EDUARDO LUCIANO
A última do ano
Chegámos à última crónica de 2019 e confesso que não
me apetecem balanços nem prognósticos de ano novo. Tampouco me apetece falar de
Orçamentos de Estado ou dos avanços dos fascismos mais ou menos tolerados ou
mesmo incentivados pela classe dominante.
Em boa verdade não me
apetece falar de nada, antes acho merecer o direito ao silêncio contemplativo
de ameaças passadas, presentes e futuras e da minha falta de jeito para
representar a indiferença que tanto jeito dá à vida em sociedade.
Mas a verdade é que
me falta a dose de liberdade para permitir fazer o que me apetece e por isso
obrigo-me a tecer comentários sobre comentários de outros (não estão a pensar
que tenha lido a proposta de orçamento, pois não?).
As principais
diferenças deste orçamento para os anteriores, resulta do facto dos resultados
eleitorais terem dado uma margem maior ao PS para assumir a sua verdadeira
natureza, deixando de estar tão pressionado para a concretização de opções
políticas que constituam verdadeiros avanços na conquista de direitos e
rendimentos por parte dos trabalhadores, reformados e pensionistas.
No essencial,
continua amarrado às opções e ditames da política económica da União Europeia,
à obsessão com o deficit, ao orgulho do superavit orçamental, enquanto continua
a subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde e da educação e a cultura não
chega aso 500 milhões de euros.
Ainda estamos a meio
do processo de aprovação e talvez seja possível introduzir algumas medidas que
minimizem estas claras opções de retrocesso, mas confesso-me pouco dado a
fezadas desse género.
No fundo, para os
trabalhadores 2020 vai ser um ano igual a todos os outros. De luta determinada
para resistir à degradação das suas condições de vida enquanto não chegam
tempos de reais avanços.
Fico-me por aqui,
porque como vos disse só me apetece contemplar as luzes das ruas, ouvir o Tom
Waits, lamentar a morte do Patxi Andion e lembrar aquele poema de Francisco
Eugénio dos Santos Tavares incluído na Antologia de poesia erótica e satírica,
organizada pela Natália Correia e que a PIDE apreendeu nos idos de 1965.
Não o posso dizer
aqui, por isso recomendo que busquem a leitura na página 400 da edição de 1999,
reimpressão de Abril de 2005.
Tenham um Natal feliz
e um Ano Novo cheio prosperidade (seja lá isso o que for)
Até para o ano
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