Morar no Alentejo é para mim um motivo de grande
orgulho. Ter sido aqui nascido e criado é uma grande responsabilidade. Porém,
constato que estar na província, distante dos grandes centros de decisão, tem
implicações diretas na forma como encaro a realidade. A minha visão assenta num
mundo bucólico, influenciado pela atmosfera e pela beleza da planície, em que
todos promovem determinados valores, nomeadamente a honestidade e a ética. Bem
sei que é uma postura demasiado romântica e completamente desfasada dos dias
que correm…
Concentrado
no trabalho e nos afazeres diários, muitas vezes fico indiferente aos rumores e
boatos distantes, sobre aquilo que realmente acontece, longe daqui. E talvez
devesse ficar mais atento.
De
modo ingénuo e naïf, reconheço que, afastado do bulício da corte em Lisboa,
apenas vou percecionando aqui, aos poucos, neste maravilhoso lugar, tudo o que
realmente se passa e que vai parecendo tão distante e estranho. Poderão dizer
alguns que as redes sociais e os media atenuam de certo modo as diferenças, que
para mim são evidentes.
Para mim, a verdade é esta:
Há um universo subterrâneo e viciado, na capital do Reino, em que tudo é comentado em sussurro, sobre o que realmente vai tendo lugar, nomeadamente decisões e pactos de silêncio aparentemente ocultos…
E esse fenómeno vai originando, infelizmente, consequências nefastas também para nós, que vivemos no campo, mas que não somos ignorantes, pacóvios e muito menos, portugueses de segunda linha. Todos iremos pagar a fatura.
Nesse peculiar lugar, cabem todos acordos secretos e todas as negociatas entre bancos, políticos e alguns escritórios de advogados. Tudo parece normal e aceitável. Tudo se decide nos bastidores, com a conivência de muita gente importante, que devia regular e inspecionar as movimentações suspeitas.
Afinal, os escândalos recentes no tenebroso mundo das finanças, das offshore e dos negócios, só vêm confirmar a minha opinião: em Lisboa sabe-se tudo. Em Lisboa, sabia-se de tudo, há muito tempo. Sobre todos os casos.
Aqui, as informações vão chegando a conta-gotas, quase em segredo, para não ofender as sensibilidades alheias, dos que ainda pensam em nós como se fossemos iletrados.
Estamos longe de muita coisa…
Nestes dias, andam os comentadores habituais, dependentes das estações de televisão para darem nas vistas, muito atarefados com o caso Isabel dos Santos. Para a grande maioria e salvo raras e honrosas e exceções, tudo constitui uma surpresa. Mas sabemos que é tudo bluff. Quantos deles não estendiam a passadeira vermelha, não há muito tempo atrás, para que a Princesa passasse?
Desde sempre teceram loas à empresária angolana, como grande referência empresarial desse país irmão. Era ver políticos da nossa praça, fazendo vénias e participando em muitos rituais, através de laivos de subserviência amoral, com o objetivo de ganharem alguma benesse. Organizavam receções com pompa e circunstância. Agora que a bomba estourou, sacodem a água do capote.
Parece-me uma grande hipocrisia a tentativa de crucificarem a Princesa de África, na medida em que muitos foram cúmplices dessa influência que a mesma exerceu na sociedade portuguesa nas últimas décadas. Porém, irão sempre dizer, em sua defesa, que isso ocorreu em nome do interesse nacional. Nada mais do que uma desculpa esfarrapada…
E agora, o que irá acontecer depois da lavagem de roupa suja dos próximos meses?Alguns ficarão muito tristes e desiludidos com estas situações, em que uns vivem à grande, de forma aparentemente ilícita e outros acabam os dias na miséria. Vamos de modo frenético para as redes sociais exigir respostas. Mas já tivemos outros casos, que a justiça, lenta e burocrática, ainda não conseguiu resolver. E ficamos acomodados com a espuma dos dias, até que venha outro Berardo ou outro Espírito Santo, para que mostremos mais uma vez a nossa parca indignação, que não resolve nenhum destes problemas, nem acrescenta nenhum sinal de esperança aos que vivem na miséria.
Ficará tudo na mesma…
Para mim, a verdade é esta:
Há um universo subterrâneo e viciado, na capital do Reino, em que tudo é comentado em sussurro, sobre o que realmente vai tendo lugar, nomeadamente decisões e pactos de silêncio aparentemente ocultos…
E esse fenómeno vai originando, infelizmente, consequências nefastas também para nós, que vivemos no campo, mas que não somos ignorantes, pacóvios e muito menos, portugueses de segunda linha. Todos iremos pagar a fatura.
