quinta-feira, 9 de julho de 2020

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


                                                       O carrossel deu mais uma volta

O carrossel deu mais uma volta, que é como quem diz chegámos a mais uma pausa de Verão nestas crónicas semanais.
Ditava a tradição que se entrava por estes dias na chamada época da parvoíce ou, dizendo “à fina”, na silly season. Mas como dizia o outro a tradição já não é o que era e em tempos de pandemia não teremos na comunicação importantes acontecimentos como o casamento da “TiTi Bába”, as fotografias em biquíni da “Carminho de Vasconcelos” recuperada do parto ou o novo amor do “Chiquinho Venceslau” a passear com o dito cujo num areal quase deserto.
As novas tendências da época que se avizinha serão outras. Teremos estatísticas sobre mortos e contaminados, gente que tinha a certeza absoluta do que se deveria ter feito há três meses, embora há três meses tenham dito outra coisa qualquer ou se tenham remetido ao silêncio.
Teremos expostas fotografias incríveis de Festas do Avante que estavam cuidadosamente guardadas nos discos dos computadores das diversas redacções porque mostravam mares de gente jovem com um ar feliz e isso seria imperdoável de mostrar e divulgar, para nos tentarem convencer que é irresponsável fazer a Festa que poderá dizimar as hostes comunistas e isso, como se sabe, é a última coisa que esta gente quer.
Os analistas habituais vão de férias mas serão substituídos por outros que garantem que as mesmas opiniões se martelem nos ouvidos dos incautos telespectadores que as repetirão no lamaçal das redes sociais como se fossem suas, porque toda a gente tem direito a ter opinião mesmo que a compre num serviço de televisão por cabo.
Vamos ter, à semelhança dos famigerados rankings das escolas, um campeonato autárquico para determinar quem tem mais surtos activos no seu território e quem passa pelos intervalos dos gafanhotos dos cidadãos desmascarados. Os primeiros tentarão aparecer como vitimas e heróis e os segundos como os campeões sanitários (eu disse sanitários, não disse dos sanitários).
Até o presidente da capital do império se irá parecer com o correligionário de Ovar, embora sendo de partidos diferentes (será?).
Claro que pelo meio existirão aqueles que fazem o seu trabalho de forma tranquila e sem o colete da protecção civil e que se recusam a participar nesse campeonato mórbido, mesmo correndo o risco de se dizer que não estão a trabalhar apenas porque não se expõem ao ridículo.
A gravidade da situação não deveria permitir que este ano a época da parvoíce, a “silly season”, acontecesse. Era apenas um interregno e para o ano logo se recuperava a tradição, mas não creio que vá acontecer. Apenas irão mudar os protagonistas e os modelos e a coisa será monotemática.
Regressarei em Setembro, se nada de pior me acontecer, e quem sabe outros assuntos proporcionarão crónicas mais interessantes.
Disse numa das últimas crónicas que apostava em como Benfica ia ser campeão e mantenho a aposta. Se perder vou à Festa do Avante.
Protejam-se, da transmissão do vírus e da idiotice própria da época, porque a coisa não está para brincadeiras.
Boas férias
Eduardo Luciano

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