I.
Nestas andanças de eleições e dos respectivos resultados finais existe gente que acerta quase sempre... mas apenas no fim do apuramento dos votos.
No meu caso, acrescento que não acertei, enganei-me principalmente na diferença com que o PSD bateu inapelavelmente o PS. Acreditei que seriam apenas dois ou três pontos percentuais. Foram 10.Isto é, mais do que o triplo. É obra.
Mas ocorre-me chamar a atenção para o que escrevi, em devido tempo, embora noutro Blogue. Disse que o Bloco de Esquerda iria dar um estoiro de todo o temanho. Deu.
E porquê?
Fundamentalmente porque tinha deixado cooptar duas ou três das suas causas fracturantes pelo PS.
E depois porque lhe falta trabalho e uma certa consistência histórica. Além de se perceber claramente que os seus deputados tinham perdido as fortes ligações de dialogo com a respectiva base social de apoio.
Pode dizer-se tudo isto e até mesmo reafirmar que Francisco Louçã é um excelente parlamentar.
Mas a verdade politica é que quase foi varrido para debaixo do tapete democrático. Sem chegar, no entanto, a fazer o mesmo que Sócrates teve de fazer.
Quantos a outras previsões certas ou erradas que fizemos, já não vale a pena a estar aqui a mencioná-las. Se bem que a cena do (meu) homónimo Seguro seja de rir e extremamente preocupante.
Até porque o mais importante, é que à escala do Concelho do Alandroal, ainda não se perdeu a verve do voto à esquerda. Antes assim. Grande terra.
II.
Mas o que é surpreendente, ou talvez não o seja, é o resultado do PSD em Juromenha. Aqui ganhou a direita! Simbólico mas ganhou mesmo.
Ou seja, Juromenha votou realmente como o resto do país sacudindo para longe as tentações socialistas de J. Sócrates estar convencido que ele é que tinha razão e o povo é que estava enganado...A lição que fique para quem a souber localmente aproveitar.
Sem nenhuma censura e sem ilusões.
Porque, a ideia essencial, que me parece estar por detrás desta vitória do PSD, em Juromenha, poderá ser bem outra. Será também a de dar votos em demanda da sua própria ideia de mudança?
E será a de querer ver aplicada no Concelho, a regra da alternância no exercício do poder democrático enquanto regra basilar e marca que verdadeiramente diferencia os regimes democráticos.
Juromenha pode vir a repetir-se numa outra freguesia do Concelho?
Juromenha tem sido menos bem tratada? Juromenha começou a dar sinais de que outros assuntos e outros actores podem vir a marcar terrenos novos em circunstâncias novas? Juromenha está a indiciar uma mudança que a incline no futuro para Elvas?
Juromenha é apenas um episódio circunstancial que não deve suscitar uma reflexão mais cuidada?
Enfim, poderíamos alinhar aqui mais uma série de dúvidas quanto ao futuro próximo.
"Glocalmente analisado".
Mas de uma coisa (ou mais) podemos estar certos: o eleitorado em Portugal sabe distinguir qual o sentido que a democracia deve ter e para onde deve ir.
E quem realmente, em cada momento histórico, é mais capaz de lhe inspirar confiança.
Juromenha limitou-se portanto a ter da democracia uma visão que, por exemplo ,não foi diferente da que centenas de aldeias tiveram por todo o Norte e Centro do país.
"Erros meus má fortuna" diria o Camões.
Se o que acabamos de dizer pode constituir um sinal e se, em Juromenha, como no país, as pessoas não suportam as meias verdades e as meias mentiras. E cada vez menos se deixam enganar por simples projectos de poder pessoal centrados em protagonismos que, Eles sim, cometem enormes erros de análise sobre o país e/ou de um Concelho, é o que vamos ter de perceber tendo em conta, aliás, o facto de cada um ir exercendo o poder democrático e autárquico centrado apenas nos seus próprios e furtivos desejos.
Que, acrescento, jamais podem ser confundidos com o conjunto de realidades sociais que efectivamente nos envolvem.
Enquanto sociedade livre, de livre opinião e de voto democrático.
António Neves Berbem
7 comentários:
Desde 1993 que Juromenha vota no PSD.
E os mandatos do Sr. Paulo Infante na Junta de Freguesia, foram fruto de uma coligação entre as três principais forças políticas do concelho.
Muita sorte terá a vila se, acabado o mandato, não levarem o selo branco para casa.
Não seria a 1.ª vez !
O Berbem é como o Sousa Tavares, escreve sem conhecer a realidade das coisas!
É como um ilustre ex-jogador do F.C. Porto:"...PROGNÓSTICOS...PROGNÓSTICOS...SÓ NO FINAL DO JOGO..."
Lendo os dois comentários,ó minha gente,houve logo duas coisas que por cá me subiram à cabeça.Atão,não é que quandO TOCA A FERIADOS TODOS SOMOS CRENTES.E quando, não somos nós a ir ter com a realidade,é Ela que se encarrega de vir ter com a gente.Concordam?
LfG
Meu caro ANB
Concordo com a análise que fazes ao acontecimento mais importante dos últimos dias.
Relembrar apenas que António Barreto (outro teu homónimo) cerca de dois meses antes das eleições disse: "o Sócrates vai levar um duro castigo do povo". Aí está, em escala de dureza, a diferença entre 2 e 10.
Merecido castigo para quem teimou e reteimou em mentir, ludibriar e maltratar o povo, sem outra razão que não fosse o seu narcisismo político-pessoal incomensurável.
Não foi o PSD que ganhou as eleições, nem o PS as perdeu, em minha opinião. Sócrates reduziu o partido a si próprio e a sua "arte" de subjugar secou a boa colheita, deixando apenas as ervas daninhas. Ficaram os Lelos e os Vitalinos como elogio à tolice e à desfaçatez. Era uma vez o PS, com alguma maldade, Partido Socratista. Mas também com a esperança de ver o Partido Socialista tomar um novo rumo.
Quanto à nossa Grande terra, com as freguesias mais à esquerda, ou mais à direita, temos hoje a alegria de saber que será sempre a sabedoria do povo a escolher.
Como dizia um conterrâneo: "deixá-los falar que eles calarão-se-ão".
A.C.
para longe as tentações socialistas de J. Sócrates estar convencido que ele é que tinha razão e o povo é que estava enganado...
A ver vamos, se ele tinha ou não razão em algumas das chamadas de atenção que fez. O tempo o dirá!!
Que tristeza, como é que que num País com um nível de pobreza tão grande, as pessoas não votam, deixando a direita ganhar.
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