segunda-feira, 27 de julho de 2020

CURIOSIDADES

GÉNIOS EM GUERRA: A ETERNA RIVALIDADE ENTRE LEONARDO DA VINCI E MICHELANGELO
Considerados os dois maiores artistas da Renascença, os pintores viviam em conflito e não suportavam ficar juntos na mesma sala
Retratos de Leonardo da Vinci e Michelangelo, respectivamente - Wikimedia Commons
Em diferentes contextos, manter uma certa rivalidade poder ser bastante positivo, já que, por vezes, a competição gera uma maior produção. Quando a rixa é entre dois pintores, no entanto, as coisas são um pouco diferentes.
Clássicos renascentistas, Leonardo da Vinci e Michelangelo foram alvos da grande maioria das fofocas em Florença, em meados de 1504. Cada um com as suas características, os dois artistas não faziam a menor questão de conviver.
Naquela época, os dois rivais estavam tão inflamados que uma simples escolha equivocada de palavras poderia gerar a pior discussão que a Itália já viu. Por esse motivo, inclusive, Leonardo e Michelangelo evitavam ficar no mesmo ambiente.
Retrato de Michelangelo por Sebastiano del Piombo / Crédito: Wikimedia Commons
Batalha para além da tela
Naquele ano de 1504, o governo de Florença havia decidido que a sua sede deveria contar com uma intervenção artística. Assim, Michelangelo Buonarroti, de 29 anos, foi convidado para criar uma cena de guerra, numa das paredes do Palazzo della Signoria.
Em troca da pintura, o Estado florentino oferecia uma recompensa bastante avultada. Face a isso, Michelangelo não pensou duas vezes para aceitar a proposta. O problema é que Leonardo da Vinci também fora convocado para a tarefa.
Orgulhosos e perfeccionistas, no entanto, nenhum dos dois artistas estava disposto a retroceder. Assim, ambos começaram a trabalhar nas suas peças: duas cenas de batalha inspiradas na história recente de Florença. 
Auto-retrato de Leonardo da Vinci / Crédito: Wikimedia Commons
Cartas na mesa
Por algum tempo, o clima artístico na cidade ficou suspenso. Todos queriam saber qual dos dois grandes renascentistas ganharia a competição que se instalava. Qual obra, afinal, embelezaria o Palazzo della Signoria?
 Passaram-se semanas e, ao contrário do que os entusiastas esperavam, Florença nunca realmente descobriu quem ganhou o desafio. Entre 1505 e 1506, tanto Michelangelo quanto Leonardo da Vinci interromperam as suas obras deixando-as inacabadas.
Daquela vez, a rivalidade entre os dois pintores chegou ao fim sem que os dois entrassem  num conflito real. Nos anos seguintes, no entanto, as batalhas indiretas e os insultos por baixo dos panos tornaram-se constantes e frequentes.
Homem Vitruviano e outras anotações de da Vinci / Crédito: Wikimedia Commons
Um mistério
Para Sigmund Freud, o único pensador a analisar a frenética competição entre os artistas renascentistas, a tal rixa apoiava-se  nalguns fatos distintos. Para começar, da Vinci e Michelangelo eram muito parecidos.
Segundo o pai da psicanálise, ambos tinham dificuldades com as suas figuras maternas ausentes e ainda compartilhavam o mesmo fardo que era ser homossexual no século 16. Leonardo, no entanto, era um tanto mais bem-resolvido do que o outro.
E, é claro, sempre poderia existir a questão da inveja. Muito mais novo do que da Vinci, Michelangelo detestava o rival, mas precisava estudá-lo, a fim de compreender as teorias do claro e do escuro, por exemplo. Era quase uma admiração velada.
Sem contar que Leonardo era, de fato, um homem muito mais confiante que o novato. Aos 51 anos, ele chamava a atenção por onde passava e não se importava em usar túnicas cor-de-rosa, todas muito mais curtas do que o padrão da época exigia.
PAMELA MALVA 
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