Nota introdutória:
Há cerca de um mês atrás, um comentador anónimo, questionava-me sobre a verdadeira intenção destas crónicas. Não respondi porque perfilho a opinião de que o autor das " postagens " não deve invadir o espaço dos comentadores. No entanto, hoje, quero deixar bem claro que não existe nenhuma intenção subjacente ao que aqui se diz. Nestas " Notas Soltas " apenas se pretende registar o quotidiano do Alandroal e dos Alandroalenses. Umas vezes com humor, outras nem tanto. Sempre sem intenção de ofender. Por vezes com atrevimento, é verdade, mas, repito, sem intenção de ofender. Aliás, parece-me ser esse o espírito do blogue. Cumprimentos. Sean
« Notas Soltas »
« De como o autor destas linhas, Sean O'Flaherty D. Rivera Kerrigan, na sua completa graça, foi visto a petiscar "percebes", no bar da Lena, durante a Páscoa de 2010, com um barbudo comandante cubano da Sierra Maestra. »
Exactamente há um ano atrás, lá estava eu, juntamente com vários companheiros, saboreando uma boa pratada desses crustáceos marinhos, recentemente "desalapados" das rochas das costas algarvias, enquanto umas quantas minis nos molhavam as gargantas.
Até aqui nada de especial.
Era o que faltava !
Que uns pobres de Cristo, ainda por cima em altura de Páscoa, não pudessem molhar a goela acompanhando com um petisco mais fino. De tremoços estávamos todos fartos !
A questão colocava-se noutro plano : « Um dos companheiros à mesa era um barbudo comandante da revolução cubana. »
Nada menos :
Era um homem alto, magro, com uma guedelha que não via tesoura há muito tempo e uma comprida e solta barba. Como se tivesse descido da Sierra Maestra e viesse sentar-se no bar da Lena a petiscar percebes e a beber cerveja.
Nesta altura da crónica tenho que confessar que sou um velho defensor da revolução cubana.
Desde 1959 - era eu um trinca espinhas - quando os barbudos desceram da sierra e partiram à conquista de Havana, que me têm como admirador.
Não tanto pelo modo de vida que trouxeram ao povo cubano;
Não tanto pelas inegáveis conquistas e direitos que aquela revolução implantou;
Não tanto por terem um dos melhores sistemas de saúde do mundo;
Não tanto porque também têm um dos melhores sistemas de educação que se conhecem;
Não tanto porque transformaram um povo praticamente analfabeto, num dos povos mais cultos do mundo.
Em tudo o que atrás disse, eu, e a revolução cubana, estamos em perfeita sintonia.
Só não estou de acordo com certos aspectos do conceito de liberdade que praticam.
Aí - divergimos.
Há, porém, outro aspecto em que recolhem toda a minha admiração : Sendo vizinhos da maior potência do mundo, uma potência que sempre os hostilizou, uma potência que chegou a invadi-los militarmente, nunca se renderam.
É neste aspecto, porventura, que reside a minha maior admiração por aquele povo.
E sendo esse povo e a sua revolução, um dos maiores objectos de admiração da minha vida, logo que possível, lá fui eu a caminho de Cuba.
Visitei aquele país quatro vezes. A primeira, foi em 1985. A última, em 2006.
E confesso que não gostei de tudo o que vi.
Mas isso é outra conversa. Talvez possa constituir matéria para outra crónica.
Agora tenho que voltar ao que estava dizendo ou então corro o risco de não chegar o espaço que o editor coloca ao meu dispor.
Em três das quatro vezes que fui a Cuba, tive como companheiro um velho amigo, natural de Elvas e agente de viagens no Algarve, que sempre providenciava passagens mais baratas quando nos metíamos a caminho.
Admirador, como eu, da revolução cubana. Foram inúmeras as conversas que travámos, como devem calcular, assim como foram inúmeros os problemas que encontrámos por resolver em Cuba.
Sendo também inúmeras as qualidades que, achámos nós, a revolução tinha.
Pois foi esse meu amigo que me surpreendeu no bar da Lena, durante o lanche dos percebes.
Na Páscoa de 2010, estando ele em Elvas, de visita à família, e tendo conhecimento que eu me encontrava no Alandroal, resolveu fazer-me uma surpresa.
Quando me levantei para o cumprimentar, perguntou-me : « O que fazes tu à mesa com um comandante da Sierra Maestra ? »
Resposta minha, na ponta da língua : « Cala-te. Aquele comandante barbudo da Sierra Maestra é tão alentejano como tu, e tão algarvio também, só que vive lá para o barlavento. »
É que o comandante barbudo da Sierra Maestra mais não era que um amigo do Alandroal, por sinal aquele que tinha levado os percebes do Algarve, propositadamente para aquele convívio.
Sean
8 comentários:
Se gosta assim tanto de Cuba vá para lá viver nas mesmas condições que vivem os cubanos
Agora percebo porque é que os velhotes do Alandroal foram a Cuba.`´E porque é um dos melhores sistemas de saúde do mundo. Afinal a escolha não foi assim tão despropositada...
Já não comes mais....
Para o comentador das 00:15!!!
De facto a escolha não foi assim muito má, não fosse o que se passou, depois das ditas operações...por aquele preço (TOTAL) teriamos feito o mesmo aqui em Portugal, Só que, com um pequemo senão, o séquito de sua majestade, não teria um mês de férias nas praias de águas claras de CUBA, á custa do erário publico...Assim sendo, a escolha foi péssima...E para nossa vergonha, ficaram a dever...
Bos PASCOA
HOMERO
Ao Homero.
Se calhar teria sido melhor levar os velhotes para um país estrangeiro, sem se saberem movimentar, só para não levar aquilo que se chama de séquito. Iam sozinhos. Quanto a ficar a dever, isso não me incomoda. Quem é que não deve? Foi preferível ficarem a VER mesmo que se ficasse a deVER. São opiniões.
E para nossa vergonha, ficaram a dever...
Bos PASCOA
HOMERO
21 Abril, 2011 17:39
Só se a vergonha for sua, minha não é, é que tenho um pequeno negocio e muita gente me deve, até algumas pessoas que aparentam ter muito dinheiro e outras com fortes convicções religiosas, e até o Municipio do Alandroal já com este executivo, e outros Municipios.
Se toda esta gente não tem vergonha, se o estado e a maioria das pessoas de Portugal não a tem ( os bancos que digam )porque é qua as pessoas do Alandroal tem que ter por causa de umas viagens e tratamentos em Cuba.
Fique lá com a vergonha para si e deixe que cada um escolha se a deve ter ou não, afinal quem se julga o Sr, para opinar e decidir pelos outros.
PASTOR REFORMADO
Então caro Homero,ai teve uma resposta curta que pelos vistos acusou o toque e não respondeu.
Se calhar está de ferias, faz bem.
Ás vezes os pastores tem mais pontaria nas palavras do que certos doutores.
Paulo Abelha
Á GRANDE PASTOR REFORMADO, O DR. ATÉ FICOU MUDO.
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