Nesse peculiar lugar, cabem todos acordos secretos e todas as negociatas entre bancos, políticos e alguns escritórios de advogados. Tudo parece normal e aceitável. Tudo se decide nos bastidores, com a conivência de muita gente importante, que devia regular e inspecionar as movimentações suspeitas.
Afinal, os escândalos recentes no tenebroso mundo das finanças, das offshore e dos negócios, só vêm confirmar a minha opinião: em Lisboa sabe-se tudo. Em Lisboa, sabia-se de tudo, há muito tempo. Sobre todos os casos.
Aqui, as informações vão chegando a conta-gotas, quase em segredo, para não ofender as sensibilidades alheias, dos que ainda pensam em nós como se fossemos iletrados.
Estamos longe de muita coisa…
Nestes dias, andam os comentadores habituais, dependentes das estações de televisão para darem nas vistas, muito atarefados com o caso Isabel dos Santos. Para a grande maioria e salvo raras e honrosas e exceções, tudo constitui uma surpresa. Mas sabemos que é tudo bluff. Quantos deles não estendiam a passadeira vermelha, não há muito tempo atrás, para que a Princesa passasse?
Desde sempre teceram loas à empresária angolana, como grande referência empresarial desse país irmão. Era ver políticos da nossa praça, fazendo vénias e participando em muitos rituais, através de laivos de subserviência amoral, com o objetivo de ganharem alguma benesse. Organizavam receções com pompa e circunstância. Agora que a bomba estourou, sacodem a água do capote.
Parece-me uma grande hipocrisia a tentativa de crucificarem a Princesa de África, na medida em que muitos foram cúmplices dessa influência que a mesma exerceu na sociedade portuguesa nas últimas décadas. Porém, irão sempre dizer, em sua defesa, que isso ocorreu em nome do interesse nacional. Nada mais do que uma desculpa esfarrapada…
E agora, o que irá acontecer depois da lavagem de roupa suja dos próximos meses?Alguns ficarão muito tristes e desiludidos com estas situações, em que uns vivem à grande, de forma aparentemente ilícita e outros acabam os dias na miséria. Vamos de modo frenético para as redes sociais exigir respostas. Mas já tivemos outros casos, que a justiça, lenta e burocrática, ainda não conseguiu resolver. E ficamos acomodados com a espuma dos dias, até que venha outro Berardo ou outro Espírito Santo, para que mostremos mais uma vez a nossa parca indignação, que não resolve nenhum destes problemas, nem acrescenta nenhum sinal de esperança aos que vivem na miséria.
Ficará tudo na mesma…
Tiago
Salgueiro
1 comentário:
OBS.
Eis um excelente "ponto da situação" sobre o modo como a Sociedade
portuguesa anda a ser sucessivamente capturada pela corrupçao e outros
males internos e externos que também não são menores...
O sistema pode, no entanto, não aguentar. E diria que de certeza não
vai aguentar-se se continuarem a ver-nos como simples pacóvios de um
feira de vaidades que continua demasiado impune.
Aos diversos níveis (politicos,económicos, sociais) estamos reféns de
elites que não prestam e de meros negociante sem escrúpulos.
Vidé, por exemplo, o que sucede com as eleições partidárias locais
onde quem as vence, normalmente, já o fez as vezes que quis. E assim
irá continuar a acontecer.Para fraqueza da Democracia.
Fiquemos,hoje, por aqui não sem antes lembrar que o Infante D.Pedro
( irmão do Infante D.Henrique ) logo por volta de 1426 escreveu uma
famosa Carta de Bruges apontando-nos vários problemas...
Citamos dois: 1) os excessos de corrupção na Corte de Lisboa, 2) a
excessiva carga de impostos que pesava naquela altura sobre o Povo.
Dito isto, resta por agora dizer que o Al tejo subiu ao seu nível
na publicação deste texto de T. Salgueiro esperando ainda que esteja
atento ao que possa passar-se em matéria de eleições locais e
concelhias desta semana no Partido que é o poder politico actual.
Será bom. E será no mínimo higiênico para não termos tanta porcaria.
Saudações Democráticas
Antonio Neves Berbem
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