terça-feira, 21 de janeiro de 2020

MEMÓRIAS DE INFÂNCIA

Comemorou-se ontem o dia de S. Sebastião e a tal propósito ocorreu-me à lembrança tal Igreja, (segundo consulta levada a cabo construída no século XV, e reconstruída depois do terramoto de 1755)  assim como o local onde a mesma se situa e onde passei muitos anos da minha meninice, pois ali no Largo Major Roçadas moravam os meus avós maternos.
E não deixei de associar o nome de S. Sebastião ao Entrudo (período que antecede o Carnaval).
Na verdade nos anos 50 e 60, uma única Missa era rezada naquela Ermida. Precisamente no dia consagrado ao Santo Mártir. Ao contrário do que sucedia com outros Santos que davam nome a outras Igrejas, S. Pedro, Santo António, S. Bento que tinham as suas Procissões, nunca me recordo de S. Sebastião sair em Procissão.
No entanto recordo perfeitamente o motivo pelo qual era “obrigatório” assistir à Missa nesse dia.
 Era aí que era concedida a licença para se poder brincar ao Carnaval. Claro que não havia qualquer licença física para tal concessão, no entanto, os Educadores aconselhavam o ir à Missa para que se pudesse livremente começar a brincar ao Carnaval.
 A partir daí começavam as brincadeiras Carnavalescas, com dois acontecimentos de relevo: quinta-feira das comadres e quinta-feira dos compadres, e os bolsos da rapaziada enchiam-se de «estalinhos» do chão e da parede, bichas de rabiar, garrafinhas de mau cheiro, farinha ou farelos para «enfarinhar».
A «bisnaga» era objecto que se tornava obrigatório a partir dessa altura, para quando alguma rapariga mais desprevenida passava ser devidamente molhada.
 As «cacádas» tornavam-se frequentes e obrigavam a ter os postigos fechados para desespero de muitos que disfrutavam do lume de chão, e com os postigos aferrolhados por vezes tornavam as chaminés fumosas e obrigavam à deita mais cedo.
Brincadeiras inocentes, mas que por vezes traziam consequências desastrosas, como brevemente lhes contarei.
Chico Manel

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