sexta-feira, 21 de novembro de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Martim Borges de Freitas - ... Voltaremos dentro de momentos!

21-nov-2008
O país político tem fases. Às vezes, fases engraçadas; outras, menos engraçadas; e algumas, desgraçadas. Suponho que, hoje, estaremos algures no interior deste triângulo, numa fase a que eu chamaria de fase da suspensão. Senão, vejamos. Ao falarmos de educação, o que é que todos reclamam, com a excepção, claro, do governo? Resposta: a suspensão do processo de avaliação dos professores. Mas, se falarmos de Justiça, o que é que reclama a líder do PSD? Resposta: a suspensão da democracia por seis meses para pôr tudo na ordem. E o que responde o PS? O PS suspende uma certa fleuma com que tem feito oposição à oposição e responde levando a sério o que a Dra. Manuela Ferreira Leite disse. Com tibieza, é certo, mas tentando fazer-nos crer que a coisa era séria. Enfim, uma resposta verdadeiramente ridícula.
Porquê? Porque se o que a Dra. Manuela Ferreira Leite disse configurasse um crime de lesa-pátria, como o PS quis reputar a coisa, então, só resta concluir que a resposta do PS ficou à altura do laivo irónico com que a Dra. Manuela Ferreira Leite quis exemplificar o estado em que se encontra a justiça portuguesa. Mas, pasme-se, quando se esperava que este assunto, obviamente da maior importância para Portugal e para os portugueses, ficasse por aqui, eis que surge o Dr. Paulo Portas. Incapaz de resistir ao comentário, agora que vem ensaiando, de fininho, uma estratégia de demarcação e contraste face ao PSD, e reintroduzindo a ideia de que, afinal, estando na oposição, é vantajoso fazer oposição à oposição, ei-lo que surge para, também ele, suspender várias das afirmações que foi proferindo ao longo do tempo e dizer não estar ao alcance da Dra. Manuela Ferreira Leite suspender a democracia, mas estar ao seu alcance suspender o pacto de justiça assinado entre o PS e o PSD. E porque é que, diz ele, é preciso suspender este pacto? Porque, segundo o Dr. Paulo Portas, este significa “mais insegurança, mais crime e leis que não são dissuasoras da criminalidade”. E o que havia dito o Dr. Paulo Portas no dia 19 de Setembro de 2006 - lembro-me bem? Havia criticado o Dr. José Ribeiro e Castro, à época, Presidente do CDS, dizendo que a ausência do CDS do pacto para a Justiça significava, e cito, “um sinal vermelho e perigoso para os democratas-cristãos”. Estamos, pois, como se vê, em ano político de eleições. Para descrédito da Política e dos políticos, vai novamente valer tudo. Se já vai valendo dizer-se o contrário do que se havia dito até há bem pouco tempo, está bem de ver que tudo quanto se disse até agora só será repetido se soar a música, boa música, aos ouvidos dos eleitores. Se assim não for, a ordem é para suspender. Porque os olhos, os dos políticos, esses, estão autenticamente cravados na grande ronda eleitoral de 2009. Nela, apenas nela, em nada mais senão nela. Mas, atenção: para o bem e para o mal, os eleitores estão cada vez mais exigentes. Os políticos que o tiverem sido - e o forem - para consigo, para com os seus partidos e, por maioria de razão, para com o seu país, esses, os políticos exigentes, sairão vencedores. Em 2009 ou mais tarde. Em todo o caso, vencedores.
Martim Borges de Freitas

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