JOSÉ POLICARPO
A
regionalização, um fim ou um meio?
A regionalização administrativa
regressou mais uma vez à discussão pública, de forma menos clara ou mais
aberta, ela aí está. Como alentejano residente é de facto uma matéria que não
me deixa indiferente. Mas, em primeiro lugar, devo referir que votei contra a
regionalização quando esta matéria fora levada a referendo nacional.
É
inequívoco que o Alentejo há muito que sofre do fator envelhecimento motivado
pela perda de população. As gerações mais novas migraram à procura de melhor
qualidade de vida, sobretudo para a área metropolitana de Lisboa. E, uns
quantos, porventura muitos, para fora do país.
Há
neste êxodo algumas explicações e, há uma que me parece consensual, que reside
na diminuição da oferta do emprego qualificado no Alentejo, sobretudo no
interior alentejano. Muitos jovens licenciados só encontram procura para as
suas competências profissionais, nos grandes centros urbanos e isso leva-os a
orientar as suas vidas para aí.
Ora,
fica a questão: como é que o país responde a este desequilíbrio? Não me parece
que a regionalização administrativa, por si só, venha a responder a esta
questão.
Uma
coisa tenho para mim como certa: se não houver vontade política de dar vós aos
cidadãos do interior, no caso aos do Alentejo, criando para o efeito uma maior
representatividade no parlamento do que aquela que atualmente existe, oito
deputados, é, manifestamente, insuficiente, até porque ficam sempre dividos por
dois ou por três partidos.
Por
isso, o número de deputados terá que aumentar com base no critério geográfico.
No caso do Alentejo, por exemplo, o seu território constitui quase um terço do
território nacional. Contudo, a Constituição da República portuguesa não prevê
o critério geográfico para a atribuição do número de deputados. O que não está bem
deverá ser alterado.
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