quarta-feira, 8 de junho de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Para onde vais, Europa?
Carlos Sezões

Quarta, 08 Junho 2011 09:52
A actual crise da dívida colocou a nu as fragilidades da construção europeia. Quando os excessos do nosso modelo social, agravados pela crise financeira, começaram a fazer as primeiras vítimas, a Europa tinha duas atitudes possíveis: colocar-se à altura do desafio, dando respostas orientadas para o futuro, ou colocar-se na defensiva, preocupada apenas com alguns interesses nacionais. Como todos sabemos, escolheu-se a segunda via e, de sobressalto em sobressalto, não se sabe ainda onde iremos parar.
Sejamos claros. Enfrentamos uma ameaça séria à coesão económica e social da Europa e está mesmo em causa a futura sobrevivência do Euro.
O primeiro desafio é o da responsabilidade. A responsabilidade de todos os estados-membros para com princípios essenciais de finanças públicas saudáveis, modelos de estado social sustentáveis e políticas que promovam o crescimento económico. Casos como a Grécia, da Irlanda ou de Portugal são descredibilizadores para qualquer ideia de uma Europa forte. Precisam-se ética, coragem e sentido de honra nos compromissos assumidos.
O segundo desafio é o da renovação. Políticas corajosas relativas à demografia, à natalidade, à imigração, ao emprego e à qualidade de vida familiar devem ser equacionadas sob pena de termos uma crise dramática nos sistemas de segurança social europeus. Alguns países (nomeadamente no sul da Europa) devem compreender que suportando administrações públicas gigantescas e ineficazes e adiando reformas, apenas se alimenta o problema. Um problema que, daqui a não muitos anos, irá explodir nas nossas mãos.
O terceiro desafio é o da ambição. Tomando consciência da sua força económica, sendo um mercado com mais de 500 milhões de consumidores, com os melhores níveis de qualificações e de competências no mundo, a Europa tem de se assumir como uma voz forte, respeitada no xadrez político internacional. Tal pressupõe que os egoísmos nacionais sejam colocados na gaveta e que nos grandes desafios do mundo actual (alterações climáticas, políticas energéticas, segurança internacional, globalização económica e financeira) se fale a uma só voz, sem as hesitações e descoordenações habituais.
Como tal, a Europa deverá olhar para estes tempos de incerteza como uma oportunidade. Uma oportunidade para se reformar internamente e cimentar o seu protagonismo em muitas áreas, sejam económicas ou outras. Em suma, para aprofundar a sua integração. Quando se fala na emissão das famosas obrigações europeias ‘eurobonds' ou na criação de um Ministério das Finanças europeu, penso que estamos no bom caminho.
Mas, no final tudo, dependerá de uma “adesão cultural”: da mesma forma que nos sentimos portugueses, espanhóis ou italianos, sentirmo-nos também Europeus – unidos na geografia, na cultura e numa particular visão do mundo que nos torna únicos. Será essa a nossa força que nos levará da decadência à prosperidade.
Carlos Sezões

1 comentário:

Anónimo disse...

Por mim bem pode ir para a P.U.T.A. Q.U.E A P.A.R.I.U,. Ela e a Chanceler que a desgoverna.