segunda-feira, 2 de maio de 2011

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

 Celebrou a infâmia
Miguel Sampaio

Segunda, 02 Maio 2011 10:20
Celebrou-se ontem o 1º de Maio, sem entrar em detalhes, convém recordar que tudo começou há mais de cem anos em Chicago a 4 de Maio de 1886, quando os trabalhadores se manifestavam pela redução do horário de trabalho das doze horas para as oito horas diárias.
A repressão foi brutal! Tudo o que se seguiu é história, não cabe neste espaço limitado em tempo e palavras, mas será bom pensarmos se volvidos cento e quinze anos as coisas mudaram assim tanto?
É importante questionarmos se os direitos de quem trabalha, acompanharam a inegável evolução científica, tecnológica que se deu de então para cá? É que no mundo ainda existe trabalho infantil, ainda existem seres humanos sujeitos a trabalho escravo, ainda existem distinções de género, de credo, até mesmo de raça no acesso ao trabalho, nas condições em que este se efectua, na sua remuneração ou ausência dela… Quando se comemora o dia do trabalhador não existem fronteiras geográficas, não existem bandeiras nacionais, não existem sequer particularidades regionais, existe apenas uma linha que demarca dois lados distintos, quase sempre antagónicos: o capital e o trabalho.
Neste confronto nada mudou, os que detêm o poder, visam o lucro, os que trabalham buscam a dignidade, lutam pelos seus direitos.
Os trabalhadores portugueses vivem hoje mais um momento crítico na história da prepotência patronal; assistem à redução dos seus salários, ao aumento da idade de reforma, ao corte nas prestações sociais, à alteração unilateral dos pressupostos que estiveram na base dos seus descontos, são mais uma vez forçados a suportar os custos de uma crise que não criaram.
Podem inventar-se todas as desculpas convenientes, desde a escassa produtividade ao absentismo, aos hábitos consumistas desregrados, mas tudo isso não passa pelo crivo de uma análise mais cuidada.
A verdade é que hoje, como há cento e quinze anos atrás quem tem o poder são aqueles que detêm o capital e usam esse poder em proveito próprio, para eles todos os outros são descartáveis, meros peões na sua estratégia, sacrificáveis face á possibilidade de gerar maiores lucros, aumentar as mais valias, conquistar mais um troféu para a sala da infâmia.
O mundo terá mudado… alguns homens não!
São esses que estão no poder.
Até para a semana
Miguel Sampaio

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