Um
país, um só tom!
O país está cada vez mais domesticado e este estado deve-se
ao trabalho político realizado em Belém e em São Bento, suportado pela
generalidade dos meios de comunicação social e a uma oposição remetida ao quase
silêncio.
A pandemia que nos assola, como nunca outra coisa o conseguira,
permitiu criar as condições políticas ideais para o unanimismo na sociedade
portuguesa. O medo e o pânico são próprios das sociedades menos livres e mais
dependentes da caridade do Estado. Penso que, nem mesmo o Oliveira Salazar,
fora contemplado por circunstâncias análogas. O medo está instalado e, talvez,
tenha vindo para ficar.
Na verdade, o presente quadro sanitário veio revelar o melhor e o
pior da sociedade portuguesa. Por um lado, os portugueses confinaram-se antes
de o Estado, leia-se aqui, o poder político, tê-los obrigado a fazer. Por
outro, a na sua esmagadora maioria, revelou-se reativa e não preventiva, só
debaixo do medo é que toma decisões, de contrário, logo se vê.
Tanto assim é, que as sondagens vindas a público revelam um
unanimismo inusitado para regime dito democrático, como é o caso do nosso.
O partido socialista e o presidente da república granjeiam a
simpatia da larga maioria dos portugueses, numa análise menos fina, estão
satisfeitos com a atuação do poder político no seu conjunto
Tenho para mim, com efeito, que a maioria dos portugueses não vê
quaisquer problemas no serviço nacional de saúde. Não identifica qualquer
problema nas respostas dadas, ou falta delas, pela Segurança Social aos
pequenos e médios empresários, aos trabalhadores independentes e aos
desempregados. Como, também, acha, essa larga maioria, que tudo vai bem nos
sectores da economia, da educação e dos transportes públicos.
Um país acrítico e pouco exigente, torna-se vulnerável face ao
poder político, com tudo o que isto poder significar. Fenómenos de
criminalidade económica e falta de oportunidades para quem não conhece pessoas
com poder, serão realidades incontornáveis. Querem que isto seja assim ,
continuem calados.
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