Mote
Provoca-me desencanto
E um certo mal-estar
A vida a poucos dar tanto
E a tantos dar tão pouco.
Pode viver-se em pobreza
E mesmo assim ser feliz
É o destino que quis
Mostrar isto à riqueza
São coisas da natureza
E até se pode ser santo,
Possuindo só um manto
E aceitar viver assim...
Mas isto quanto a mim
Provoca-me desencanto.
Com tanto que o mundo tem,
Com outra economia,
O rico não empobrecia
E o pobre ficava bem.
Não faltaria a ninguém
O essencial no seu lar
Mas temos que constatar
Que a pobreza perdura,
E isto causa amargura
E um certo mal-estar.
Ó meu Senhor Jesus Cristo!
Ó Deus que em tudo mandas!
Diz-me por onde é que andas
Que não vens pôr cobro nisto.
Perdoa-me mas eu insisto
Em clamas por ti enquanto,
Neste mundo houver pranto
Por tamanha desigualdade.
Não acho bem de verdade
A vida a poucos dar tanto.
Vejo a riqueza a crescer
Quase sempre à nossa custa
Numa sociedade justa
Isto não pode acontecer!
Ouvimos sempre dizer,
“A vida vai melhorar”
Já não vamos acreditar
Porque isto é mesmo de loucos,
Dar-se tanto a esses poucos
E a tantos tão pouco dar.
Jerónimo Major
Retirado do blogue: http://boanova.blogs.sapo.pt/
Ou: " Quando a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à mpntanha"
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