segunda-feira, 17 de agosto de 2020

VERDADE OU MENTIRA?

                          O nosso primeiro rei era filho de um pastor?
A versão oficial contada nos livros de história seria que D. Afonso Henriques era filho do Conde D. Henrique mas que teria nascido muito fraco e com debilidades de saúde. Conta-se que o seu aio, Egas Moniz, terá levado a criança de Guimarães para Chaves na tentativa de o curar nas águas termais daquela cidade transmontana. Naquele tempo a viagem entre Guimarães e Chaves demorava 3 meses, por entre caminhos de terra e em carro de bois. Acontece que, o Infante D. Afonso Henriques, terá falecido no caminho. Ao chegar a Vila Pouca de Aguiar, Egas Moniz ter-se-à cruzado com um pastor com um filho com uma idade aproximada à de D. Afonso Henriques, mas muito mais saudável, com o vigor físico típico de um transmontano. Egas Moniz terá comprado o filho ao pastor e levou-o para Chaves, onde, durante 4 anos, o educou e transformou num menino com educação típica da realeza. Conta-se que o substituto de D. Afonso Henriques era tão saudável fisicamente que aos 13 anos já media 1.80m, quando naquela época o normal era medir 1.60m na idade adulta.
D. Pedro I: o Rei que serrou um padre ao meio por este ter violado uma mulher
Ficou conhecido como o Justiceiro e a alcunha foi muito bem entregue. O Rei D. Pedro I tinha o hábito de praticar justiça implacável com as próprias mãos.
Já alguma vez se indagou porque razão o Rei D. Pedro era conhecido como “o justiceiro” ou como “o cruel”? Este Rei, que ficou famoso na História de Portugal por ter mandado arrancar o coração dos homens que assassinaram a sua amante Inês de Castro e por ter exigido que beijassem o seu cadáver estando ela sentada no trono, costumava fazer justiça pelas próprias mãos, um pouco por todo o país.
D. Pedro I deslocava-se frequentemente por Portugal e gostava de ouvir as histórias e as queixas de quem tinha sido injustiçado e, em vez de recorrer aos tribunais, era ele próprio quem proferia as sentenças  e, muitas vezes, praticava as mesmas. São várias as histórias de justiça pelas próprias mãos a ele atribuídas.
É conhecido o episódio bíblico em que o rei Salomão ordena que um bebé seja cortado ao meio e repartido pelas duas mulheres que reclamam a sua maternidade, sentença que uma delas aprova e a outra rejeita horrorizada, mostrando assim ser a verdadeira progenitora. Também Portugal teve um Salomão, embora não tão sagaz. Foi D. Pedro I, o dos amores com Inês de Castro, que, nos dez anos em que reinou, andou a percorrer o País fazendo justiça pelas suas próprias mãos.
Em Santarém habitava um lavrador rico com quem o rei se dava. Um dia, estando nessa cidade e como não visse o homem, perguntou por ele e apurou que o filho o atacara à facada, deixando-lhe uma cicatriz na cara. O rei ordenou então que o chamassem e pediu-lhe que contasse como as coisas se tinham passado. O lavrador narrou a discussão que tivera com o filho e a agressão de que fora vítima, na presença da mulher. “Ora, manda-me cá a tua mulher e o teu filho”, ordenou o monarca. Quando a mulher chegou, perguntou-lhe: “Ouve lá, de quem é o filho?” Ela gaguejou: “Meu e do meu marido, senhor.” O rei cofiou a barba. “Hum!, não acredito. Se o teu marido fosse o verdadeiro pai, ele não o teria acutilado daquela forma.” A lavradora acabou por admitir que o rapaz era filho de um frade confessor que a teria violado. No dia seguinte, D. Pedro foi ouvir missa na igreja onde em tempos ocorrera a violação. Concluída a cerimónia, mandou chamar o religioso. Após curta troca de palavras, o rei mandou meter o violador num caixote e serrá-lo ao meio. Como o rei não era um ilusionista daqueles que serram mulheres sem que estas sofram beliscadura, o desgraçado teve uma morte horrorosa. Esta é apenas uma das muitas histórias que se contam acerca da actuação de Pedro I como juiz.
O episódio do bispo do Porto ainda é bastante recordado. Constou a D. Pedro, sem ter provas, que o prelado mantinha relações íntimas com uma mulher casada. Tanto bastou para que entrasse pelo paço episcopal e, pegando no chicote, o punisse. De outra vez, ao saber que uma mulher enganava o marido, condenou-a à morte. E de nada valeu ao enganado implorar de joelhos o perdão da esposa, que decerto amava.
Mas há um aspecto da vida de D. Pedro I menos conhecido. Narra o cronista Fernão Lopes que o arrebatado soberano teve uma assolapada paixão… pelo escudeiro Afonso Madeira, ao qual “amava mais do que se deve aqui dizer”. Como este tivesse um caso com uma tal Catarina Tosse, o rei, furioso, “mandou-lhe cortar aqueles membros que os homens em maior apreço têm, de modo que não ficou carne até aos ossos que tudo não fosse cortado”. O pobre Afonso, segundo Lopes, foi tratado, “curou-se, engrossou nas pernas e no corpo e viveu alguns anos engelhado de rosto e sem barba e morreu depois de sua natural morte”.
Conta a tradição que D. Pedro mandou desenterrar o cadáver da sua amada Inês de Castro e a coroou (ou o que dela fisicamente restava) rainha de Portugal. Mas será verdade que Inês de Castro foi rainha depois de morta?Não existe prova documental de que o seu amor louco chegado a esse ponto, mas o episódio entrou no imaginário. A sugestão, tremendamente romântica, foi mesmo glosada por autores estrangeiros. Do que não há dúvida é de que D. Pedro fez transladar com pompa os restos de Inês do Convento de Santa Clara, em Coimbra, para o belo túmulo gótico do Mosteiro de Alcobaça, ao lado do que destinara a si próprio, que ainda hoje podemos admirar.

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