Assinalando os 75 anos do final da mesma, e, tendo em conta
que o mês de maio foi travada a última batalha, com o reconhecimento das tropas
alemãs da sua derrota perante as forças aliadas, assinalamos esse facto
recordando episódios pouco conhecidos que tiveram lugar nessa malfadada época.
EM 1918, UM SOLDADO BRITÂNICO
TEVE A CHANCE DE MATAR ADOLF HITLER
Talvez, se Henry Tandey tivesse
atirado, nunca veríamos a ascensão do terrível ditador nazi
Adolf Hitler
e Henry Tandey - Wikimedia Commons
No dia 28 de setembro de 1918, Henry Tandey, o soldado
britânico mais condecorado da Primeira Guerra Mundial, esteve prestes a matar o
jovem Adolf Hitler. Essa ocasião inusitada, narrada posteriormente pelo próprio
ditador, poderia ter levado a História do século 20 a rumos um pouco
diferentes.
Enquanto estavam combatendo no povoado de Marcoing, no
front francês, os alemães acabaram recuando, pressionados pelo avanço
britânico, Adof Hitler ficou para trás, mancando e
incapaz de se defender. Foi aí que ele se deparou com o soldado Tandey e a sua
arma.
“Por um instante, eles olharam-se. O alemão, que era
cabo, não levantou a arma. Ficou em pé, esperando a morte inevitável. Tandey
levantou o rifle e apontou para matá-lo. Mas baixou a arma. Não podia atirar num homem ferido. O cabo alemão, que tinha 29 anos, moveu a cabeça em sinal de
agradecimento e juntou-se às tropas que batiam em retirada”, afirma o
jornalista Santiago Farrell na sua obra Tudo O Que Você Precisa Saber Sobre a
Primeira Guerra Mundial.
Mais tarde, Hitler afirmou ter descoberto a identidade
de seu salvador numa pintura do artista italiano Fortunino Matania.
"Aquele homem chegou tão perto de me matar que pensei que nunca mais
voltaria a ver a Alemanha, disse ele posteriormente.
"A providência salvou-me de um fogo diabólico e preciso, quando aqueles
meninos ingleses estavam mirando em nós".
Tandey com as suas medalhas / Crédito: Alastair Kennedy-Rose
Entretanto, existem controvérsias sobre essa história.
Segundo o Dr. David Johnson, que escreveu uma biografia sobre Tandey, Hitler
teria inventado essa história para propagar ainda mais seus mitos de vitória e
resistência. "Com a sua autopercepção divina, a história foi acrescentada ao
seu próprio mito - de que ele havia sido poupado de algo maior, de que de
alguma forma foi escolhido", afirma Johnson.
O próprio Tandey, quando discutia esse evento, tomava
muito cuidado com as suas palavras. Embora reconhecesse ter poupado a vida de
muitos inimigos, não se lembrava das feições de Hitler.
Entretanto, a questão que fica é: se o futuro Fuhrer
tivesse morrido, a história do século 20 seria tão diferente assim? Enquanto
uns, como o advogado de Hitler, Hans Frank, afirmaram que sem ele a Segunda Guerra nem sequer teria existido,
outros relativizam o mito de que a história é feita por personagens. Os
acontecimentos históricos, na verdade, ocorreriam dentro de um tempo específico
que é transformado pelas pessoas, mas que também as transforma.
Então, é muito provável que, caso Hitler tivesse
morrido em campo, outro soldado alemão frustrado se teria tornado um terrível
ditador – e arrastado multidões com ele.
JOSEANE PEREIRA
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