sexta-feira, 15 de novembro de 2019

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


                                                      Espanha 2020
As eleições legislativas que se realizaram no passado domingo deixaram a Espanha numa situação politica ainda mais difícil.
No parlamento espanhol estarão representados 16 partidos ou coligações.
O PSOE venceu as eleições, com 28%, ganhando em 33 municípios, mas perdeu 3 mandatos.
O Podemos mantém-se como 4ª força politica mas perde 7 deputados.
A direita ganha mais força. O PP mantém-se como 2ª força politica e elege mais 22 deputados. O Vox mais que duplica o número de deputados, e passa de 24 para 52 eleitos, ficando como 3ª força politica. O Ciudadanos é o grande perdedor, perdendo 47 deputados e, como consequência, perdendo também o seu líder, que se demitiu.
Diremos que globalmente a esquerda perdeu pouco e a direita pouco ganhou.
Pedro Sánchez ganhou as eleições, mas perdeu espaço politico.
Estes resultados forçaram o PSOE a ter que inventar uma solução que permita a governabilidade com apoio parlamentar.
Durante esta semana o PSOE e o Podemos assinaram um acordo para a constituição de um Governo, embora lhes falte apoio parlamentar. Juntos representam 155 deputados, faltando 21 deputados para uma maioria parlamentar. Este acordo é necessariamente débil, porque PSOE e Podemos andaram meses a negociar um acordo e não chegaram a entendimento. Por isso cremos que o PSOE aceitou agora um acordo para um governo de coligação, em condições bem mais difíceis, porque está mais frágil e tinha que dar um sinal ao eleitorado socialista.
Um acordo que tem que ser ainda alargado a outros, algo que não será possível de conseguir sem o recurso a partidos que defendem a independência de regiões, logo a quebra da unidade territorial de Espanha.
O que a Espanha conseguiu com estas eleições foi permitir ao Vox posicionar-se como 3ª força política, tendo inclusive vencido em 2 municípios do sul de Espanha, ou seja, em território de fortíssima influência do PSOE. O que poderá ter a leitura que os eleitorados estão menos fixos.
Seja qual for o cozinhado que seja preparado para a constituição de um governo, não se crê que resulte numa solução que permita uma governação estável, tal a diferença de interesses que separa os vários partidos.
Espanha está assim numa encruzilhada.
Entre partidos de esquerda, de direita e independentistas e regionalistas é difícil criar uma solução governativa coesa, estável e duradoura.
Estas eleições não deixam de ter importância para Portugal. Por várias razões.
Porque Espanha é um importantíssimo parceiro comercial de Portugal.
Porque a nossa economia tem vários vasos comunicantes com a economia espanhola.
Porque uma crise em Espanha reflete-se necessariamente em Portugal.
Porque Espanha é o país vizinho, importando manter boas relações de vizinhança, a bem das gentes de ambos os lados da fronteira.
Daí que uma Espanha estável é importante para Portugal.
 Até para a semana
 Rui Mendes



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