MARIA HELENA FIGUEIREDO
Acabam de sair os resultados das
eleições para a Assembleia da República e seria precipitado tirar conclusões,
mas há algumas notas que gostaria de deixar.
A
primeira nota vai para o não voto
Esta
foi uma eleição marcada pelo agravamento da abstenção. Apesar de terem sido
introduzidas alterações no processo eleitoral e de o voto antecipado ter vindo
facilitar o exercício do direito/dever de voto, não se pode escamotear o facto
de metade dos cidadãos ter desistido de participar nas escolhas que vão
determinar o curso do país e das suas vidas nos próximos 4 anos.
Como
combater a indiferença, a descrença nos políticos e na política, é um desafio a
que terá de ser dada resposta rapidamente se não quisermos ver a democracia a
definhar ainda mais.
A
segunda nota vai para a composição parlamentar, que se alterou de forma
significativa.
A
direita averbou uma derrota estrondosa, com o PSD a baixar novamente a sua
votação e Rui Rio a atirar culpas sobre tudo e sobre todas e o CDS a passar de
18 para 5 deputados.
E
entraram 3 novos partidos.
A
extrema direita entrou pela primeira vez no Parlamento e resta saber como irá o
Parlamento lidar, face à Constituição, com a xenofobia, o racismo, a homofobia
e as propostas fascizantes que seguramente aparecerão.
Também
os resultados da CDU foram assumidamente negativos: o PCP teve um rombo
eleitoral deputados e os Verdes têm apenas 1 deputado.
O
Partido Socialista venceu as eleições. Não com a maioria absoluta que almejava
mas ainda assim com uma maioria reforçada. Governará seguramente, mas irá
precisar de apoios.
E,
ao contrário do que os analistas de serviço chegaram a preconizar, não será
suficiente o apoio do PAN, nem mesmo somando-lhe o Livre.
Por
isso no final da noite, Costa veio já dizer que os resultados eleitorais
mostraram que os portugueses gostaram da geringonça e que o quadro à esquerda
se mantinha apesar de agora o PS ter uma maioria significativa.
Uma
terceira nota vai para o Bloco de Esquerda
Apesar
da campanha lançada pela direita e dos ataques das últimas semanas, o Bloco de
Esquerda viu consolidada a sua posição como terceira força política.
Ainda
não estavam fechados os resultados e Catarina Martins, mais uma vez, sem
equívocos, afirmou a disponibilidade do Bloco para continuar a viabilizar uma
solução que dê estabilidade ao governo tendo em vista a reposição de direitos,
no quadro da legislatura ou em negociações para cada orçamento.
As
condições do Bloco são de continuidade ou seja defender quem vive do seu
trabalho. Da actual legislatura ficaram ainda por repor os cortes da troika que
se mantêm na legislação laboral, há que combater a precariedade e proteger os
trabalhadores por turnos, proteger as pensões e acabar com a duplo corte do
factor de sustentabilidade. É essencial salvar o Serviço Nacional de Saúde e
proteger os serviços públicos, investir em habitação e transportes públicos e
responder à emergência climática.
Veremos,
nas próximas semanas, se o Partido Socialista quer efectivamente prosseguir com
a governação à esquerda ou não.
Finalmente
uma nota para os resultados eleitorais no nosso distrito.
Comecemos
pelo Bloco de Esquerda
Apesar
de ter subido umas centésimas face aos resultados de 2015, essa subida não é
significativa e o Bloco ficou aquém dos objectivos que se tinha proposto e que
eram de reforço substancial da sua posição eleitoral.
Quanto
à CDU, apesar de manter o seu deputado por Évora, teve uma quebra bastante
forte no distrito, e sobretudo o que é mais significativo é ter perdido
verdadeiros bastiões como Arraiolos ou Montemor, onde tradicionalmente era
maioritária. Apenas em Mora manteve a maioria.
Também
aqui o PS foi o vencedor, tendo retirado o deputado ao PSD.
Mas
o facto mais significativo por cá é que o PSD perdeu os seus deputados em
Évora, em Beja e em Portalegre ou seja
A
direita perdeu o Alentejo. E eu digo: ainda bem!
Até
para a semana!
Francisco Tata
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