DO CASAMENTO INFELIZ AO POSSÍVEL SUICÍDIO
: 5 FACTOS SOBRE A RAINHA
CARLOTA JOAQUINA DE BOURBON
Considerada a Rainha das Intrigas, a monarca nascida na Espanha conspirou
contra o marido e criou problemas diversos na corte portuguesa
Dona Carlota Joaquina
de Bourbon foi uma das rainhas mais caricatas e singulares da História
Europeia, caracterízada pela sua autonomia e capacidade política, com a qual
conspirou contra o marido praticamente a vida inteira. Nascida em Espanha,
tornou-se rainha de Portugal e, por consequência, do Brasil, com as
decorrências da invasão da Península Ibérica por Napoleão.
Uma figura repleta de
lendas ao redor, que passam por lhe atribuir hábitos ninfomaníacos, a autoria
da criação da caipirinha e uma série de boatos políticos de uma Europa
conservadora. Foi ela um importante quadro do absolutismo no momento em que ele
sofria uma grave crise.
Conheça cinco factos essenciais para compreender a
trajetória política de Dona Carlota!
1. Casamento infeliz
A união entre Carlota
Joaquina e o seu marido arranjado, Dom João de Bragança, tinha como origem uma
busca por ambas as coroas de uma paz diplomática e uma união de interesses.
Criando-se uma relação de confiança mútua, a associação entre Espanha e
Portugal permitia uma vizinhança tranquila e a perda das ameaças de uma nova
União Ibérica.
Porém, essas
motivações políticas não permitiram que os cônjuges minimamente se gostassem.
Com um ódio profundo pelo marido, com quem foi obrigada a casar, com apenas dez
anos, era uma pessoa com personalidade diametralmente oposta a ela: mais bonacheirão,
conservador e tranquilo, ele era incompatível com a pretensiosa, articuladora,
autônoma rainha de personalidade forte.
2. Desprezo recíproco pela corte portuguesa
Ao ser levada a Lisboa
em 1785, Carlota teve um choque relevante. Criada pelo rei espanhol Carlos III
sob uma óptica mais liberal, aprendendo artes e a agir independentemente, ela
era incompatível com a corte portuguesa. Uma mulher extremamente inteligente e
livre, sofreu reveses de uma corte conservadora e fechada que exigia postura e decoro.
Em contrapartida, a
corte portuguesa também detestava Carlota. A sua atuação afrontosa e
controladora (sabia ser disciplinada, mas não necessariamente queria), além das
rixas com o próprio marido, levaram-na a ser represada pelos aristocratas
lusitanos, que lhe deram o infeliz apelido de Megera de Queluz.
3. Pretensões de poder
Carlota Joaquina nunca
escondeu a sua sede pelo poder, inclusive a pretensão de assumir o trono de Portugal e da
Espanha. Absolutista e pretensiosa, articulou diversas vezes golpes de Estado e
movimentações obscuras no sentido de tomar o governo do próprio marido, que
julgava ser um inapto. Associando-se com intrigas do interior da corte. No entanto,
nunca conseguiu ascender como queria.
Porém, várias dessas
articulações foram importantes no contorno das relações políticas da monarquia
portuguesa. Uma das maiores pretensões da rainha era a de assumir, por sua
origem espanhola, o controle das colônias hispânicas na Bacia do Rio da Prata e
tornar-se rainha autônoma na América. Com isso poderia articular até um derrube
da coroa portuguesa e, no limite, criar
uma nova União Ibérica centrada em si.
4. Exílio e separação
Com as invasões
napoleônicas e a crise política gerada, a Família Real Portuguesa decide
finalmente transferir as cortes para o Rio de Janeiro, o que desencadeara mais
tarde no nascimento do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Carlota vê-se enojada
com o plano, não vendo sentido uma rainha submeter-se a viver numa colônia.
Para piorar, a vigem para lá foi degradante e marcada pela famosa epidemia de
piolho que tomou os monarcas e os deixou carecas.
Chegada da Família no Rio de
Janeiro / Crédito: Wikimedia Commons
Indignada com a
situação em que estava, pelo menos conseguiu a abertura para fazer algo que já
planeava: viver separada e distante do marido. Então, passou a viver fora dos
círculos da monarquia, no Palácio de São Cristóvão, morando em locais mais
bucólicos, como o Aterro do Botafogo. Ela e o marido apenas se encontravam em
cerimônias oficiais, e mal conversavam.
5. Intrigas políticas
e morte solitária
Com a Revolução do
Porto em 1820 e a exigência de retorno das cortes a Lisboa, Carlota voltou a conviver
com membros da família real, no intuito de tomar o poder. O cenário político
colocara os liberais constitucionalistas e os conservadores absolutistas em
embate, e a rainha Joaquina passou a articular com o filho Dom Miguel em favor
do segundo grupo, que se opunha a Dom João VI.
Recusando-se a jurar a
Constituição, ela integrou a oposição forte ao governo do marido, mas com o
tempo, minou também as suas relações com aliados. Gradualmente, isolou-se até
entre os absolutistas, incluindo Miguel, passando a viver sozinha no Palácio de
Queluz, onde foi assolada por uma depressão e morreu aos 54 anos, em 1830.
Hoje, se discute se a rainha tirou a própria vida com envenenamento, o que é
bastante plausível
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