeira, nem sequer de programa cautelar;
· Portugal não obteve qualquer perdão
total ou parcial da sua divida, o que permite aos investidores estarem
disponíveis para adquirirem mais divida pública;
· Portugal consegue financiar-se a juros
historicamente baixos, conseguindo desta forma gerir a divida, amortizando a de
curto prazo, a qual apresenta taxas de juros mais elevadas;
· Portugal tem conseguido aplicar
medidas que permitem o combate à fraude e evasão fiscais com resultados
expressivos;
· Portugal apresenta um crescimento
positivo, pelo que a sua economia vem mostrando sinais de recuperação económica
que se reflete na criação de emprego, encontrando-se com uma taxa de desemprego
de 13,6%, bastante elevada, mas com tendência de descida;
· O défice público abaixo dos 4%;
· A divida pública portuguesa (em % do
PIB) é de cerca de 131%.
O caso grego:
· Teve sujeito a um primeiro programa de
assistência financeira. Necessitou de um segundo programa, encontrando-se
atualmente a decorrer a 5ª avaliação. Não está excluído de, no final deste 2º
programa, ficar sujeito a um programa cautelar;
· Já obteve um perdão parcial da divida
de montante superior ao empréstimo feito a Portugal;
· Os juros aplicados ao país para o seu
financiamento são superiores a dez por cento, o que não só não permite qualquer
gestão da divida como um agravamento deveras preocupante, provocando uma total
dependência de financiamento externo;
· Não tem conseguido combater a
corrupção, a fraude e evasão fiscais;
· Vem apresentando sucessivamente, ano
após ano, taxas de crescimento negativo, facto absolutamente sentido no que se
refere à empregabilidade, com taxas de desemprego acima dos 25%;
· O défice público acima dos 10%;
· A divida pública grega (em % do PIB) é
de cerca de 174%.
Por tudo o que se referiu a dimensão do
problema grego é incomparavelmente maior do que o português.
Mais, no que se refere a Portugal os
mercados são um dos indicadores que, claramente, mostra essa diferença. O
índice de confiança dos consumidores é um outro indicador que também mostra
essa diferença.
Portugal está a percorrer o seu caminho.
Um caminho difícil como todos sentimos. Mas que tem que ser feito com
responsabilidade e em conjunto com os nossos parceiros europeus. É assim que
vamos conseguir ultrapassar um período menos positivo. Mas será assim que vamos
recuperar e equilibrar o país e dar-lhe um bem que em economia tem um elevado
valor que é Confiança.
E quando, através do discurso ou de
políticas públicas, não se consegue dar credibilidade e confiança ao país os
reflexos são imediatos, com a fuga de capitais, com o afundar da bolsa, com o
aumento dos juros, enfim com o agravamento das condições económicas. Não é por
dizer-se acabou a austeridade que ela pura e simplesmente acaba. Se assim fosse
esse caminho já teria sido certamente descoberto.
Portugal, e bem, não seguiu este
caminho.
Até para a semana
Rui Mendes
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