«ALANDROAL,
MINHA PÁTRIA»
Eu entendo que é nosso dever – nosso de todos nós – exaltar
as figuras que se fixaram na história “por obras valorosas, sobretudo, como é
gora o caso, se se trata de “nomes que ilustram a terra onde nascemos. Sendo
patrício e com obra de relevo maior é a nossa obrigação. Por isso decidi hoje
trazer a este cantinho uma das mais notáveis figuras da nossa terra – Frei
Manuel Pousão.
Já não é a primeira vez que me serve de tema a sua obra e a
sua personalidade. Efectivamente após as primeiras pesquisas que fiz à volta do
seu nome – irão decorridos cerca de 30 anos -
não mais o esquecemos e temos adiantado porque são, infelizmente, muito
escassas as fontes de informação.
Para informação de quem nestas páginas me lê deixo aqui uma breve
resenha da sua vida.
Confirma-se que, segundo o bibliógrafo Barbosa Machado,
autor da obra intitulada “Biblioteca Lusitana”, de 17??, Manuel Pousam – assim
se escrevia nesses tempos – nasceu no ALANDROAL em fins do sec. XVI, filho de
Lorenço Rodrigues e de Brites (ou Beatriz) Fernandes e que faleceu em Lisboa,
de provecta idade – a 17 de Junho de 1683, no Convento de Nossa Senhora da
Graça.
Foi Frei Manuel Pousão um notável músico, tendo frequentado
a Escola de Musica de Vila Viçosa como aluno do grande Mestre da Real Capela
António Pinheiro; daqui passou a Évora, onde o Mestre de Vila Viçosa também
ensinou. Ingressou nos Gracianos de Lisboa em Maio de 1617 e aí chegou a ser
ele próprio Mestre de Capela, alem de visitador da Província Agostiniana e mestre
de noviciado.
Em 1676 foi publicado em Lyon (França) o seu livro “Liber
Passionum, et Corum”, constando ainda do catálogo da livraria musical de D.
João IV uma missa de defuntos de sua autoria e diversos vilancicos e motetes;
na Biblioteca Publica de Évora conserva-se um outro vilancico seu dedicado a
Santa Clara.
Os musicólogos, como o nosso muito prezado amigo Cónego
Doutor José Augusto Alegria, consideram-no uma figura de relevo na história da
musica portuguesa.
Lembramo-lo mais uma vez, apelando para que os responsáveis
pela toponímia da nossa terra não se esqueçam de homenagear um tão insigne
natural alandroalense, atribuindo com toda a justiça, o seu nome a uma das
artérias locais.
Manuel Inácio Pestana
Publicado no Jornal Boa Nova em Outubro /98
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