segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

UM COMENTÁRIO PARA REFLECTIR.

Comentário recebido há tempos, guardado, e agora publicado em primeira página. Pena o mesmo ser recebido a coberto do anonimato.

            Tudo ao abandono e por fazer, nunca o Alandroal teve assim.
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Num sistema que inevitavelmente tem de ajustar as suas possibilidades financeiras ao serviço das maiorias e das necessidades urgentes nascem as injustiças para com as minorias e as necessidades não prioritárias. Assim, um cidadão que viva num local isolado, fora dos núcleos urbanos ou das aldeias, embora pague os seus impostos como os restantes, ficará quase automaticamente condenado a usufruir de menos regalias/direitos que os seus conterrâneos. É uma situação tão comum que por vezes já nem reparamos, mas ela cerca-nos por todos os lados… fora dos centros populacionais não há quase nada, principalmente se nos estendermos pelas enormes freguesias do Concelho do Alandroal.
O caso destes cidadãos fez-me lembrar um outro que o meu pai contava, da sua experiência enquanto vereador da Câmara do Alandroal… Algures pelos anos 70 do século passado, quando a falta de eletricidade era ainda um sério problema no concelho, surgiu a oportunidade de eletrificar uma zona que se dividia em dois montes distintos. Não sendo possível levar a luz elétrica aos dois locais, entendeu a autarquia que o mais correto seria estender os cabos ao monte onde moravam mais pessoas. Uma decisão que levou os moradores do outro monte à revolta. Um deles, amigo do meu pai, esteve até vários anos sem lhe falar…
O acesso às infraestruturas básicas por parte dos cidadãos que habitam fora dos núcleos populacionais principais ou em áreas isoladas, é um desafio para autarquias e demais entidades. Por um lado, sabe-se que o dinheiro é escasso e tem de ser aplicado na resolução de problemas que afetem o maior número de pessoas ou que sejam de maior gravidade. Por outro lado, insiste-se na necessidade premente de dar condições ao interior para combater a desertificação e evitar a fuga completa da população para o litoral do país.
Mas sem estradas alcatroadas, sem redes de água e de saneamento, sem rede móvel, sem sinal de televisão, sem internet, como podem os habitantes permanecer? Há quem diga que esse é o preço para uma vida “de qualidade” no campo… Quem assim fala, certamente só conhece a “qualidade” dessa vida através das revistas que falam nos movimentos dos “novos rurais”, ou de esporádicas visitas ao campo… O idealismo desta vida no campo choca com a realidade que muitas pessoas enfrentam.
O mais certo é que alguns dos cidadãos que se manifestaram nunca venha a dispor de uma estrada alcatroada, malgrado a apregoada política de desenvolvimento do interior. No contexto geral do país e do concelho haverá sempre outras prioridades, o que é inteiramente justo. E ao mesmo tempo completamente injusto.
Curioso que passei à poucos dias na dita estrada para visitar um amigo que por ali vive, e lá estava uma placa de uma qualquer imobiliária a dizer “ vende-se “.
É na verdade este recado para quem couber a carapuça, e tiver a capacidade de o entender.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tive a ocasião de ler este comentário e até dei os parabéns a quem o escreveu, pena que o Francisco não o tens colocado na integra, é que se assim nem se entende o fio à meada.
para quem não leu, o comentário tem a ver com a estrada de campo de tiro de SANTIAGO.

Carlos Alberto

Anónimo disse...

Se o comentário que o Francisco publicou está relacionado com a estrada do campo de tiro, não vale a pena escreverem e dar opiniões que ganham as mesmas.
Quem pode manda e quem pode simplesmente não quer fazer.

Olho vivo