RUI MENDES
Covid-19 – Impedir
o contágio e agir em tempo
Entrámos em estado de emergência. A
opinião pública terá exigido esta medida.
Crê-se
que o Presidente da República pretendeu, ao declarar o estado de emergência,
dar armas ao Governo para atacar, sem tréguas, o combate ao covid-19,
permitindo que o Governo tenha condições para limitar direitos.
Com
a entrada do vírus o país foi parando. Com os números a crescer a preocupação
dos portugueses vai aumentando. Compreensível.
Mas
o que nos leva a tamanha preocupação? O contágio e o tempo. Será aqui que se
focaliza o problema na sua fase inicial.
Contágio
porque é fundamental evitar contágios. E estes evitam-se conhecendo as cadeias
de contágio, e reduzindo contatos, reduzindo contatos e reduzindo contatos.
Tempo
porque as medidas têm de ser tomadas no devido tempo. Por cada dia que se adia
uma qualquer medida geram-se novos contágios que, por sua vez, irão estabelecer
outras transmissões do vírus.
Para
os que não perceberam o que estava em causa, definindo medidas que não evitavam
o contágio da doença, devemos dizer que não foram agentes de saúde pública.
Para
os que não mediram que o tempo da tomada da medida era a chave para evitar
maior propagação da doença, não tiveram a visão que se lhes exigia.
Para
aqueles que persistem em não tomar medidas que protejam os seus trabalhadores,
não aplicando sequer as orientações emanadas pelos poderes públicos, pondo em
causa o esforço da comunidade no combate à doença, diremos que são uns
irresponsáveis.
Mas
teremos, também, que enaltecer a atitude responsável de uma larga maioria de
empresas e associações que pura e simplesmente, com custos, optaram por
encerrar as suas organizações de forma a não porem em causa a saúde dos seus
trabalhadores, defendendo a saúde pública.
Já
percebemos que o país não tinha nenhum plano de ação para enfrentar esta
doença.
Já
percebemos que as medidas foram surgindo de forma desgarrada pelas diferentes
áreas governativas, e que muitas dessas medidas ainda não chegou de forma clara
às pessoas.
Já
percebemos que muito do que se está agora a ser feito já devia ter sido feito
há algum tempo.
Não
será admissível a carência de meios de proteção individual aos profissionais de
saúde e a tantos outros que têm de lidar diretamente com pessoas infetadas.
Não
é admissível agora haver a preocupação na aquisição de equipamentos de
ventilação. Isso já devia ter sido acautelado há muito.
Não
é durante a batalha que se compram armas e munições.
As
fronteiras encerraram tarde, e não foi por falta de alertas.
O
controlo nos aeroportos foi inexistente.
Enfim,
houve uma avaliação pouco cuidada deste problema.
Salva-se
a alta qualidade dos profissionais que temos. Os profissionais de saúde, a que
todos ficaremos em dívida, e a todos os que, nesta fase, têm de assegurar o
funcionamento do que é essencial.
Para
enfrentar este problema mais vale medidas por excesso.
Até
porque Portugal tinha o exemplo do que aconteceu anteriormente em vários outros
países, pelo que, por maioria de razão, devia ter preparado a chegada do vírus
ao país. E o Governo sabia da sua chegada. Otimismos aqui nada valem, pelo
contrário.
Claro
que o país não poderá parar. Não poderão parar os serviços essenciais e os
estratégicos. Terá de se assegurar que Portugal terá saúde e que, depois, terá
vida.
Até
para a semana
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