quarta-feira, 18 de setembro de 2019

VASCULHAR O PASSADO - Por Augusto Mesquita

                                          O 150.º Vasculhar o passado

Parece que foi ontem que o artista plástico Manuel Casa Branca me convidou para colaborar na “Folha de Montemor”, e já passaram doze anos. Neste período, dei a conhecer uma vasta fatia da História de Montemor-o-Novo, a Terra que  a minha mãe me deu, e com a qual tenho colaborado: além dos 150 “Vasculhar o passado” e de diversos artigos publicados na “Foha”, escrevi cinco livros todos relacionados com a Vila Notável, e fiz parte de vários órgãos sociais de associações montemorenses - da área desportiva, cultural, recreativa, social, e actualmente regionalista. Tudo, em prol da melhor Terra do Mundo – Montemor-o-Novo.
Neste 150.º “Vasculhar o passado”, optei por dar a conhecer, quatro pequenas notícias de outros tempos:
                                             Limites dados por D. Afonso III a Montemor
Afonso por graça de Deus Rei de Portugal e Conde de Bolonha, a Vós, Correjedor e Juízes e concelho de Évora, saúde.
Sabei que eu vi a carta aberta do meu irmão o Rei D. Sancho na qual se diz que meu pai e Rei D. Afonso de ilustre memória deu termos ao Concelho de Montemor-o-Novo. E o mesmo Rei D. Sancho lhos concedeu pela sua carta aberta.
E os termos são estes: onde entra o ribeiro da Boa Fé no Odiege e depois como o dito ribeiro da Boa Fé ao Cabeço do Carro e depois como vem direito pelo cimo dos montes onde o meu pai esteve dividindo aqueles termos. E daí ao cabeço onde estava o centeio.
E depois ao porto velho da estrada velha de Canha. E daí direito à anta e depois ao lugar que se chama M. (Martim?) Lobo e depois como vem pelo carreiro de Vide (1) e depois à mouta do Chapelar e depois  como entra a ribeira de Lavre na de Canha.
 E eu lhes concedo estes supraditos termos. E mando-vos que os deixes ter e possuir em paz a esse concelho de Montemor.
E se ao mesmo tempo, para além destes limites filhastes alguma coisa  ou prejudicastes nos montados mando-vos que entregueis tudo ao dito Concelho. E daqui em diante não façais tal coisa.
E todo aquele que ao mesmo concelho por sua livre vontade alguma coisa aceitar desse termos pagar-se-me-à quinhentos maravedis e ficará sendo meu inimigo.
E ordeno que o dito concelho conserve em testemunho esta minha carta aberta.
Dada em Coimbra, à ordem do Rei, por Rodrigo de Espinho. Sobrejuiz, aos 18 de Novembro João Sueiro a fez na Era de 1295 (2)
1) - Próximo de Arraiolos.
2) - Ano da nossa era de 1257.
                                                             Caminho Marítimo para a Índia
 Várias vezes, os nossos monarcas reuniram cortes em Montemor-o-Novo.
Segundo João de Barros, considerado o primeiro grande historiador português, e que exerceu o cargo de Tesoureiro da Casa da Índia, sediada no Paço da Ribeira, em Lisboa, D. Manuel I reuniu aqui cortes, de 16 de Dezembro de 1495 a 3 de Janeiro do ano seguinte, nas quais, entre outros assuntos, se determinou nomear Vasco da Gama como almirante da futura esquadra de descobrimento do caminho marítimo para a Índia.
Também Damião de Góis, historiador e humanista, e D. Jerónimo de Osório, Bispo do Algarve, que escreveu entre outras obras, “Da vida e dos feitos de El-Rei D. Manuel”, defendem que a nomeação de Vasco da Gama, ocorreu nas Cortes de Montemor-o-Novo.
Mas,  José Hermano Saraiva, defendeu que estas cortes, se realizaram em Estremoz.
Consultada a Wikipédia, “Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia”, e “Lista de Cortes em Portugal”, ficámos com a certeza, que as referidas cortes se realizaram em Montemor-o-Novo. Em Estremoz, apenas se realizaram as cortes de 1416, enquanto em Montemor-o-Novo, ocorreram cortes em 1402, 1477 e 1495-1496, nas quais ocorreu a referida nomeação de Vasco da Gama.
                                                               Extinto Museu  Municipal
Em 4 de Setembro de 1932 se inaugurou, em três salas do corpo alto e no claustro do Convento de S. João de Deus, um pequeno Museu de Arqueologia, Heráldica e Epigrafia tumular, sacra e profana, sob os auspérios do então Presidente da Câmara, Engenheiro Adriano da Silva Batista, com a colaboração de Manuel da Silva Claro (Manuel de Montemor). Poucos anos contou de existência, dispersando-se o seu recheio, “arbitrariamente, pelo adro e nave da desafectada Igreja de Santiago do Castelo”.  Dentre as lápides sepulcrais, conhecidas e valiosas, era citada a ara latina de uma flamínia e o núcleo, também romano, que Francisco António da Silva Grenho havia reunido, simultaneamente, com pequena colecção de antiguidades, em fins do séc. XIX, na sua moradia da Rua do Quebra  Costas.
              Clube de Caçadores de Montemor-o-Novo                                                                    
Os Caçadores, comemoram este mês 50 anos de existência. No dia 25 de Setembro de 1969 foi fundado o Clube de Caçadores de Montemor-o-Novo. A sua primeira sede situou-se no Terreiro de S. João de Deus, transferindo-se mais tarde para a Rua da Parreira, actual Germano Vidigal.             Foram seus fundadores os Senhores Arnaldo Joaquim Chocolateira e Manuel Dias Parreira, os quais receberam de imediato a colaboração dos seguintes caçadores: João Pirata Parreira, Manuel Cornacho, Manuel Jacinto, conhecido por Manuel da Cipriana, Manuel Nunes, mais conhecido por Manuel da Viúva, José Palma Cornacho, Chico Russo, e Alexandre Guerra Romeiras, entre outros.    Possuiu durante vários anos, o magnífico Campo de Tiro de S. Tiago, sito no Castelo, o qual por motivos óbvios, deixou de funcionar. Apesar das várias tentativas junto da autarquia, no sentido de se arranjar um local alternativo, tal ainda não sucedeu. Não nos podemos esquecer que aquele espaço serviu inúmeras vezes para a realização de torneios de tiro aos pratos, cujas receitas reverteram a favor de várias instituições locais. Estes torneios, contaram com a colaboração desinteressada do Clube de Caçadores de Montemor-o-Novo, tanto na parte administrativa, como na cedência da respectiva máquina de arremessa.
                                                                    Augusto Mesquita
Setembro/2019

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