1.º de Maio em tom de elogio à classe
trabalhadora dos Políticos
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o Sem dúvidas de que alguma vez venha a ser uma
crónica caça-likes, para usar uma expressão das tão frequentadas redes sociais,
não posso deixar passar a oportunidade do 1.º de Maio para vir defender uma
classe trabalhadora. Depois dos bombeiros em geral, depois dos profissionais de
saúde em geral, se terem transformado em heróis colectivos – porque o ser
humano anda sempre à procura deles – não corro o risco de estar a iniciar onda
semelhante. Nem quero!
Esse tipo de onda também serve para escancarar a passagem a quem
só espera o momento para ser esse herói sem ter sequer levantado o dedo
mindinho para o merecer, a não ser apanhar a outra onda dos que vociferam que
“qualquer coisa é melhor do que isto”. Os EUA e o Brasil podem ser-nos exemplos
muito úteis.
É assim que, neste 1o de Maio, a minha palavra de reconhecimento,
não desfazendo nas outras, vai para a classe política. E a ela pertencem não só
quem ocupa os cargos que gerem colectivos maiores – Governos e Assembleias –
como também todos os que exercem funções de gestão de instituições públicas,
que vivem com o contributo de todos e, como tal, dispostas a servir todos o
melhor possível.
Parece-me que esta é a única classe de gente que trabalha que
nunca merece elogios colectivos. Muito pelo contrário. O que não só, na minha
opinião, é injusto, como é mau ao ponto de também promover a atitude de
mártires. Mesmo que não tenham a sorte, esses “wanna be mártires”, dos outros
trabalhadores pseudo-mártires das outras classes que, a reboque dos mártires
reais, se encostam a eles no momento das vénias.
O meu elogio é, pois, moderado, mesmo que reconheça o quão
imprescindíveis são os Políticos. É afinal um elogio que tem um objectivo muito
claro: que aprendamos, todos, sobretudo os que não se interessam nada por Política
mas que, legitimamente, também não se coíbem de fazer o seu comentário mais ou
menos informado, com um princípio elementar da Política e dos que a exercem com
profissionalismo: em Política não se discutem casos, nem pessoas, discutem-se
princípios e age-se em conformidade. Termino citando um líder de uma oposição
responsável na sessão comemorativa deste 25 de Abril, um Político portanto, ao
criticar posturas anti-democráticas, reveladoras de ingratidão: “o que é
próprio de alguns homens é impróprio ao Homem”, ou melhor, corrijo agora eu, ao
ser humano.
Até para a semana.
Cláudia Sousa Pereira
Universidade de Évora
Departamento de Linguística e Literaturas
CIDEHUS.UÉ - Centro interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades
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