Emílio
Salgari, Júlio Verne e Jack London, foram os meus autores favoritos durante os
anos de fim de infância e princípios de adolescência. Todavia, enquanto
entendia perfeitamente os dois primeiros, que me deram a conhecer – Salgari –
os mares de Bornéo e da Malásia, assim como a maneira de marear das gentes
dessas longitudes e também os dos mares do Caribe e todos os corsários, os
inventados e os reais. Também com Júlio Verne aprendi que quando se tem
imaginação e cultura, vontade de saber e estudar, se podem antecipar muitas das
coisas que séculos mais tarde se viriam a concretizar. Com Jack London, porém,
sempre tive muitas dificuldades, e já nessa idade eu antecipava que aquele
autor era diferente dos outros porque mais complexo naquilo que escrevia e
dizia nas entrevistas e em público.
Já
muito mais tarde, quando já quase o tinha esquecido, e numa altura a que a ele
voltei, digamos que quase por acaso, me apercebi que Jack London não era um
autor infanto/juvenil, pesem embora as aventuras no mar, no gelo e na neve. E
nas suas relações com os animais, sobretudo com os cães e os lobos. E também
nas suas viagens aventurosas através de todos os mares e oceanos.
Para
meu espanto, confesso, até encontrei livros de antecipação, não direi
científica, porque não é disso que se trata, mas de antecipação de tragédias
que no futuro esperariam a Humanidade. Sobretudo em tudo aquilo que respeita ao
ambiente. Dizem-me especialistas na obra de Jack London, que esses livros eram,
ou foram, motivados pelas preocupações sociais do escritor, que desde muito
novo manifestara ideias que o aproximavam dos pensadores progressistas da sua
época.
“A Peste Escarlate” , de Jack London
E
foi assim que descobri um pequeno volume que fala de uma pandemia que haveria
de acontecer no início do século XXI. É uma história muito simples aonde um
velho sobrevivente dessa tal pandemia, conta a uma mão cheia de adolescentes
meio selvagens, a forma como se vivia nos tempos que agora atravessamos. E como
essa tragédia influenciou a vida na terra ao ponto de, praticamente, se terem
retrocedido centenas de anos na vida e comportamentos da Humanidade.
Pois
bem, não conhecia essa faceta deste magnífico escritor que, a par de nos dar a
conhecer a vida do seu tempo – fins do século XIX e princípios do século XX –
ainda teve a preocupação de nos alertar para eventuais tragédias que poderiam
vir a afligir a vida de todos nós, cem anos depois de morrer.
Rufino Casablanca – Terena – Monte do Meio
Julho 2020
2 comentários:
OBS.
O que é importante verificar através desta "Aparição do Rufino" é que
há Autores muito bons para todas as Idades. O que se torna verdadeiramente
decisivo e muito valioso é terem sido lidos,de preferência, quando eramos
jovens e assimilávamos muitas coisas.
Ficámos marcados e não apenas literariamente. Ainda bem que assim
aconteceu. "O Admiravel Mundo Novo" (A. Huxley) afinal está sempre em vias
de acontecer. É uma questão de estarmos atentos e perceber que há outras
Vidas além das que já nos foram dadas ler e antecipar. E agora reler.
S.D.
ANBerbem
Caro Amigo RUFINO !!! Pois aleluia, aleluia !!! Quem é vivo,sempre aparece e com um tema interessante, recordação e premonição, já que, recordar é viver, no imaginário !!! Pois, também e durante, essa travessia da nossa juventude, relembro escritores que li e que, de certa forma, influíram na minha caminhada na vida, Sir Walter Scoth um aventureiro nacionalista Escocês, Julio Verne Um aventureiro visionário e criativo cientifico, Emilio ZOLA um proletário contando os dissabores e aventuras amorosas dos homens dos caminhos de ferro Franceses , James Jones Um sociologista tentando descrever a sociedade pura , qualquer deles a sua maneira me influenciaram....Do teu descrito, Jack Londom não tinha essa ideia dele,na medida que li um livro dele e, pareceu-me um escritor, de prosa mais narrativa e pouco profunda !!! No aspecto da PREMONIÇÃO, a uns meses li o 2084 do escritor Argelino BOUALEM SANSAL que tem alguns parecimentos com o 1984 de George Orwell onde se prevê o aparecimento duma ditadura RELIGIOSA construída a volta de um Império o ABISTÃO.....Como é uma premonição, ficaremos muito discretamente sentados á espera, de tal conclusão.....Daqui, da Praça do Principe da BEIRA, envio os meus respeitosos cumprimentos (nada de larguras), na esperança de uma visita em breve....HOMERO
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