JOSÉ POLICARPO
O reino da
hipocrisia
A pobreza é o problema mais indigno
que, uma comunidade civilizada, poderá enfrentar. A comunidade, na sua
esmagadora maioria, poderá não querer olhar de frente para esta questão, mas
ela é a causa de muitas coisas negativas.
A
criminalidade é uma delas. Dentro do fenómeno da criminalidade, poderá não ser
das mais complexas de combater. Porém, furtos, roubos e o “pequeno tráfico de
drogas”, estão ligados direta ou indiretamente a essa realidade. Por isso, a
grande questão está em como tirar o maior número de pessoas do flagelo da
pobreza. Para mim, passa por uma decisão e vontade politicas.
Vem
isto a propósito do recém-nascido colocado num contentor do lixo pela própria
mãe e encontrado por um sem-abrigo. Os factos noticiados pela comunicação
social e, só falarei destes, a alegada “criminosa” a mãe da criança abandonada,
é cidadã estrangeira, utilizava a prostituição como modo de vida e não usava
preservativos a pedido dos clientes.
Este
quadro só por si é do mais degradante e indigno a que um ser humano, no caso,
uma mulher, possa ser submetido. Por isso, pensarmos que os Tribunais poderão
resolver esta realidade prendendo as pessoas, estaremos, digo eu, equivocados
de todo.
Ora,
a solução, no menos, passará pela vontade politica, porque está na sua decisão
como, quando e onde gastar o dinheiro dos nossos impostos. A redistribuição dos
rendimentos de uma comunidade terá que ser justa e proporcional a cada uma das
necessidades dos seus cidadãos. Se a comunidade gerar ricos e remediados sem
razão para o serem, teremos, consequentemente, mais pobres, igualmente, sem
quaisquer motivos para o serem. Por isso, enquanto comunidade politicamente
organizada, cabe-nos definir o caminho. Se para uma sociedade mais justa, ou
mais desigual.
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