Rui Mendes
No passado fim de semana o jornal El País fez uma análise sobre
como evoluiu a covid-19 em Espanha e Portugal.
Quis o El País mostrar como Espanha e Portugal agiram no combate à
doença, explicando as razões por que os dois países apresentam números de
infetados e mortos tão díspares.
A razão que sobressai é o facto de Portugal ter agido por
antecipação, desde logo porque teve o tempo necessário para ver o que ocorria
nos outros países, como também as medidas que cada país foi adotando.
Um dos investigadores citados refere que houve ainda mais três
razões para que as diferenças tenham sido tão significativas:
1) Portugal não possui um sistema de autonomias
regionais, o que facilitou nas tomadas de decisão;
2) O Governo e oposição uniram-se;
3) A população ficou desde cedo consciente do
problema, tendo aceitado e colaborado na execução das medidas tomadas.
Ou seja, Portugal terá tido condições que Espanha não conseguiu
estabelecer.
Espanha e Portugal integram a Península Ibéria, o espaço
geográfico mais extenso da União Europeia, pelo que é natural que os
indicadores de cada um dos países sejam analisados de uma forma mais
particular, sejam os que se referem à educação ou cultura, à agricultura ou
pescas, à saúde ou segurança social, ao ambiente ou território, à economia ou
trabalho, ou a qualquer outra área.
No que se refere à doença que se tornou numa pandemia a
comparabilidade dos números entre os países que integram a Península Ibéria
terá que ser entendida da mesma forma, com a naturalidade com que se analisam
todos os restantes outros indicadores.
Talvez porque existem diferenças significativas dos números de
infetados e mortos entre os registados em Espanha e Portugal, sendo muito mais
favoráveis os registados em Portugal, que todos parecem jubilar de
contentamento.
Mas, fixemos o que refere o El País:
“Apesar de Portugal apresentar números melhores que os espanhóis
em termos de casos de infeção e de mortes por 100 mil habitantes, também não é
um exemplo perfeito … Portugal ocupa o 9º lugar em mortes por um milhão de
habitantes entre os 27 países da União Europeia, sendo o 6º em número de
contágios”.
Digamos que, qualquer delas, são posições que nada nos dignificam.
Integramos os grupos dos piores.
Não deixam de se refletir aqui os efeitos dos cortes e cativações
aplicados pelas Finanças nos últimos anos no orçamento do Ministério da Saúde.
As várias despesas assumidas em “período de pandemia” não conseguiram apagar
esses efeitos.
Mas quem houve os nossos governantes nem imagina que ocupamos tais
posições, porque o que nos é transmitido pela máquina de propaganda do governo
é que somos o exemplo.
Já nada devemos estranhar. É tudo uma gabarolice, ao ponto de o
presidente do Eurogrupo elogiar o trabalho do ministro das Finanças de
Portugal, não fossem ambos a mesma pessoa. O mesmo que agora parece ser o
ministro a prazo.
Enfim, é o que temos.
Até para a semana
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