Profissionais do sexo viviam a
margem da sociedade e eram obrigadas a doar uma parte de seus lucros ao clero
Obra representando a prostituição numa
cidade medieval - Wikimedia Commons
Durante a Idade Média (entre 476 d.C a 1453)
as prostitutas foram duramente
criticadas pela sociedade e passaram a ser consideradas
impuras. Atualmente, a profissão ainda é muito
atrelada à promiscuidade, sendo considerada um grande tabu pela sociedade.
Durante o período medieval e com a expansão da Igreja
Católica a prática passou a ser considerada pecado, para os cristãos. As
profissionais do sexo eram obrigadas a doar uma parte de seus lucros para o
clero, lei que foi instituída pelo papa Clemente II (1046-1047). Ao mesmo
tempo, as prostitutas eram consideradas impuras e pecadoras.
Crédito: Nickolay Stanev e Shtterstock
Na Idade Média os homens não podiam sentir prazeres
sexuais e o sexo com suas esposas era exclusivamente direcionados para a procriação.
Muitos procuravam mulheres que pudessem inverter esse cenário e com isso a
profissão popularizou-se ainda mais,
mesmo sendo imprópria.
Segundo a pesquisa A Aceitação da Prostituta na
Sociedade Medieval Cristã, de Cícera Müller, a sociedade cristã aceitava os
serviços sexuais dessas mulheres, mas não as consideravam integrantes da
comunidade.
“Elas eram temidas, marginalizadas, representadas como
seres cruéis, luxuriosos que povoavam o imaginário da sociedade medieval como
um dos principais instrumentos do diabo para fazer o homem cair em tentação”,
disse a pesquisadora.
Crédito: Divulgação
A igreja condenava-as, mas por muitos anos, o clero
financiou alguns prostibulos. Eles usavam o argumento de que isso iria evitar
que mulheres consideradas respeitáveis fossem vítimas de estupros e assim
continuassem puras.
Em 1254, o rei Luís IX decretou que as prostitutas
deveriam ser expulsas das cidades e aldeias francesas, e ainda tomou todos seus
bens. Dois anos depois, ele delimitou os locais que elas poderiam frequentar, mas
confinando-as em periferias.
O historiador Jacques Rossiaud é especialista no tema.
Ele explica no seu livro “A Prostituição na Idade Média”, que haviam
quatro níveis de prostituição neste período histórico, sendo eles: casas
públicas que eram controladas pelo Estado, os bordéis particulares, os banhos e
as meretrizes autônomas.
Crédito: Divulgação
Aos 17 anos, as prostitutas da França medieval
trabalhavam nas ruas, depois dos 20 anos, vendiam-se em casas de banho e
trabalhavam como camareiras e por volta dos 28 anos, muitas viravam
pensionistas dos bordéis. Conforme fossem envelhecendo, algumas mulheres tornavam-se cafetinas de bordéis, mas ainda
havia poucas que se casavam.
A origem da prática é mais antiga do que se possa
imaginar. Historiadores encontraram vestígios que comprovam que as primeiras
civilizações mesopotâmicas já trocavam sexo por mercadorias ou dinheiro.
Embora seja uma profissão antiga, atualmente carrega
as marcas do preconceito estipulado pela sociedade. A profissão acompanhou as
mudanças sociais e econômicas, mas ainda é considerada tabu.
VICTÓRIA GEARINI
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