RUI MENDES
Portugal esquecido
A TSF difundiu esta semana uma
reportagem sobre uma aldeia do concelho de Moura. Estrela é uma aldeia,
atualmente com menos de 50 habitantes, que com o fecho das comportas da
barragem do Alqueva ficou uma aldeia ribeirinha.
Parecia
assim, e foi o que terá sido prometido, que a população desta aldeia iria ter
um futuro promissor.
Com
o passar do tempo vieram as desilusões.
Passou-se
aqui o que se vai passando por quase todas as aldeias do Alentejo. A população
foi reduzindo por uma razão óbvia, pela falta de trabalho. Abalam os mais
novos, ficam os mais velhos.
Em
determinada altura da reportagem é referido:
“Esta
terra não é para velhos nem para novos, não há trabalho”.
Nesta
aldeia “…Os mais novos têm hoje 23 e 24 anos, são dois ou três. Depois há mais
três ou quatro com 30 e tal, uns seis com 60 e tal e o resto é tudo com 70 e 80
anos.”
Os
problemas que estes territórios têm são conhecidos. Desde há muito que são
conhecidos. Precisamente por serem conhecidos há tanto tempo é que não se
compreende que persistam e se agravem com o tempo.
Existe
nestas povoações um efeito de bola de neve. Não só não se resolvem os problemas
como estes vão crescendo.
O
que se precisa é investimento que crie emprego, que traga riqueza a estes
territórios, e que estas gentes não fiquem dependentes de alguns poderes
locais.
O
que cada vez será mais difícil de acontecer porque, paradoxalmente, algum
investimento para existir precisa de pessoas. E pessoas é o que vai
escasseando, principalmente os mais novos, que entretanto tiveram que se fazer
à vida e procuraram outros lugares.
Somos
um país que está muito focado em estratégias e em diagnósticos, em estudos e em
relatórios. Somos um país que precisa de muito mais ação e que se foque nos
resultados.
No
novo Governo, até pela sua dimensão, não faltam membros para atacar estes
problemas.
Estamos
certos que o que tem faltado é acção e resultados, sabendo nós da dificuldade
de atingir resultados, mas sabemos também que a coesão do território só é
possível de atingir caso se consiga um país mais equilibrado e menos
assimétrico.
Até
para a semana
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