Obsolescência
O grupo parlamentar do PCP
apresentou um projecto-lei que visa combater a obsolescência programada.
Como
se calcula não teremos cafés cheios a discutir a obsolescência programada,
encarniçadas discussões nas redes sociais ou dois amigos a cruzarem-se e a
perguntarem: então pá, o que achas daquela cena da obsolescência programada?
E
no entanto, serão todos capazes de discutir horas infinitas acerca do ambiente,
da ausência de planeta b, de plástico, de lítio e de muitas outras coisas que
se ouvem nos noticiários do tele lixo.
Afinal
o que é isso da obsolescência programada? É a introdução pelos produtores de
equipamentos de uso comum, de elementos ou características que condicionam a
longevidade obrigando à sua substituição ao fim de algum tempo.
Acresce
ainda que o único objectivo é aquisição de outros produtos com o consequente
custo acrescido para consumidores e Natureza, num tempo que os avanços
tecnológicos e científicos estão em condições de produzir utensílios e
dispositivos com maior longevidade.
Diz-se
na fundamentação da proposta: “Estima-se que os custos da obsolescência
programada ou da pequena durabilidade de alguns utensílios e dispositivos são
sensíveis não apenas no consumo exacerbado de recursos naturais e de serviços
de reciclagem e tratamento de resíduos, como também no plano da emissão de
gases com efeito estufa. A título de exemplo, para utilizar os dados mais
recentes, recolhidos pelo EEB (European Environmental Bureau) – uma rede de ONG
de Ambiente sedeadas no espaço europeu, um aumento de um ano no prazo de vida
de telefones portáteis, aspiradores, máquinas de lavar roupa e computadores
portáteis, poderia representar uma diminuição de 4 milhões de toneladas de
Dióxido de Carbono-equivalente nas emissões.”
A
proposta do PCP prevê que as garantias dadas pelos fabricantes de grandes e
pequenos electrodomésticos, viaturas e dispositivos electrónicos tenham a
duração mínima de quatro anos a partir de 2020, cinco a partir de 2022 e 10
anos de garantia mínima a partir de 2025.
Aguardamos
para ver qual será a posição dos fervorosos cristãos novos do ambientalismo
quando a proposta for a votação.
O
desafio agora é conseguir colocar tudo isto numa frase de três palavras que
caiba num cartaz de 8 por 3 metros e que a comunicação social ache piada.
Quem
nunca fica obsoleta é a poesia de Sophia, de quem ontem celebrámos o primeiro
centenário, como se pode comprovar pelo poema “As pessoas sensíveis”.
…
Ó
vendilhões do templo
Ó
construtores
Das
grandes estátuas balofas e pesadas
Ó
cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes
Senhor
Porque
eles sabem o que fazem
Até
para a semana
Eduardo
Luciano
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