Deixo aos meus conterrâneos um trabalho escrito, sem autor mas com um sabor de grandeza de quem o escreveu. Verifica-se que, muitas das interrogações e incertezas abordadas no mesmo, tivessem ou tenham respostas felizes e consentâneas com a franqueza e humildade com que foram expressas, ao tempo.
Como amigos, agradeço a disponibilidade de todos e de cada um, no sentido de que algo tenha sido feito, indiciando que muitas delas, tenham merecido ou estejam prestes a ser esclarecidas, num esforço acrescido para que algo mude no nosso Concelho.
Um abraço para os Alentejanos de uma figa
jpbr.
MOMENTOS E RECORDAÇÕES DA NOSSA GENTE - Ano 1987
A propósito de trabalho expresso nas páginas 4 e 5 mas, sem identificação do autor em «A Voz do Alandroal» datado do exemplar Nº1- 01/09/1987, peço permissão para lembrar uma das suas passagens, com o seguinte título – «HORTINHAS TERRA DE MATO»
Falando da nossa Aldeia Antiga, seu nome era Aldeia do Tojal. Era realidade, os campos estavam cobertos de mato com bastantes tojos, daí veio o nome de Aldeia do Tojal, foram os cabreiros que a baptizaram, era quem andava pelos campos, foram eles que começaram a construir as primeiras casas de terra e pedra arrancada nos campos.
A Aldeia começou a crescer a agricultura desenvolver-se as necessidades eram muitas, principalmente em frutos e deram em aproveitar vários gemedores de água e em volta fizeram várias hortas, construíram paredes de pedra amuralhado para resguardar as suas hortas do gado da caça etc., e foi assim que apareceu o nome de «Hortinhas».
Nessa altura foi morto um homem chamado «Charro» que foi atado á cauda de um cavalo que o levou até junto do local denominado «Castelo Velho», perto da ribeira do Lucifecit, onde junto a uma pedra caíram os seus restos mortais, ainda hoje essa pedra tem o nome de «Pedra do Charro». Esse homem foi na altura acusado de defender os direitos dos homens.
A dois quilómetros de Hortinhas fica o «Castelo Velho», foram os cartagineses que construíram essa obra para sua defesa, ultimamente tem estado em degradação, são monumentos antigos que tendo o seu valor, é pena termos governos que deixam degradar as nossas antiguidades.
Continuando a falar dos tempos antigos, a maneira como as pessoas se divertiam, havia bailes quase todos os dias, nas casas uns dos outros, a mocidade juntava-se, iam buscar um que tocasse armónica e assim passavam as noites; antes de nascer o sol já tinham de estar ao pé do trabalho, da ceifa, da lavoura e dos gados, andavam quilómetros a pé para chegar ao local, era a escravidão do homem; mas havia quem estivesse deitado até alto sol, depois o bom almoço o esperava, o pobre desgraçado, o triste gaspacho o esperava e sem azeitonas, depois vinha a hora da merenda o pão tinha que ser molhado, o toucinho estava rançoso, era assim a vida.
Continuamos a falar agora do presente, em mil novecentos e sessenta e oito apareceu uma ideia de construir um Centro Cultural, que desse possibilidade à Juventude de se divertir de uma maneira diferente, dentro de uma Associação onde os seus direitos são iguais e trabalhar para a nossa cultura se desenvolver, foi em vinte nove do seis de oitenta e dois que uma Comissão Instaladora deitou mais à obra e fez uma Associação com o nome de Centro Cultural e Desportivo de Hortinhas, tem como finalidade fomentar a cultura e o desporto e ensino dos seus associados.
O Centro Cultural criou una tradição festas Populares, com vários espectáculos culturais. Em quinze do nove de oitenta e quatro um Rancho Folclórico com o nome de «Espiga de Trigo», nome este com as características de nossa Aldeia essencialmente agrícola. Tivemos em conta as tradições antigas, na dança e cantares, o trajo, os hábitos e costumes, os nomes das músicas, por exemplo «Hortinhas é nossa Aldeia». «Namorico no Campo, «Alentejo é Lindo», «Danças e Cantares da Nossa Aldeia».
Trabalhamos para o desenvolvimento da cultura, somos um Centro que regularmente é visitado pelos sócios, masculinos e femininos de várias idades temos uma pequena Biblioteca onde a leitura é importante, temos várias iniciativas, em mil novecentos e oitenta e seis realizámos uma exposição de utensílios agrícolas de versos e quadros, e peças de louça antiga.
Passaram por esta iniciativa, em visita centenas de pessoas, demos oportunidade aos mais novos de conhecer os utensílios que o avô ganhava o pão e aos mais velhos relembrar o trabalho duro.
Construímos graças à colaboração do povo desta Aldeia, um Posto Médico que não tem tido da parte dos Governos o apoio necessário e convincente para o melhor funcionamento.
