O carrossel deu
mais uma volta
O carrossel deu mais uma volta, que
é como quem diz chegámos a mais uma pausa de Verão nestas crónicas semanais.
Ditava
a tradição que se entrava por estes dias na chamada época da parvoíce ou,
dizendo “à fina”, na silly season. Mas como dizia o outro a tradição já não é o
que era e em tempos de pandemia não teremos na comunicação importantes
acontecimentos como o casamento da “TiTi Bába”, as fotografias em biquíni da
“Carminho de Vasconcelos” recuperada do parto ou o novo amor do “Chiquinho
Venceslau” a passear com o dito cujo num areal quase deserto.
As
novas tendências da época que se avizinha serão outras. Teremos estatísticas
sobre mortos e contaminados, gente que tinha a certeza absoluta do que se
deveria ter feito há três meses, embora há três meses tenham dito outra coisa
qualquer ou se tenham remetido ao silêncio.
Teremos
expostas fotografias incríveis de Festas do Avante que estavam cuidadosamente
guardadas nos discos dos computadores das diversas redacções porque mostravam
mares de gente jovem com um ar feliz e isso seria imperdoável de mostrar e
divulgar, para nos tentarem convencer que é irresponsável fazer a Festa que
poderá dizimar as hostes comunistas e isso, como se sabe, é a última coisa que
esta gente quer.
Os
analistas habituais vão de férias mas serão substituídos por outros que
garantem que as mesmas opiniões se martelem nos ouvidos dos incautos
telespectadores que as repetirão no lamaçal das redes sociais como se fossem
suas, porque toda a gente tem direito a ter opinião mesmo que a compre num
serviço de televisão por cabo.
Vamos
ter, à semelhança dos famigerados rankings das escolas, um campeonato
autárquico para determinar quem tem mais surtos activos no seu território e
quem passa pelos intervalos dos gafanhotos dos cidadãos desmascarados. Os
primeiros tentarão aparecer como vitimas e heróis e os segundos como os
campeões sanitários (eu disse sanitários, não disse dos sanitários).
Até
o presidente da capital do império se irá parecer com o correligionário de
Ovar, embora sendo de partidos diferentes (será?).
Claro
que pelo meio existirão aqueles que fazem o seu trabalho de forma tranquila e
sem o colete da protecção civil e que se recusam a participar nesse campeonato
mórbido, mesmo correndo o risco de se dizer que não estão a trabalhar apenas
porque não se expõem ao ridículo.
A
gravidade da situação não deveria permitir que este ano a época da parvoíce, a
“silly season”, acontecesse. Era apenas um interregno e para o ano logo se
recuperava a tradição, mas não creio que vá acontecer. Apenas irão mudar os
protagonistas e os modelos e a coisa será monotemática.
Regressarei
em Setembro, se nada de pior me acontecer, e quem sabe outros assuntos
proporcionarão crónicas mais interessantes.
Disse
numa das últimas crónicas que apostava em como Benfica ia ser campeão e
mantenho a aposta. Se perder vou à Festa do Avante.
Protejam-se,
da transmissão do vírus e da idiotice própria da época, porque a coisa não está
para brincadeiras.
Boas
férias
Eduardo Luciano
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