Depois de Atenas,
Lisboa é a mais antiga das capitais da União Européia.
A fundação de Roma, por
exemplo, ocorreu 4 séculos depois e a de Madrid apenas no séc. IX d.C. Por
milhares de anos Lisboa foi o último “porto seguro” da Europa e das
Civilizações do Mediterrâneo, constituindo-se na divisa entre o mundo conhecido
e um mar imenso que aterrorizava os mais ousados navegantes. A Fenícia, uma das principais das Civilizações Antigas, tinha o seu
território espalhado ao longo das regiões litorâneas de quatro países actuais:
Tunísia, Síria, Líbano e o norte de Israel. A Civilização Fenícia
caracterizou-se por ter desenvolvido uma cultura mercantil marítima
extremamente empreendedora, que abrangeu todo o Mediterrâneo entre 1.500 a.C. e
300 a.C.. A Fenícia foi a primeira sociedade a fazer uso
extenso do alfabeto fonético de forma oficial, que é tido como o ancestral de
todos os alfabetos modernos, embora ele não representasse as vogais, as quais
seriam adicionadas mais tarde pelos gregos. Seu idioma era o fenício, que
pertence ao grupo canaanita da família linguística semita. Através do comércio
marítimo, os fenícios espalharam o uso do seu alfabeto até ao Norte da África,
à Península Ibérica e a outros pontos da Europa, que foi adoptado pelos antigos
gregos, que o ensinaram aos etruscos, os quais, por sua vez, o repassaram aos
romanos. Os fenícios realizavam o comércio usando “Galés”,
embarcações movidas por remos e uma vela, sendo-lhes creditada a posterior
invenção das embarcações “Birreme”s e “Trirremes”. Birremes e trirremes fenício
Os navios fenícios eram as melhores embarcações da Antiguidade, com 2 ou 3
fileiras de remadores - daí os nomes “Birreme” ou “Trirreme” - com 32/35 mt de
comprimento, que mais tarde seriam copiadas por gregos e romanos na disputa
pelo domínio da navegação comercial e militar do Mediterrâneo.
Entre 1.200 a.C. e 1.100 a.C., os fenícios criaram
as primeiras feitorias comerciais de caráter semi-permanente no litoral da
Península Ibérica, tornando-se Alis Ubbo (Lisboa), Malaka (Málaga) e Gades
(Cádiz) as mais antigas e importantes. Alis Ubbo significa “Enseada Amena” em
fenício, e ao rio Tejo eles chamavam de Taghi ("boa pescaria”). Os romanos
mudariam seu nome para Tagus e os árabes para Taghr. Com 1.007 km de extensão,
o Tejo é o maior rio da Península Ibérica, sendo agraciado com o maior estuário
da Europa (340 km²), tão amplo que é chamado de “Mar da Palha”. A principal actividade económica dos fenícios era o mercantilismo
marítimo, realizado através de um intenso e permanente intercâmbio com as
principais cidades gregas e egípcias, as ilhas de Creta, Chipre, Malta,
Córsega, Sicília e Sardenha, e as tribos litorâneas da África Mediterrânica e
da Península Ibérica. Os fenícios
contavam com uma frota de barcos mercantis e de guerra muito numerosa, o que
lhes garantia a total soberania do Mediterrâneo, a imensa maioria de
propriedade de ricos comerciantes que se utilizavam de remadores escravos. A base
da organização política da Fenícia eram os clãs familiares, detentores da
riqueza e do poderio militar, e suas capitais foram Biblos. (1.200 a.C. - 1.000
a.C.) e Tiro (1.000 a.C. - 333 a.C.). A Lisboa Cartaginesa Com o
desenvolvimento da cidade de Cartago, também ela uma colônia fenícia, o
controle de Lisboa passou para esta cidade. Durante séculos, fenícios e
cartagineses desenvolveram Lisboa, transformando o que tinha sido um simples
entreposto comercial num importante centro de comércio entre Cartago e as
terras dos mares do Norte, como a Grã-Bretanha, onde eles mantinham uma
feitoria na Cornualha, onde compravam estanho. Em Lisboa trocavam seus produtos
manufaturados por metais, sal da região de Alcácer, peixe salgado e cavalos,
sempre cobiçados e valorizados. Preferiam comercializar, do que tomar à força
os locais onde negociavam.
Os primeiros judeus chegaram a
Lisboa com os fenícios, seus vizinhos. O hebreu é praticamente idêntico ao
fenício e era raro o barco fenício que não transportava mercadores ou sócios da
Judéia. A vitória dos romanos sobre os cartagineses na
“Batalha de Zama” (na atual Tunísia) em outubro de 202 a.C., determinou o final
da II Guerra Púnica, levando os cartagineses a sair da Península Ibérica.
Lisboa foi então incorporada ao Império Romano, iniciando-se uma época na
Europa que ficaria conhecida de “Pax Romana”. Os romanos chegaram a Lisboa em
205 a.C., quando ocuparam o povoado erguido no alto da mais alta das 7 colinas
da cidade, aí erigindo uma acrópole. Da estratégica “Felicitas Julia Olisipo”,
descrita por Plínio, o Velho, a presença romana é visível até hoje através de
inúmeros achados arqueológicos: casas, teatros, fórum, circo, vias, pontes,
cemitério, etc. Em 205 a.C. os romanos mudaram seu nome para “citânia” (cidade)
Felicitas Julia, mas os Lusitanos sempre a chamaram de Olisipone (ou Olissipo).