Brevemente vamos ter uma iniciativa, em dezanove e vinte de Setembro, uma exposição de artesanato do Concelho com grande influência na Freguesia, estarão presentes os artesãos: Francisco dos Telhados, Joaquim Parrança, Caetano José, Balancé, Martinho José, Manuel Ribeiro e várias mulheres que participam efectuando no momento os seus trabalhos.
A esta iniciativa daremos todo o apoio cultural. Nesta data vamos comemorar o terceiro ano de existência do Rancho Folclórico, também com várias iniciativas: Baile e Festival Folclórico.
Queremos chamar a atenção das entidades oficiais para esta iniciativa cultural pedindo o seu apoio financeiro; fala-se muito em cultura mas não para lhes dar apoio, criticamos a Câmara do Alandroal pela desigualdade que está fazendo na atribuição de subsídios, vai para três anos que não recebemos qualquer importância.
A Câmara prometeu que este ano iria dar, mas que tinham pouca disponibilidade, teríamos de aguardar. Afinal havia dinheiro, em Junho de oitenta e sete o Grupo de Futebol do Alandroal, recebeu sessenta mil escudos, os Bombeiros, a Banda também receberam e o Centro Cultural do Alandroal todos os meses, afinal onde está a descentralização?
Teremos que ir todos para o Alandroal para fomentar a cultura, o desporto etc.etc.
in: "A Voz do Alandroal"
4 comentários:
Meus amigos aqui estao retratados alguns dos anos mais gloriosos e bonitos da minha aldeia e que levou o nome,nao so da propria aldeia mas tambem o nome do Concelho do Alandroal a praticamente todo a pais.
Etodo isto so foi possivel "porque o homem sonha e a obra nasce",e a obra foi o Centro cultural e o homem foi esse grande inpulsionador que se dá pelo nome de ZICO.
OBRIGADA pela partilha João Pedro!
Espero que a leitura deste "TEXTO"
desperte algumas consciências...
Há cerca de 5O anos,o Sr. Mendes, (Mestre da Música) foi "Ensaiador" dum "Rancho Folclórico" no Alandroal. Os ensaios eram na Sociedade Artística. Mais tarde, e na ausência do referido Ensaiador, foi o Sr. Chico Badalinho quem tomou conta da "pasta".
Por falta de "Apoios" e com muita pena dos intervenientes, o referido grupo não conseguiu levar por diante os Seus Intentos. Foi pena!...
Alguém se recorda?
Uma participante do "Grupo".
Rancho Folclórico do Alandroal
Quero saudar a comentadora das 11,59 de hoje e dizer-lhe que também integrei o rancho dirigido pelo mestre Mendes Soldado.
Eu e a Bina (mãe do António Troco) fomos "mascotes" (como se dizia) do agrupamento.
Permitam-me ainda dizer que, enquanto autarca "da Freguesia" e com o empreendedor apoio do Xico Badalinho, reativamos a "CONTRADANÇA" no Carnaval de um ano que não recordo (ao pormenor, como antigamente se fazia, acompanhada por concertina com a música FLÔR DA FRAGÂNCIA, já antes executada por meu parente Manuel Cegonho)com exibições no Alandroal, Juromenha e Mina do Bugalho e, muito aplaudidas nestas duas últimas localidades.
O SENTIR DO POVO...
Eu penso que o desaparecimento destas estruturas culturais se "pode" fundamentar p.ex. no comentário de um maestro que na TVE2,todos os Domingo pela manhã, habitualmente ouvia,dirigindo GRANDES ORQUESTRAS.
Já passaram mais de 30 anos e dizia ele ao jornalista da TVE2 que "a curto prazo a TV contribuirá(?) para o afastamento dos jovens destes espaços culturais".
Correspondeu ou não á realidade o seu pensamento?
O que se fez para contrariar este caminho.
Foi minha intenção, ilustrando factos reais, provocar pensamentos.
Abraços para todos
Tói da Dadinha
jornal «vos do alandroal« entrevista escrita no jornal,foi o amigo CARLOS GOMES.Que entrevistou o actual presidente e ensaiador do rancho ESPIGA DE TRIGO DE HORTINHAS QUE O ZICO FUNDOU.E deu continuidade durante dez anos e só acabou porque as más linguas daqueles que náda fazem. Mas que dão cabo do trabalho feito,só no alentejo a nossa cultura e tratáda desta maneira por gente atrasada mentalmente mas que vai batendo em pédra dura até que fura.UM GRANDE ABRAÇO AO MEU AMIGO ZICO E CONTINUA COM OS TEUS GOSTOS E VALORES CULTURÁIS COM VARIAS ACTIVIDADES ENCONTRO DAS CONCERTINAS POÉTAS DO CONCELHO.
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