RUI MENDES
O que esperar de
2020
O que esperar de 2020?
Será
o ano do Brexit, com todo o impacto que isso terá na UE e, também, em Portugal.
A UE perderá uma voz importante, um membro que é seu contribuinte líquido,
perderá território e pessoas.
Será
um ano em que os nossos vizinhos espanhóis viverão numa aparente estabilidade
política. O novo governo de Espanha é apoiado por uma mega geringonça, mas por
uma curtíssima margem de deputados, apenas 2. Naturalmente terão que ser pagas
as faturas destes apoios. Ainda assim, será um governo frágil, porque está
assente em alicerces frágeis.
Um
governo frágil não tem força para implementar medidas difíceis, e o adiar de
decisões só agrava os problemas. É neste contexto que estão os governos dos
países da península ibérica.
Será
um ano em que as zonas em conflito manterão essas disputas. Seja na Venezuela,
na Síria, na Líbia, no Iémen, ou em tantos outros pontos no mundo.
Será
um ano em que a marterizada região do Médio Oriente viverá momentos difíceis,
quer por fruto das difíceis relações de vizinhança entre os países, quer por
posicionamentos políticos, quer pela recente escalada de tensão entre EUA e
Irão.
Ainda
que possa haver algum arrefecimento o clima de tensão tenderá a manter-se no
tempo.
Será
um ano em que a gigantesca dimensão dos fogos na Austrália fará com que as
pessoas ainda se preocupem mais com os efeitos do aumento da temperatura no
globo. Na Austrália serão os fogos, noutros locais serão outras catástrofes
naturais. Ou seja, sabemos as causas e conhecemos as consequências. O mundo tem
que saber fazer melhor para combater este problema.
Internamente
também não será um ano de tranquilidade.
O
Orçamento de Estado é bem a imagem da situação politica que se vive no país.
O
PS, para já, mete toda a “oposição” à sua esquerda no bolso, e obriga-os a
aprovar o Orçamento de Estado para 2020, ainda que a aprovação possa acontecer
por via da abstenção. Um OE que poderá ter o apoio de um segmento do PSD, o que
também mostra o momento que o PSD vive.
Toda
a oposição à direita do PS, talvez excluindo a presença parlamentar
PSD/Madeira, votará contra.
Será
o ano em que PSD e CDS terão que se reorganizar.
O
PSD escolherá o próximo líder, por eleições directas, no próximo dia 11.
O
CDS elegerá o novo líder, em congresso, a 26 deste mês.
É
suposto esperar que as próximas lideranças que a direita terá passem a exercer
a sua função de oposição a este governo, algo que não tem acontecido, ou quando
aconteceu foi de uma forma muito soft.
Precisamente
por ausência de oposição é que é possível serem proferidas declarações como a
que foi dita por Augusto Santos Silva, que referiu recentemente que um dos
principais problemas das empresas portuguesas é “a fraquíssima qualidade da sua
gestão”.
Esqueceu-se
certamente que foi o setor privado que contribuiu fortemente para retirar
Portugal da falência, situação que aconteceu por acção de um Governo a que
pertenceu.
Esqueceu-se
seguramente que foi o setor privado que contribuiu para que a balança comercial
do país tivesse apresentado saldo positivo.
Esqueceu-se
decerto que foi o sector privado que fez com que a taxa de desemprego esteja
hoje abaixo dos 7%.
A
oposição faz parte de uma democracia, e é nesse contexto que ela deve ser
entendida. Com firmeza, controlando a acção governativa e fazendo propostas.
Problemas não faltam: banca, saúde, segurança, assimetrias regionais,
desigualdades, demografia, ambiente, etc.
Esperemos
pois que em 2020 a oposição esteja presente e firme na defesa dos seus valores
e em desmascarar as politicas do nada.
Portugal
só ganhará em ter uma oposição forte.
Até
para a semana
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