Programa de agressão
Eduardo Luciano
Quinta, 05 Maio 2011 09:07
Na passada terça-feira o primeiro-ministro anunciou com toda a pompa e circunstância um conjunto alargado de medidas que não estão previstas nas exigências do FMI e companhia, para o empréstimo dos 78 mil milhões de euros.
Ficámos a saber que a CGD não vai ser privatizada, que o limite para o corte nas pensões e reformas afinal não são os 600 euros, que a Constituição não vai ser revista, que a Ponte 25 de Abril não será demolida e que o sol continuará a nascer e pôr-se todos os dias.
Logo a seguir PSD e CDS chegaram-se à frente e anunciaram que eram eles os pais de tão fantástico sucesso.
Ontem ficámos a saber o preço do dinheiro que aí vem e que, uma boa parte, irá direitinho para a banca.
E o preço é elevadíssimo para a maioria dos portugueses:
Facilitação e embaratecimento dos despedimentos, reduzindo a indemnização paga pelo patronato de 30 para 10 dias (por ano de trabalho) e tornando o conceito de “justa causa” uma brincadeira de meninos, a redução da duração máxima do subsídio de desemprego para um máximo de 18 meses, o congelamento do salário mínimo, diminuição real do valor de salários e pensões, aumento das taxas de IMI, um conjunto alargado de privatizações, aumento das taxas moderadoras entre outro mimos que pretendem acabar com o serviço nacional de saúde tal como está plasmado na Constituição.
Não se conhece qualquer medida penalizadora para a banca ou para os grandes grupos económicos. Não se conhece qualquer aumento da carga fiscal sobre os lucros.
Estas são apenas algumas das medidas que PS, PSD e CDS querem chamar a si a paternidade ou, no mínimo, o apadrinhamento.
Este é o verdadeiro programa comum de governo destas três forças políticas, digam eles o que disserem. Finjam eles a zanga que fingirem, estão unidos como os dedos da mão no caminho que fizeram até aqui e nas soluções que apresentam que inevitavelmente irão aprofundar a crise, sacrificando os mesmos de sempre.
Nunca como nestas eleições foi tão claro que PS, PSD e CDS não são alternativa entre si pela simples razão que não há alternativa entre quem defende os mesmos objectivos e partilha o mesmo caminho.
Nem consigo imaginar como irão fazer campanha eleitoral depois de concordarem com este verdadeiro programa de agressão ao povo e ao país.
Irão discutir o ritmo das privatizações? Irão discutir quem é melhor a cortar nos salários e pensões? Irão acotovelar-se pelo título de quem consegue acabar mais depressa com o Serviço Nacional de Saúde?
A falta de vergonha é muita e os especialistas em criar factos políticos divergentes têm, nesta campanha, um verdadeiro desafio à sua criatividade.
E os portugueses que são vítimas da política destes partidos têm um verdadeiro desafio à sua capacidade de ousar mudar. Usando o voto. Escolhendo a alternativa, afugentando o medo e o preconceito e levar até às últimas consequências o discurso generalizado de descontentamento.
É simples e indolor. Basta querer.
Até para a semana… quem sabe
Eduardo Luciano
1 comentário:
Nesta terra todos falam muito mas ninguem vai ao fundo das questões. O Grilo está a posicionar-se para melhor defender os interesses do concelho com tudo o que ai vem, ou acham que ele deu este apoio ao Sócrates a troco de nada? Se calhar teve de engolir um grande sapo para dar a cara...isolado é que não vai a lado nenhum.É claro que com isto tambem procura protagonismo mas é um sinal de inteligência. Tudo isto mostra tambem que com o desgoverno que fez e os processos que tem à perna o Nabais é já um cadáver politico de um tempo que já passou e o que me espanta é como ainda há pessoas a seguir este homem. Depressa vão perceber que estão a seguir alguem que já não vai a lado nenhum. Conheço bem os dois, quem diz que são os dois farinha do mesmo saco está a mentir.Acho que é dificil encontrar dois homens tão diferentes e para nossa sorte temos o Grilo como Presidente neste momento...benditos 7 votos...
Enviar um comentário