RUI MENDES
Parcial
desconfinamento
Estamos na fase de desconfinamento. Ou melhor, em parcial
desconfinamento.
Se a fase do
confinamento foi absolutamente percebível, encerrando os setores não
fundamentais, e mantendo o país a funcionar com as atividades essenciais, já
esta fase de desconfinamento apresenta-se plena de dubiedades.
Porque se permite
concertos, num espaço, por sinal uma praça de touros, em que não se permite
corridas de touros.
Porque se permite
manifestações, em que naturalmente é difícil, senão impossível, manter o
necessário distanciamento social.
Porque se permite
comícios, admitindo-se deslocações de centenas ou milhares de pessoas, ainda
que se tente evitar o agrupamento em escala.
E tudo isto
passa-se onde o ritmo de contágio tem vindo a aumentar e é o mais elevado.
Ao mesmo tempo,
invocando razões de saúde pública, não se permite a atividade de determinados
setores, tais como bares noturnos, touradas ou festivais.
Ainda assim
permite-se a realização de jogos de futebol, mas sem público, sem qualquer
público. Também não se entende.
Por mais
legislação que se publique, orientações que se transmitam, planos ou guias que
se divulguem, há algo a montante de tudo isto que é difícil de perceber.
Das duas uma, ou
o Governo sabe que o vírus se transmite nuns contextos e noutros não, ou existe
uma incoerência no que se autoriza que inicie a atividade, e no que não se
autoriza. Porque não dá para entender que critérios o Governo utiliza, se é que
utiliza alguns.
Que se imponham
limitações de assistências, ou medidas para distanciamentos, ou regras de
circulação, tudo será certamente compreendido. Mas regras que sejam aplicáveis
transversalmente aos diferentes setores.
Qualquer cidadão
tem o direito de saber, e perceber, por que razão pode ser autorizado um
concerto que reúne 2000 pessoas num recinto, e nesse mesmo recinto não pode ser
realizada uma tourada com a mesma limitação de pessoas. É claro que isto é
difícil de justificar, razão pela qual o Governo não deu, até agora, qualquer
justificação. E certamente que não a poderá dar, porque ela simplesmente não
existe.
Teremos de
entender estas “regras” baseadas em razões de índole ideológica. É que não se
vê outra razão plausível.
E o pior é que há
setores que não têm qualquer previsão para poderem “desconfinar”.
Para já o Governo
pretende mantê-los num coma induzido. Mas para muitos está a ser-lhes ditada
uma condenação à morte.
Até para a semana
Sem comentários:
Enviar um comentário