Problemas de
comunicação
Os deputados eleitos a 6 de Outubro
tomaram posse e começaram os trabalhos da nova legislatura.
Também
o governo tomou posse mas isso agora não interessa nada, a menos que queiram
discutir se o número de ministros e secretários de estado é exagerado ou pode
levar a piadas brejeiras de mau gosto.
Logo
no arranque, o PCP apresentou uma dúzia de iniciativas legislativas que
constavam do seu programa eleitoral com reflexo nas mais diversas áreas.
Sabia
que propôs a reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador
e a eliminação da caducidade da contratação colectiva, bem como medidas de
combate à precariedade e de reforço dos direitos dos trabalhadores?
Sabia
que propôs a redução do horário de trabalho para 35 horas semanais para todos
os trabalhadores?
Sabia
que propôs o alargamento da isenção das taxas moderadoras, até à sua
eliminação?
Sabia
que propôs um programa extraordinário para a contratação de profissionais de
saúde para o SNS?
Sabia
que propôs a contratação imediata de todos os auxiliares de acção educativa
necessários ao funcionamento das escolas?
Sabia
que propôs medidas para garantir a universalidade e gratuitidade no acesso a
creche para todas as crianças até aos 3 anos?
Sabia
que propôs alterações ao código co processo civil para estabelecer a
impenhorabilidade da habitação própria?
Sabia
que propôs a tomada imediata de medidas para o financiamento de todas as
candidaturas consideradas elegíveis no programa de apoio sustentado às artes?
Sabia
que propôs a aprovação do estatuto da condição policial?
Sabia
que propôs um regime de financiamento permanente ao programa de apoio à redução
tarifária nos transportes públicos?
Sabia
que propôs medidas que visam a redução de embalagens supérfluas em superfícies
comerciais?
Não
sabia pois não? E sabe porque é que não sabia? Porque estava distraído a
discutir nas redes sociais a vestimenta de um assessor, o número de ministros e
secretários de estado, se se pode ou não vender participações em empresas a
sobrinhos e outras coisas absolutamente decisivas para o funcionamento do
regime.
Lá
estão os comunistas a fazerem-se de incompreendidos, dizem alguns especialistas
na matéria, o que eles não sabem é comunicar.
Imaginem
o impacto que não teria se o João Oliveira tivesse apresentado estes projectos
de lei, resoluções e recomendações, vestido com uma saia plissada e um pouco
acima do joelho.
Era
abertura de telejornal garantida mas a notícia seria “o PCP já não é o que
era”. Sobre as medidas propostas continuariam a não saber nada. Porque,
parafraseando o outro, o essencial é invisível aos olhos. Para manter um certo
nível de cegueira, acrescenta a minha prima Zulmira.
Até
para a semana
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