JOSÉ POLICARPO
O verdadeiro serviço público
Os dados estatísticos fornecidos pelos organismos
oficiais apontam cada vez mais, para uma litoralização demográfica. O
território nacional é manifestamente mal ocupado. Vivem mais de 80% das pessoas
no litoral do país, o resto do território é ocupado por pouco mais de 10% dos
residentes do continente.
Esta realidade devia
ser uma preocupação e prioridade para os governantes do país. Porém, como não
dá votos, não passa de proclamações de circunstância. Não posso, por isso,
acompanhar aqueles que defendem que o declínio dos territórios de baixa
densidade deve ser gerido e monitorizado.
Do meu ponto de vista
não é o declínio que deverá ser gerido. O declínio deverá, o quanto antes, ser
parado e invertido. Para tanto, as políticas públicas são indispensáveis para
este resultado e deverão ser direcionadas para o investimento, pois, só este é
que é gerador de emprego sustentável.
Mais de três milhões
de portugueses não auferem rendimento bastante para acorrerem a uma despesa
extraordinária. Arranjo do automóvel ou de saúde. Talvez, digo eu, se no
interior houvesse emprego atrativo a pressão demográfica dos grandes centros
urbanos seria mitigada e o interior podia constituir-se numa boa alternativa
para as pessoas que não encontrassem qualidade de vida no litoral.
Ora, a coesão do território
deverá ser vista como instrumental para um desiderato maior: o bem-estar
social. Este objetivo só poderá ser atingido se os decisores públicos estiverem
imbuídos de um valor maior, o verdadeiro serviço público.
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