sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

                                "¿ TROIKA OU AKIORT ? "

Sexta, 20 Dezembro 2013 09:18
Em 2011, quando se dizia que um Governo de salvação nacional tripartidário, com o PS, o PSD e o CDS em coligação, era a grande solução, eu achava que não. Essencialmente, porque Portugal precisava de uma mudança profunda, coisa que, com o PS no Governo, jamais aconteceria. Disse eu, então, que “se o próximo Governo de Portugal for gisado apenas para fazer frente ao descalabro das contas públicas, sem cuidar de redefinir o modelo de intervenção do Estado nem de arranjar meio de conseguir crescimento económico, então, de facto, pode o Governo dito de salvação nacional ser constituído por essa coligação tripartida. Mas se, como eu penso, o momento é de mudança e de mudança profunda, então, é melhor que o PS, que tem enormes responsabilidades quanto ao estado a que o país chegou – e não só Sócrates - fique de fora”
Naquela altura, antes das eleições legislativas de 2011, achava eu que o papel mais importante estaria reservado ao Senhor Presidente da República, porque era quem estava em melhores condições para conseguir obter e, depois, disponibilizar, toda a informação relativa à verdadeira situação das contas públicas portuguesas. Conhecer, antes das eleições, a real e exacta situação financeira do país, não apenas quanto às rúbricas que concorriam para o apuramento do défice das contas públicas, mas de todas aquelas que o contribuinte, mais cedo ou mais tarde, iria ter de pagar, foi o que eu, enquanto cidadão eleitor comum, pedi ao Senhor Presidente da República. Como todos, também eu já estava farto de ouvir, depois das eleições, a já gasta desculpa de que o país afinal estava pior do que se supunha, para justificar medidas não prometidas ou, pior ainda, para justificar o não cumprimento de promessas antes solenemente garantidas. Disse, então, nessa altura, que o Presidente da República tinha o dever, o imperativo nacional, de assegurar que fossemos todos para eleições com perfeito conhecimento de todos os fluxos financeiros a que o Estado estivesse obrigado.
Do Presidente da República, dos partidos, ouvimos nada! Ninguém quis saber desse assunto. Passadas as eleições e formado o Governo, foi o que se viu: afinal havia um desvio colossal no défice e afinal havia que tomar medidas que nem ao de leve haviam sido debatidas durante a campanha eleitoral! À época - lembram-se? - a Troika era a salvação: quer por nos ter ajudado financeiramente quer pelo extraordinário Memorando de Entendimento ou Programa de Ajustamento que tinha elaborado.
Está a fazer dois anos que, numa crónica aqui dita na Rádio Diana, adiantei a hipótese de a Troika poder estar enganada. Dois anos e meio volvidos sobre as eleições de 2011, o resultado das contas públicas está longe das metas que haviam sido decididas, o crescimento económico é o que se conhece e a reforma do Estado nem no papel existe. Mais de dois anos e meio volvidos sobre a provocada queda do anterior Governo, em que o PSD, o CDS e o Presidente da República tiveram especiais responsabilidades, o facto é que aqueles que, antes, lisonjeavam a Troika, hoje, questionam-na. E de tal maneira que, às vezes, surpreendem pelo vigor que imprimem às críticas! Agora, até o Primeiro-ministro de Portugal – que é o mesmo – já critica a Troika. Fico na dúvida: se, antes, a bajolavam porque acreditavam verdadeiramente na Troika ou se, pura e simplesmente, lhe cantavam loas na interesseira acepção da expressão...!
Seja como for, o resultado é o actual estado do país.

Lisboa, 20 de Dezembro de 2013
Martim Borges de Freitas


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