JOSÉ POLICARPO
Um futuro cada vez mais rosa
O governo fez constar que
haverá apoios financeiros para quem decidir ir viver no interior, para pessoas
e para empresas. Posso estar enganado, espero bem que sim, porém parece-me mais
uma medida de carácter populista do que eficaz na prossecução do combate ao
envelhecimento dramático da população residente no interior do nosso país.
No caso do concelho de Évora, aquele que melhor conheço, segundo
os dados da “Pordata”, entre 2011 e 2018 houve uma perda de população no número
de quatro mil habitantes. De, aproximadamente, cinquenta e seis mil habitantes,
passámos para cinquenta e dois mil habitantes. No distrito de Évora a
dramaticidade da questão é mais bem acentuada.
Na verdade, o problema do envelhecimento da população do país já
vem de longe e, em especial, a do interior. A litoralização do país resulta
porque a oferta de emprego é muito maior no litoral do que no resto do país. E,
esta realidade existe, porque a centralidade do país está em Lisboa e nalguma
medida na cidade do Porto. O resto do país é de facto paisagem, naquilo do que
negativo a afirmação significa.
Por isso, a inversão desta realidade, na minha modesta opinião,
acima de tudo, terá de passar pela alteração do sistema político. E isto
significa que, a representatividade dos distritos do interior não deverá estar
só afeta ao pressuposto demográfico. No caso dos distritos que compreendem o
Alentejo, só elegem oito deputados à assembleia da república dos duzentos e
trinta que ali têm assento, quando em termos geográficos, representa quase 1/3
do total da área geográfica do país.
Ora, só com poder de reivindicação política é que teremos um país
mais coeso e menos assimétrico. E para isso, a representação na assembleia da
república não poderá ser a que temos em termos quantitativos. Porque, então,
continuaremos a ter menos investimentos e, consequentemente, menos riqueza e menos
empregos. E, naturalmente, menos pessoas. Eu não quero um território cada vez
mais rosa…
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