Cláudia
Sousa Pereira
Expliquem-me a distância, por favor
Mais do que nunca se torna
importante agora que as várias distâncias, relativas como o Tempo, sejam
definidas e explicadas. Mas a explicação que está em falta também é a que se
aplica ao ensino que faço à distância – eu na minha casa, os alunos nas deles –
e que, ao que parece, passou a chamar-se “ensino a distância”.
O que estava errado na expressão
ou no conceito usados por todos até 2020? Digo 2020 porque foi agora que o uso
se generalizou e a estranheza da decisão assume contornos de ridículo, já que é
preciso mais do que só virem dizer que é assim, e pronto. Já não estamos na
época das versões “explicadas ao Povo e às Crianças” do antigamente. Todos os
cidadãos têm direito a explicações completas. O que não tem sido o caso, já que
as duas formas não são nem incompatíveis para significar o mesmo, nem uma está
errada e a outra certa.
Porquê mudar então uma prática
que não estava errada, segundo conceituados dicionários? Os linguistas não
gostam de crases, que é o nome que se dá à soma da proposição com o artigo e
resulta em à, com acento?
Ou “ensinam a distância” como
quem “escreve a caneta vermelha” para corrigir os incultos?
Percebe-se que em 2020 a
distância tem mesmo de se ensinar, por uma questão de saúde. O que o bom senso
e as boas maneiras já o garantiam há muito, mas que, hélas!, não chegava a
todos e era até conscientemente contrariada como uma agenda política ou
interesseira. Mas hoje é manifestamente insuficiente esta imposição, que não
consegue demonstrar o erro, só porque sim.
É, na minha opinião,
politicamente incorrecto insistir no uso de formas de expressão e comunicação
ambíguas. Até porque parece servir apenas para manter uma certo mau uso de
pergaminhos, infelizmente muito em voga em elites de rastos. O que, como dizem
os meus alunos, “é só” ridículo. A mim, nesta, não me apanham.
Até para a semana.
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