Parece que foi ontem que o
artista plástico Manuel Casa Branca me convidou para colaborar na “Folha de
Montemor”, e já passaram doze anos. Neste período, dei a conhecer uma vasta
fatia da História de Montemor-o-Novo, a Terra que a minha mãe me deu, e com a qual tenho
colaborado: além dos 150 “Vasculhar o passado” e de diversos artigos publicados
na “Foha”, escrevi cinco livros todos relacionados com a Vila Notável, e fiz
parte de vários órgãos sociais de associações montemorenses - da área
desportiva, cultural, recreativa, social, e actualmente regionalista. Tudo, em
prol da melhor Terra do Mundo – Montemor-o-Novo.
Neste
150.º “Vasculhar o passado”, optei por dar a conhecer, quatro pequenas notícias
de outros tempos:
Afonso
por graça de Deus Rei de Portugal e Conde de Bolonha, a Vós, Correjedor e
Juízes e concelho de Évora, saúde.
Sabei
que eu vi a carta aberta do meu irmão o Rei D. Sancho na qual se diz que meu
pai e Rei D. Afonso de ilustre memória deu termos ao Concelho de
Montemor-o-Novo. E o mesmo Rei D. Sancho lhos concedeu pela sua carta aberta.
E
os termos são estes: onde entra o ribeiro da Boa Fé no Odiege e depois como o
dito ribeiro da Boa Fé ao Cabeço do Carro e depois como vem direito pelo cimo dos
montes onde o meu pai esteve dividindo aqueles termos. E daí ao cabeço onde
estava o centeio.
E
depois ao porto velho da estrada velha de Canha. E daí direito à anta e depois
ao lugar que se chama M. (Martim?) Lobo e depois como vem pelo carreiro de Vide
(1) e depois à mouta do Chapelar e depois
como entra a ribeira de Lavre na de Canha.
E eu lhes
concedo estes supraditos termos. E mando-vos que os deixes ter e possuir em paz
a esse concelho de Montemor.
E se ao
mesmo tempo, para além destes limites filhastes alguma coisa ou prejudicastes nos montados mando-vos que
entregueis tudo ao dito Concelho. E daqui em diante não façais tal coisa.
E
todo aquele que ao mesmo concelho por sua livre vontade alguma coisa aceitar
desse termos pagar-se-me-à quinhentos maravedis e ficará sendo meu inimigo.
E ordeno que
o dito concelho conserve em testemunho esta minha carta aberta.
Dada em
Coimbra, à ordem do Rei, por Rodrigo de Espinho. Sobrejuiz, aos 18 de Novembro
João Sueiro a fez na Era de 1295 (2)
1) - Próximo de Arraiolos.
2) - Ano da nossa era de 1257.
Caminho Marítimo para
a Índia
Várias
vezes, os nossos monarcas reuniram cortes em Montemor-o-Novo.
Segundo
João de Barros, considerado o primeiro grande historiador português, e que
exerceu o cargo de Tesoureiro da Casa da Índia, sediada no Paço da Ribeira, em
Lisboa, D. Manuel I reuniu aqui cortes, de 16 de Dezembro de 1495 a 3 de
Janeiro do ano seguinte, nas quais, entre outros assuntos, se determinou nomear
Vasco da Gama como almirante da futura esquadra de descobrimento do caminho
marítimo para a Índia.
Também
Damião de Góis, historiador e humanista, e D. Jerónimo de Osório, Bispo do
Algarve, que escreveu entre outras obras, “Da vida e dos feitos de El-Rei D.
Manuel”, defendem que a nomeação de Vasco da Gama, ocorreu nas Cortes de
Montemor-o-Novo.
Mas, José Hermano Saraiva, defendeu que estas
cortes, se realizaram em Estremoz.
Consultada a
Wikipédia, “Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia”, e “Lista de Cortes em
Portugal”, ficámos com a certeza, que as referidas cortes se realizaram em
Montemor-o-Novo. Em Estremoz, apenas se realizaram as cortes de 1416, enquanto
em Montemor-o-Novo, ocorreram cortes em 1402, 1477 e 1495-1496, nas quais
ocorreu a referida nomeação de Vasco da Gama.
Em 4 de Setembro de 1932 se
inaugurou, em três salas do corpo alto e no claustro do Convento de S. João de
Deus, um pequeno Museu de Arqueologia, Heráldica e Epigrafia tumular, sacra e
profana, sob os auspérios do então Presidente da Câmara, Engenheiro Adriano da
Silva Batista, com a colaboração de Manuel da Silva Claro (Manuel de Montemor).
Poucos anos contou de existência, dispersando-se o seu recheio,
“arbitrariamente, pelo adro e nave da desafectada Igreja de Santiago do
Castelo”. Dentre as lápides
sepulcrais, conhecidas e valiosas, era citada a ara latina de uma flamínia e o
núcleo, também romano, que Francisco António da Silva Grenho havia reunido,
simultaneamente, com pequena colecção de antiguidades, em fins do séc. XIX, na
sua moradia da Rua do Quebra Costas.
Os
Caçadores, comemoram este mês 50 anos de existência. No dia 25 de
Setembro de 1969 foi fundado o Clube de Caçadores de Montemor-o-Novo. A sua
primeira sede situou-se no Terreiro de S. João de Deus, transferindo-se mais
tarde para a Rua da Parreira, actual Germano Vidigal. Foram seus fundadores os Senhores Arnaldo Joaquim
Chocolateira e Manuel Dias Parreira, os quais receberam de imediato a
colaboração dos seguintes caçadores: João Pirata Parreira, Manuel Cornacho,
Manuel Jacinto, conhecido por Manuel da Cipriana, Manuel Nunes, mais conhecido
por Manuel da Viúva, José Palma Cornacho, Chico Russo, e Alexandre Guerra
Romeiras, entre outros. Possuiu durante
vários anos, o magnífico Campo de Tiro de S. Tiago, sito no Castelo, o qual por
motivos óbvios, deixou de funcionar. Apesar das várias tentativas junto da
autarquia, no sentido de se arranjar um local alternativo, tal ainda não
sucedeu. Não nos podemos esquecer que aquele espaço serviu inúmeras vezes para
a realização de torneios de tiro aos pratos, cujas receitas reverteram a favor
de várias instituições locais. Estes torneios, contaram com a colaboração
desinteressada do Clube de Caçadores de Montemor-o-Novo, tanto na parte
administrativa, como na cedência da respectiva máquina de arremessa.
Setembro/2019
Sem comentários:
Enviar um comentário