i).
De uma forma crua, vamos dizer que temos a
impressão como alguém já o afirmou que, “o mundo actual” anda a
produzir bastante mais história do que aquela que pode consumir, encaixar e vir
a compreender.
Anda a produzir e a acelerá-la de uma tal
maneira que, mais cedo ou mais tarde, pode tornar-se incontrolável. Se
repararem bem, no Médio Oriente e arredores da Crimeia, nos últimos tempos,
houve um série de estados que se fragmentaram e estão em desagregação, tornando
a situação internacional muito perigosa e imprevisível.
Já repararam que são mais as milícias e os
grupos bem armados do que o número de estados (e exércitos) soberanos realmente
existentes? Estão a ver a mancha de violência crescente com que estamos
confrontados?
Prova-o ou não, mais esta ofensiva de
Israel na Faixa de Gaza onde já é muito difícil distinguir o que é a guerra da
carnificina? Onde nenhuma trégua da Cruz Vermelha, é respeitada. Onde as
escolas e os hospitais são destruídos. E onde, entretanto, podemos reparar que
mais de 80% das vitimas palestinianas são civis indefesos. Mas, o grupo que tem
sido mais atingido são as crianças.
Se isto não é um ataque desproporcionado,
então, o que será? Admitindo que os dois estados têm legitimidade politica para
garantir a sua existência, será pela via da sua destruição mútua…e de um ódio
cego que tal virá alguma vez a ser possível e conseguido?
Tal como foi visto nos telejornais, várias
vezes, repararam naquela criança, com uns seis ou sete anos, que estava a
atirar pedras a um tanque israelita?...
Podemos prever o que isto significa,
para além do facto incontornável daquela mesma criança, só estar à espera
de crescer um pouco mais para a seguir, pegar em armas e prolongar por mais
umas gerações um conflito histórico, descontrolado e cada vez mais
violento?...
Mudemos o pano.
ii).
O Al tejo é um bom exemplo e testemunha
atenta, à escala local e regional, do que vamos aqui sucintamente afirmar:
estamos a assistir ao aparecimento de novas formas de produção informativa
individual que se expande a uma velocidade, nunca vista, com o recurso a
ferramentas digitais e plataformas de comunicação disponíveis em múltiplas
redes sociais.
Isto altera e dará assim origem a
uma nova “democracia participativa” um caminho já aberto, em Portugal, e
que começou a ser abertamente protagonizado pelo Partido Socialista,
independentemente dos objectivos específicos e da vontade politica
própria dos dois principais protagonistas.
Diria, pois, que esta crise no PS, é
também um reflexo da Internet e da aceitação de que, no mundo, muita coisa está
e vai mudar: há novos contratos de comunicação e instrumentos de acção politica
que estão em desenvolvimento. As “primárias” são um deles.
Neste sentido poderia acrescentar que as
“primárias” do PS vão encetar um novo tipo de contrato politico, entre o PS e
os cidadãos, transferindo e abrindo o poder das estruturas partidárias à
sociedade civil.
Se isto não é romper com certos “vícios
partidocráticos” e fazer uma aproximação à democracia directa e pro-activa,
pergunto eu, então, o que será? Do que estão à espera os outros partidos do
sistema politico? De um afastamento e desligação crescente da
sociedade?
Dir-me-ão alguns que isto também é uma
luta de facções, e da luta interna pelo poder no PS, uma área onde, aliás,
nenhum partido “está virgem” nos seus percursos histórico-políticos.
Como é evidente, não estou em condições de
o ignorar completamente, mas também posso garantir que tenciono escolher o
candidato que seja mais capaz de reflectir as aspirações urgentes da massa
eleitoral que, através “destas primárias” se vier a constituir numa base social
de apoio politico, o mais consistente e abrangente possível.
De acordo com os interesses superiores do
país visíveis na U. Europeia e, particularmente, na estratégica CPLP.
Assim sendo, prefiro colocar aqui
estas reflexões, em pano cru, até porque este posicionamento politico, para
além de dizer respeito à esquerda em geral, da mais à menos radical, diz
sobretudo respeito à vida do país e às facturas sociais que vai
apresentando, cada vez mais difíceis de resolver.
Em Portugal, como de resto em todas as
partes do Mundo, o pano cru, do fechamento absoluto em “conchas eleitorais ”
autossuficientes, a par da falta de abertura real aos processos ideológicos
participativos, pagam-se sempre muito caro.
Não foi por causa disto que, no século XX,
caíram em catadupa, os dois impérios alemães, o russo, o austríaco, o
otomano e os impérios coloniais europeus, incluindo o português e houve
revoluções sociais por todos os continentes?...
Não será isto o que a História já anda,
por toda a parte, a avisar -nos?
Melhores saudações
António Neves Berbém
(
28/7/2014)
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