Devido aos péssimos hábitos alimentares e a falta de banho, o Rei Sol adquiriu uma estranha doença entre as nádegas
Retrato de Luis XIV - Getty Images
O Rei Sol, mais conhecido como Luís XIV, governou a França entre 1643 e
1715. Durante o dia a dia, o soberano tinha hábitos incomuns e nada higiênicos,
que o levaram a ter uma infecção em uma região improvável, mudando a história da medicina.
Em fevereiro de 1686, enquanto cavalgava, Luís XIV sentiu um desconforto em
suas nádegas, que nunca tinha sentido antes. Seus péssimos hábitos alimentares
— o rei era um glutão — e sua falta de banho, o levaram a ter uma fístula anal,
ou seja, infecção no ânus.
Além de possuir um cheiro desagradável, a cama de Luís XIV era repleta de
pulgas, o que facilitou para a proliferação de doenças em sua pele. Por um
determinado tempo, os médicos reais conseguiram conter os sangramentos e o pus
no ânus do rei, mas quando perceberam que a saúde do monarca só piorava,
chamaram Félix, o primeiro-cirurgião da corte.
Crédito: Getty Images
Segundo a obra 30 Histórias Insólitas que Fizeram a Medicina, do cirurgião
e professor da Universidade de Paris-Descartes, Jean-Noël Fabiani, no século 17
cirurgiões não eram bem vistos entre os médicos. De acordo com o autor, Félix
aceitou curar Luís XIV, mas antes, treinou em pacientes de hospícios e
militares que sofriam do mesmo problema.
“O mundo acredita que o Rei Sol está morrendo, pois sofre de um mal dos
fundilhos. Os médicos, impotentes para curá-lo, são obrigados a dar lugar à
Félix, o barbeiro profissional”, escreveu Jean-Noël Fabiani.
Para esterilizar a ferida, Félix utilizou vinho da Borgonha e em pouco
tempo fez o procedimento. A boa recuperação de Luís XIV garantiu ao cirurgião
uma grande recompensa financeira, terras e espaço na nobreza. Segundo Fabiani,
Félix pediu, ainda, que a profissão de cirurgião fosse regulamentada. No
entanto, para não desagradar os médicos, o Rei Sol decretou que barbeiros que
somente cortassem cabelos não poderiam fazer procedimentos cirúrgicos.
Décadas mais tarde, a profissão foi regularizada e originou a primeira
Academia Real de Cirurgia. Seu fundador, foi Mareschal, o cirurgião de Charité,
que inspirado nos ensinamentos de Félix e instruído pelo colega La Peyronie,
inaugurou o local, em 18 de dezembro de 1731.
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