quinta-feira, 12 de setembro de 2019

APLAUSOS A MIGUEL CARVALHO E À VISÃO

Com o nome de “ARQUIVO MORTO” e publicado na Revista Visão, Miguel Carvalho. brinda-nos amiúde com artigos de excepção que nos revelam episódios passados, muitos deles totalmente desconhecidos do grande publico. porque gostamos de partilhar com todos, assuntos que consideramos, podem acrescentar algo à nossa história passada, PERMITIMO-NOS, UMAS vezes citando o Autor, outras acrescentando algo da nossa lavra dar-lhe a conhecer parte ou partes do conteúdo desses mesmos artigos. Honra a Miguel Carvalho e à 

              CHICO BUARQUE, O PERSEGUIDO. E A AGITADA VIAGEM A LISBOA
Um poema esconde quase sempre uma história que é muitas das vezes desconhecida do grande público. É o caso da famosa «Tanto Mar», da autoria do Chico Buarque, que faz parte da «Ópera do Malandro», e que o autor dedicou à revolução de Abril. Antes de embarcar para Portugal, para festejar e conviver com os heróis da revolução e participar num programa de televisão com Teresa Silva Carvalho, Carlos Paredes, entre outros, deixou ao critério da censura Brasileira, que continuava a viver em ditadura, o musical e peça de teatro em questão.
 Por esta crónica de Miguel Carvalho ficamos a saber que: Chico Buarque era grande admirador de Amália, que se tornou um admirador de Zeca Afonso com quem conviveu amiúde “assim como José Mário Branco, Sérgio Godinho e mais uns quantos que estavam então a despertar muito interesse no Brasil. O problema é que esse era um amor distante, quase platónico, impossível de ser correspondido. “Não se vendem esses discos lá, simplesmente não existem no Brasil”, lamentava Chico, aguardando por dias melhores. Era, pois, preciso, continuar a navegar, mesmo que houvesse léguas e dois regimes a separar-nos.
Depois de saciada a sua sede de liberdade em Portugal, Chico Buarque seguiu para Cuba, e depois regressou a casa. As más notícias não tardaram. Detido à chegada ao Brasil e levado à sede da polícia federal, o compositor e cantor teve de explicar-se a propósito das suas andanças por Lisboa, Havana e outras capitais de países com os quais o Brasil fardado não tinha relações diplomáticas. “A coisa está preta”, admitiu Chico Buarque à saída do interrogatório, citado pela Imprensa. “Eles querem saber tudo. Ir a Cuba não é crime, que eu saiba, e se o motivo da minha prisão for esse e o facto de me ter encontrado com exilados por lá, posso dizer que esbarrei num número muito maior de brasileiros em Lisboa”, afirmou, sem se intimidar. Nessa ocasião, a polícia política do Brasil apreendeu 78 discos e 92 livros a Chico Buarque, comprados em Lisboa, Roma, Paris e Havana.” E Sobre a famosa «Tanto Mar», esclarece-nos a crónica: inventar uma desculpa, dizendo que o tema havia sido feito para Moçambique. Na realidade, explicara ele, não era mentira, pois a antiga colónia fazia parte de um todo em transformação. “As relações diplomáticas com Portugal estavam meio abaladas e havia um maior interesse em estabelecer relações com a África ex-portuguesa. Por isso, achei que poderia ser uma boa tática para passar na censura. Mas cheguei tarde e a música foi censurada mesmo. Então gravei e mandei a música para cá - a gravação brasileira é só o fundo musical, sem a letra, enquanto o disco português é completo”, explicou Chico Buarque, em 1978, ao Expresso.”  “Agora, apesar de Bolsonaro, das festas que murcharam e de retrocessos vários, o que pode um Prémio Camões para resgatar, de novo, esse tanto mar que, afinal, nos une, em nome das palavras libertadas?”

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