Já no tempo da invasão árabe seu nome mudou para Lishbuna (ou Ushbuna).
Anos mais tarde, com a
morte de Viriato em 139 a.C., e a rendição de Táutalo, seu seguidor, Decimus
Junius Brutus Gallaicus iniciou a conquista final da Península Ibéria, em que
os principais focos de resistência estavam concentrados entre a Serra da
Estrela e a Galícia, na Espanha. Em Lisboa ele
encontrou um reforço inesperado, quando a tribo celtibera dos Galérios que
habitava a cidade, se aliou a Roma e mandou alguns milhares de guerreiros se
juntarem às Legiões Romanas no combate aos Lusitanos e a outros povos
Celtiberos como os Arévacos, Bastetanos, Vacceos, Vettones, etc. Com o domínio destas regiões, Junius
Brutus conseguiu que o Senado Romano recompensasse os habitantes de Lisboa com
a atribuição da cidadania romana, um raro privilégio nessa época para os povos
não italianos. Com tudo isto, os Lusitanos se revoltaram de novo e atacaram
Lisboa várias vezes, o que fez com que Junius Brutus mandasse construir um
cerco de muralhas para proteger a área urbana. Felicitas
Julia, como a cidade passaria a ser chamada pelos romanos, também viria a
beneficiar-se do estatuto de “Municipium” atribuído mais tarde pelo Imperador
Júlio César, juntamente com os territórios à sua volta num raio de 50 km, o que
lhe garantiu a implantação de diversos equipamentos urbanos (monumentos,
termas, teatro, etc.), além de ficar isenta de pagamento de impostos a Roma, ao
contrário de quase todos os outros “Castros” e povoados autóctones conquistados
pelos romanos. A sua característica de "Oppidum" (a principal
povoação de qualquer área administrativa do Império Romano, e onde os romanos
concentravam as suas defesas estratégicas), resultou do tipo de terreno
acidentado (7 colinas, tal como Roma), e da proteção natural oferecida pelo
estuário do Tejo, além de um braço deste rio que então se desenvolvia a
ocidente e penetrava profundamente no território.
O ouro e
outros metais preciosos, além dos tesouros das tribos nativas da Lusitânia,
foram então pilhados e levados para Roma. As minas de ouro e prata, como
“Trêsminas” e “Jales” (ambas em Trás-os-Montes), que já eram conhecidas e
exploradas pelos cartagineses, passaram obviamente a ser exploradas pelos
romanos, de modo que toneladas destes metais preciosos deixaram a Península
Ibérica. Nessa época, Lisboa ainda ocupava apenas
a atual área central da “Baixa” e a colina do Castelo. Para os romanos, a
cidade de Felicitas Julia já era um importante porto e centro de comércio, de
modo que assim continuou a ser usada, garantindo a ligação entre as províncias
do Norte e do Mediterrâneo. Seus principais produtos eram o “garum” (um molho
de peixe altamente apreciado pela elite romana), sal, vinhos, peixe salgado e
os soberbos cavalos lusitanos. As Galerias Romanas de Lisboa (construídas entre 35 a.C. e 25 a.C.)
Tradução desta lápide fixada nas
“Galerias Romanas” de Lisboa: “Consagrado a Esculápio. Marcus Afranius Euporio
e Lucius Fabius daphnus, augustais, ao Município como oferenda deram”.
Curiosidade Curiosidade Ruínas Romanas de Lisboa - curiosidades A Lisboa romana
foi um dos principais centros da introdução e desenvolvimento do Cristianismo
na Península Ibérica. São Gens de Lisboa foi o “Primeiro Bispo-Mártir” de
Lisboa, e não o “Primeiro Bispo de Lisboa” como muitos imaginam. Realmente, seu
1º bispo foi São Potamius (356 d.C.), que criou a “Diocese de Olissipo”. Conta
a lenda que quando nasceu São Gens (lendário bispo-mártir do séc. IV d.C. da
dominação romana), sua mãe morreu durante o trabalho de parto. E esta lenda
está na origem de uma curiosa tradição lisboeta que ainda hoje é cumprida por
muitas gestantes, em que a mulher grávida que quiser assegurar-se de que terá
um parto bem sucedido, deverá sentar-se na "Cadeira de São Gens".Esta cadeira
de mármore está guardada na “Ermida da Senhora do Monte” - no alto do bairro da
Graça, em Lisboa - e foi erguida no local onde supostamente este bispo foi
martirizado. †
Quem
também se sentou neste cadeirão de pedra durante a gravidez do herdeiro do
trono (Dom José I), foi a própria Rainha Dona Maria Ana da Áustria, esposa de
Dom João V, o Magnânimo, mas mais conhecido nos bastidores como “o Freirático”,
por seu conhecido apetite por jovens freiras.
FONTE DIVERSAS (Wikipédia e mais
de 20 Sites e Blogs)
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