quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

HISTÓRIAS DA IDADE MÉDIA

Um ardil de Filipe Augusto
Um bailio de Filipe Augusto, Rei de França, cobiçava a terra deixada por um cavaleiro morto.
Uma noite, em presença de dois carregadores que ele tinha pago, fez com que o morto fosse desenterrado, perguntou se queria vender sua terra e propôs-lhe um preço.
Naturalmente, o defunto nem se mexeu.
Quem cala, consente. Em seguida, algumas moedas foram postas em suas mãos, e o defunto recolocado em seu caixão.
Com grande espanto, a viúva viu seus domínios usurpados e se dirigiu ao rei.
Convocado, o bailio compareceu ladeado por suas duas testemunhas, que atestavam a realidade da venda.
Filipe Augusto percebeu que era trapaça. Levou para um canto um dos carregadores e lhe disse em voz baixa:
— Recita-me no ouvido o Pai-nosso.
Concluída a oração, o rei exclamou em alta voz:
— Muito bem!
O segundo carregador foi também convocado.
O bailio, então, ficou convencido de que seus companheiros denunciaram a tramóia, apressou-se a dizer o que sabia.
O bailio foi condenado.
(Funck-Brentano, “Ce qu’était un Roi de France")



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