RUI MENDES
O orçamento do nada
Está apresentada a proposta de Orçamento de Estado
para 2020.
O Governo não deixa
passar estes momentos sem o apresentar com o acompanhamento de show. É a
maneira que arranja para vender um fraco produto.
Elogios só foram
ouvidos da parte dos socialistas.
Todos os outros
limitaram-se a criticar ou a levantar questões sobre o documento.
Em especial este OE
não apoia a economia, desvaloriza os salários, aumenta a carga fiscal.
Haverá desvalorização
dos salários e pensões. Nos salários da AP o aumento é insignificante. Só serve
de argumento para se dizer que se aumentaram os salários. Diga o que disser o
primeiro-ministro ou o ministro das finanças, 0,3% não serão suficientes para
compensar a perda de poder de compra que resulta da inflação prevista para
2020, pelo que reduz nos salários. Tudo o resto que se diga é conversa de mau
pagador.
Nas pensões também se
verificará perda do poder de compra, porquanto os aumentos previstos serão
abaixo de 1%.
A carga fiscal
aumenta ainda mais.
No IRS não haverá
alterações das taxas progressivas, apenas se promove uma actualização em 0,3%.
Ou seja, todos aqueles que virem o seu salário aumentado em mais de 0,3%, serão
penalizados em sede de IRS.
A tributação em sede
de IMT também irá subir. Outros impostos indirectos sofrerão aumentos.
Mantém-se a sobretaxa
sobre os combustíveis.
Aliás, este é
verdadeiramente o ADN socialista. Vender a ideia que valoriza salários e
carregar na carga fiscal.
É um orçamento sem
alma. Sem ser o suporte de uma estratégia. Onde haverá reforço é para compensar
perdas de receita, caso do ensino superior, ou para ocultar a suborçamentação,
caso da saúde.
Este orçamento é um
orçamento de austeridade.
O Governo vive na
ilusão, mas na altura da elaboração do orçamento desce à terra, acabando por
momentos com aquele discurso surreal de que somos um oásis na Europa.
Não deixamos aqui de
referir como positivo a existência de superavit. Contudo, este superavit só
existe porque os portugueses são fustigados com elevada carga fiscal e não vem
os seus salários crescer, perdendo sucessivamente poder de compra e, também por
contenção de investimento público. Esta é a fórmula adoptada pelo Governo para
a existência do excedente orçamental de 0,2%.
O ciclo económico dos
últimos anos tem sido favorável. O pior é quando se acabar este ciclo. Aí vai
estar o problema.
Este discurso do país
das maravilhas já se conhece de outros tempos.
Governar em tempos de
bonança é uma coisa. Outra totalmente diferente é governar em período
conturbado. Mas também já sabemos quem pega no leme nessas alturas.
Já se viu que pouco
ou nada se espera de 2020.
Esperemos para ver o
que é proposto para 2021.
Sendo esta a última
crónica deste ano deixo aqui a todos os votos de um Santo e Feliz Natal.
Até 2020
Sem comentários:
Enviar um comentário