Espanha 2020
As eleições legislativas que se
realizaram no passado domingo deixaram a Espanha numa situação politica ainda
mais difícil.
No
parlamento espanhol estarão representados 16 partidos ou coligações.
O
PSOE venceu as eleições, com 28%, ganhando em 33 municípios, mas perdeu 3
mandatos.
O
Podemos mantém-se como 4ª força politica mas perde 7 deputados.
A
direita ganha mais força. O PP mantém-se como 2ª força politica e elege mais 22
deputados. O Vox mais que duplica o número de deputados, e passa de 24 para 52
eleitos, ficando como 3ª força politica. O Ciudadanos é o grande perdedor, perdendo
47 deputados e, como consequência, perdendo também o seu líder, que se demitiu.
Diremos
que globalmente a esquerda perdeu pouco e a direita pouco ganhou.
Pedro
Sánchez ganhou as eleições, mas perdeu espaço politico.
Estes
resultados forçaram o PSOE a ter que inventar uma solução que permita a
governabilidade com apoio parlamentar.
Durante
esta semana o PSOE e o Podemos assinaram um acordo para a constituição de um
Governo, embora lhes falte apoio parlamentar. Juntos representam 155 deputados,
faltando 21 deputados para uma maioria parlamentar. Este acordo é
necessariamente débil, porque PSOE e Podemos andaram meses a negociar um acordo
e não chegaram a entendimento. Por isso cremos que o PSOE aceitou agora um
acordo para um governo de coligação, em condições bem mais difíceis, porque
está mais frágil e tinha que dar um sinal ao eleitorado socialista.
Um
acordo que tem que ser ainda alargado a outros, algo que não será possível de
conseguir sem o recurso a partidos que defendem a independência de regiões,
logo a quebra da unidade territorial de Espanha.
O
que a Espanha conseguiu com estas eleições foi permitir ao Vox posicionar-se
como 3ª força política, tendo inclusive vencido em 2 municípios do sul de
Espanha, ou seja, em território de fortíssima influência do PSOE. O que poderá
ter a leitura que os eleitorados estão menos fixos.
Seja
qual for o cozinhado que seja preparado para a constituição de um governo, não
se crê que resulte numa solução que permita uma governação estável, tal a
diferença de interesses que separa os vários partidos.
Espanha
está assim numa encruzilhada.
Entre
partidos de esquerda, de direita e independentistas e regionalistas é difícil
criar uma solução governativa coesa, estável e duradoura.
Estas
eleições não deixam de ter importância para Portugal. Por várias razões.
Porque
Espanha é um importantíssimo parceiro comercial de Portugal.
Porque
a nossa economia tem vários vasos comunicantes com a economia espanhola.
Porque
uma crise em Espanha reflete-se necessariamente em Portugal.
Porque
Espanha é o país vizinho, importando manter boas relações de vizinhança, a bem
das gentes de ambos os lados da fronteira.
Daí
que uma Espanha estável é importante para Portugal.
Até
para a semana
Rui Mendes
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