APONTAMENTOS dos TELHEIROS VI
ESCADÓRIOS do PODER
I.
Vamos aqui abordar
situações que são do senso comum e que acontecem na vida de todos. Entendamo-nos assim : “o que está hoje em cima, amanhã, pode estar em baixo. O
que era bonança pode vir a ser tempestade. O que era previsível pode tornar-se
imprevisível”.
O trânsito destas duas
realidades faz-se, pois, nos dois sentidos. É permanente e está sempre presente
na vida. O poder é, de facto, um escadório. Ora se sobe. Ora se desce.
Em politica, seja a que
nível for, um dos termos mais usados
para basear e sustentar esta visão, é o da “ Legitimidade democrática ” que
muda também muito rapidamente. Quer seja para conquistar o poder. Quer seja
para o exercer. Quer seja ainda para o manter. As mudanças estão sempre a
acontecer e mal avisados estão, os pequenos e os grandes políticos, se andarem
e continuarem distraídos com estas evidências sociais.
II.
O caso desta vitoria estrondosa, de ontem,
da Direita na Grécia com uma confortável maioria de direita, é mais um exemplo
do que ainda pode vir a acontecer à esquerda nacional. Depois de o povo grego
ter sido encostado à parede, por exemplo, com a destruição da sua classe média
e por aí abaixo; depois de terem sofrido vários resgates; depois de Alexis
Tsipras se ter rendido ao poder financeiro da Alemanha eis que, os Gregos,
decidem apesar de tudo votar em massa à sua direita, dando-lhe a Maioria
absoluta.
Não estranhem, porque a
principal “marca grega” é a de um conjunto de grupos e oligarquias financeiras,
à direita e à esquerda, dominarem o cenário político tendo por base uma certa,
e lucrativa corrupção politica e financeira . O eleitorado respondeu
simplesmente mudando!
Zorba, o Grego, era um
sonhador de outros sonhos!
Assim está a ser e
assim foi. Atenas, já nem os mármores originais do Pártenon (onde nos sentimos
superiormente esmagados) detém em seu poder.
Reparem agora nisto.
Quando os Gregos estavam para entrar, na então CEE, em 10 º lugar, o Chanceler
alemão Kohl e François Miterrand em França
já sabiam que os Grecos estavam a retorcer as contas que lhe eram
pedidas.
A resposta de F.
Miterrand foi mais ou menos esta: “bom, nós sabemos que estão a aldrabar as
contas, mas como vocês foram o berço da Civilização Grega e o país de Platão e
de Aristóteles, e a Europa não pode posicionar-se no Mundo sem esses Valores
clássicos e democráticos, vamos admiti-los. Usem lá os Fundos”. Assim veio a
acontecer!
III.
O que acima foi dito,
serve também para ilustrar que as mutações de cenário no exercício do poder
devem ter em conta diversas variáveis sendo que a variante cultural não é menos
decisiva do que a variante económica. Nunca o foi.
Circunscrevendo esta
temática de “estar em cima e depois vir por aí abaixo” em termos eleitorais, no
Alandroal, seria avisado que se tivessem em conta esta série de realizações que
andam há anos, mandato após mandato, sem
estar em execução.
Reparem nesta breve lista:
--o Alandroal continua sem ter um simples
Orçamento Participativo e desconfia-se claramente “do porquê” desta omissão
democrática e socialista;
-- a Autarquia desinteressou-se do Endovélico
e, mais do que isso, anda cada vez mais distraída em relação à hipótese de
mostrar na Vila as peças que estão em Lisboa no Museu de Arqueologia; e até o
mais com que foi acenando;
-- de aprovação em aprovação, os Programas de
Requalificação Urbana das 3 Vilas do Concelho tanto fazem que andam como nunca
arrancam;
-- O Castelo está limpo mas existe lá dentro
um Muro Branco que já não devia existir ( a bem da História Local); a
Biblioteca parece um assombro;
-- quanto à Ferrovia e
à Ciclovia, nem uma palavra publica e prévia de estudo e previsão da Autarquia;
a retórica de campanário que parece ter abrandado continua insuficiente
sobre este tema;
-- relativamente à Mostra
do Peixe do Rio ( parece que correu bem,
antes assim) ou agora, a este ultimo evento
da “Descasca de Caracóis e Caracoletas” será que veio em boa altura como
devia acontecer com um bom e articulado plano cultural?
Fiquemos por aqui, convencidos de que a
atitude de que mais vale ir omitindo do que dizer a verdade; ou a de que mais
vale sobreviver com o vício do que lutar
pela transparência não deve dispensar o confronto das ideias com futuro que
está a ser feito, mais uma vez, no Al tejo.
Entendamo-nos: o desenvolvimento do Alandroal não se faz somente com o clientelismo partidário interno/ externo na Autarquia. Precisa é de abarcar a ideia de que é necessário planear em vez de ir improvisando.
Entendamo-nos: o desenvolvimento do Alandroal não se faz somente com o clientelismo partidário interno/ externo na Autarquia. Precisa é de abarcar a ideia de que é necessário planear em vez de ir improvisando.
Tanto mais que o povo votante do Concelho na
sua sageza compreende como já
provavelmente compreendeu que tanto andamos em frente que vamos estando
cada vez mais no mesmo sítio…
O que se acaba de dizer, não é claro está,
apenas mais uma questão de esquerda ou de direita. É uma questão de visão e
competência de médio prazo posta ao serviço da Vila. Não a pondo apenas ao
serviço de comissários políticos que nos
visitam ou mandam uns recados.
O assunto é sério. Sem investimento cultural
e económico sustentado e consistente, o Concelho segue o caminho daquele verso
de Maria Barroso/ Mário Soares: “o Alandroal é como as velas do Altar, dão
(pouca) luz e vai morrendo”.
Recapitulem, pois, a
parte magnifica da mensagem de F.
Mitterrand como acima a lembrámos!
Saudações Democráticas
Antonio Neves Berbem
( 9 de Julho de 2019)
ps: pedaços deste texto servem para dizer à Ausenda um " até sempre dos amigos e desta terra" (anb)
ps: pedaços deste texto servem para dizer à Ausenda um " até sempre dos amigos e desta terra" (anb)
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