A
Escola de Reguengos de Monsaraz foi a primeira a acolher o novel professor.
Mas, a convite do amigo e colega Manuel Balbino (destacada figura do teatro amador,
e afamado atleta do GUS), veio leccionar para Montemor-o-Novo.
Carlos
Cebola instalou-se na Terra de S. João de Deus, e em 1958 casa com a
montemorense Maria José Vacas Capela. Desse casamento, nasceram dois filhos –
Maria da Glória e António Carlos.
Em
virtude do vencimento de um professor no Ultramar, ser muito superior ao
praticado na Metrópole, em 1965 decidiu concorrer ao quadro de professores do
Ultramar. Colocado em Luanda, dá aulas durante dois anos, no Bairro de S.
Paulo. Posteriormente, ocupou o cargo de Sub-Director do Distrito Escolar de
Luanda.
Na
capital de Angola, não limitou a sua actividade ao sector do ensino. Foi
colaborador do Programa da Noite da Emissora Oficial de Angola, a convite
da saudosa jornalista Alice Cruz.
Trabalhou ainda em outras estações de rádio.
No
período em que esteve em Angola, o professor
escreveu três peças de teatro infantil para a Companhia Teatral de
Angola.
Uma
das peças, intitulada “O Natal do Capuchinho”, foi apresentada simultaneamente
em Luanda e Lisboa. Na capital portuguesa a peça é levada à cena por uma
companhia profissional, e é apresentada no Teatro Monumental pelo empresário
Vasco Morgado.
Na
sequência da Revolução dos Cravos, Carlos Cebola regressou ao Continente em
Dezembro de 1974. Entrou para o Quadro de Adidos, trabalhando primeiro na
Direcção Geral dos Serviços Prisionais, e depois, na Inspecção Geral de
Educação, atingindo o estatuto de Inspector Principal.
Após
a aposentação ocorrida em 1994, regressou a Montemor-o-Novo onde fixou residência.
A
actividade teatral de Carlos Cebola inicia-se em 1951. Juntamente com um colega
de estudos, escreveu uma opereta para a festa de finalistas do Magistério, no
final do curso de 1949/51. Por mera curiosidade, refiro que o “Homem das
Letras”, não escreveu uma única linha - foi apenas o autor da música.
Durante
os anos em que esteve em Reguengos, escreveu dois textos e respectiva música
para peças de Natal.
Em
1956, já na sua terra adoptiva, o colega e amigo Manuel Balbino solicitou-lhe
que escrevesse uma peça de teatro destinada ao Grupo de Amadores Teatrais da
Sociedade Pedrista. Foi assim que surgiu a primeira grande peça do Professor
Cebola: “Três Tardes de Três Outonos”. A peça foi representada na Pedrista, na
Carlista e no Curvo Semedo.
No
ano seguinte, escreveu “A Cigarra e a Formiga” representada com enorme sucesso
na Sociedade Pedrista. Mais tarde, esta peça foi interpretada pelo Grupo de
Teatro da Escola Secundária, encenada por Vítor Guita.
Em
1958, o ilustre dramaturgo escreveu “O Quinto Mandamento”. Com esta peça,
encenada por José Saloio, o Grupo Cénico da Antiga Mocidade de Évora, ganhou
todos os prémios do Concurso de Teatro Amador organizado pelo SNI.
O
Quinto Mandamento só foi representado três anos após ter sido escrito, porque
foi continuamente reprovado pela Censura.
Em
1961 Carlos Tomás Cebola participa no 1.º Concurso de Originais de Teatro para
Televisão com as peças “A Acácia do Quintal”, em um acto, e com “Retrato de
Marcela”, em três actos.
A
primeira foi representada no programa semanal “Pequeno Teatro” da RTP. O texto
desta peça mereceu ainda publicação em separata da revista “HVMANITAS”, da Faculdade de Letras de Coimbra.
Quanto à segunda, ganhou o 2.º prémio, e foi representada na RTP por um elenco
de luxo.
Em
1964, a vida e a obra de S. João de Deus inspirou o escritor, e assim, surgiu a
peça “João Cidade”, com a qual o Grupo de Amadores Teatrais participou no
Concurso de Arte Dramática. A 8 de Março desse ano, no palco da “Pedrista” teve
lugar a estreia com encenação do próprio autor.
Em
1995, por ocasião das Comemorações do V Centenário do Nascimento de S. João de
Deus, a peça viria a ser remodelada. A nova versão, foi representada no Curvo
Semedo pelo Grupo de Teatro da Escola Secundária, dirigido pelo Professor Vítor
Guita.
Em
1999, Carlos Cebola escreveu “Tamar”, que estreia nesse ano com encenação de
Vitor Guita no Theatron.
Em
5 de Abril de 2003, um grupo de antigos alunos do Professor Cebola organizou em
Montemor um almoço convívio e de homenagem ao seu antigo Mestre-escola.
Em
2008, a convite de Vitor Guita, escreve “In(e)vasões”, representada no Cine
Teatro Curvo Semedo pelo Theatron, em Maio de 2009, no 2.º Centenário das
Invasões Francesas, com encenação de Vitor Guita e Maria João Crespo.
Em
2009 escreve a peça “Frei Adão”, ainda não representada.
No
dia 9 de Julho de 2011, no decorrer da Sessão Solene do seu 44.º aniversário, o
Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo prestou homenagem ao Professor Carlos
Cebola e ao Coral de S. Domingos, pela importância do trabalho realizado por
ambos, em prol das artes literárias e do canto, respectivamente.
Em
2014, quando da comemoração do centenário do GUS, o Professor Cebola escreveu a
letra do Hino do União, a qual foi musicada por Nelson Jesus. O hino foi interpretado
no Espectáculo de Encerramento do Centenário do GUS no Cine Teatro Curvo Semedo
em 21 de Fevereiro de 2015 pela Banda da Carlista, pelo Coral de S. Domingos e
pelo Grupo Coral Forad d' Oras.
Em
Janeiro de 2016 quando da realização do XVI Fórum de Teatro que se realizou em
Montemor-o-Novo, foi prestada uma justa homenagem ao dramaturgo Carlos Cebola.
Além
de teatro, o escritor escreveu poesia, e colaborou com os jornais locais, “O
Montemorense” e a “Folha de Montemor”, e ainda, com o Jornal de Nisa.
Publicou
três livros: “Nisa – a outra história”, “Nisa escreve-se com S”, e “Em
Montemor, o Maior…”
Guardo
com orgulho, a dedicatória que o Professor me dedicou neste seu livro, e que a
seguir transcrevo:
Para
o amigo Augusto Mesquita com a boa lembrança dos tempos em que ambos andámos
nas lides do “Teatro de Amadores”. Bons tempos professor.
No
dia 4 do corrente mês de Fevereiro, o Professor Carlos Cebola deixou-nos.
“A
Folha” e o “Al Tejo”, apresentam a sua esposa, filhos, netos, e demais familiares,
sentidas condolências.
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