Rui
Mendes
Primeiro de Maio
Hoje é dia 1 de maio, dia em que se celebra o dia do trabalho,
mais conhecido por dia do trabalhador.
Este dia terá particular relevância este ano porque sabemos as
preocupações que atormentam milhares e milhares de trabalhadores, que temem
pela perda do seu posto de trabalho em resultado da crise imposta pela
covid-19.
Todos teremos de ter bem presente este drama. Mais de um milhão de
trabalhadores encontra-se em lay-off, sendo remunerados apenas em
2/3 do seu salário, outros ainda em condições bem mais penalizantes.
Hoje faria sentido aqui abordarmos matérias centrais nas relações
laborais entre empregador e empregado, tais como remunerações, tempos das
jornadas de trabalho, conciliação do trabalho com a família, segurança, saúde e
higiene no trabalho, formação profissional, ou tantas outras matérias que
integram as relações laborais. Mas não. A situação que vivemos impõe outra
abordagem.
Esta crise veio pôr a descoberto as dificuldades do país, e de uma
parte substancial o setor empresarial português.
Um país em que o tecido empresarial é composto, quase na sua
totalidade, por pequenas e médias empresas.
Um país em que as empresas estão descapitalizadas.
Um país em que a carga fiscal sobre as empresas é enorme, onde não
existe estabilidade fiscal, permitindo-se o Estado alterar as regras fiscais
com uma frequência injustificável.
Um país em que os empresários têm mostrado uma enorme resiliência,
conseguindo reinventar-se, tendo sido verdadeiros salvadores do país ao terem
conseguido ganhar quotas de mercado, conquistar novos mercados e,
consequentemente, aumentar exportações, ao ponto de se ter conseguido atingir
uma balança comercial positiva.
Um setor empresarial que consegue resultados porque tem uma força
de trabalho que corresponde.
É este país que agora pede, e bem, que os seus empresários façam
um esforço no sentido de manterem os postos de trabalho.
Este Estado sabe exigir, ora também tem de saber cumprir.
Cumprir o seu papel de assegurar os compromissos que assumiu,
dentro dos prazos que ele próprio estabeleceu. Não têm justificação os atrasos
nos pagamentos às empresas. O Estado falhou. Mais uma vez falhou.
Muitas empresas não terão liquidez para pagar aos seus
trabalhadores sem que o Estado assuma a sua parte. Muitas são empresas que se
encontram sem qualquer atividade, logo sem receitas. O Governo deve ter bem
presente esta limitação das empresas.
A economia precisa de liquidez, doutra forma os efeitos serão
ainda mais sentidos, especialmente no que diz respeito à preservação do
emprego.
É fundamental dar vida às empresas, capacidade e robustez
financeira, condições necessárias para que as empresas possam oferecer uma
justa contrapartida pela prestação laboral, doutra forma elas não terão
capacidade para poder dar esse reconhecimento.
Sabemos que o momento que se vive é difícil, mas estamos certos de
que o real impacto desta crise ainda não chegou à nossa sociedade.
Como sabemos que as empresas saberão reinventar-se quando
necessário, e irão mostrar novamente uma resiliência que nos permitirá ultrapassar
esta crise.
Fiquem bem, fiquem em casa
Até para a semana
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