quinta-feira, 11 de julho de 2019

COLABORAÇÃO DO A.N.B.


                                                      APONTAMENTOS  dos TELHEIROS VI
ESCADÓRIOS  do PODER
I.
Vamos aqui abordar situações que são do senso comum e que acontecem na vida de todos.  Entendamo-nos assim : “o que está hoje em cima, amanhã, pode estar em baixo. O que era bonança pode vir a ser tempestade. O que era previsível pode tornar-se imprevisível”.
O trânsito destas duas realidades faz-se, pois, nos dois sentidos. É permanente e está sempre presente na vida. O poder é, de facto, um escadório. Ora se sobe. Ora se desce.
Em politica, seja a que nível for, um dos  termos mais usados para basear e sustentar esta visão, é o da “ Legitimidade democrática ” que muda também muito rapidamente. Quer seja para conquistar o poder. Quer seja para o exercer. Quer seja ainda para o manter. As mudanças estão sempre a acontecer e mal avisados estão, os pequenos e os grandes políticos, se andarem e continuarem distraídos com estas evidências sociais.
    II.
     O caso desta vitoria estrondosa, de ontem, da Direita na Grécia com uma confortável maioria de direita, é mais um exemplo do que ainda pode vir a acontecer à esquerda nacional. Depois de o povo grego ter sido encostado à parede, por exemplo, com a destruição da sua classe média e por aí abaixo; depois de terem sofrido vários resgates; depois de Alexis Tsipras se ter rendido ao poder financeiro da Alemanha eis que, os Gregos, decidem apesar de tudo votar em massa à sua direita, dando-lhe a Maioria absoluta.
Não estranhem, porque a principal “marca grega” é a de um conjunto de grupos e oligarquias financeiras, à direita e à esquerda, dominarem o cenário político tendo por base uma certa, e lucrativa corrupção politica e financeira . O eleitorado respondeu simplesmente mudando!
Zorba, o Grego, era um sonhador de outros sonhos!
Assim está a ser e assim foi. Atenas, já nem os mármores originais do Pártenon (onde nos sentimos superiormente esmagados) detém em seu poder.
Reparem agora nisto. Quando os Gregos estavam para entrar, na então CEE, em 10 º lugar, o Chanceler alemão Kohl e François Miterrand em França  já sabiam que os Grecos estavam a retorcer as contas que lhe eram pedidas.
A resposta de F. Miterrand foi mais ou menos esta: “bom, nós sabemos que estão a aldrabar as contas, mas como vocês foram o berço da Civilização Grega e o país de Platão e de Aristóteles, e a Europa não pode posicionar-se no Mundo sem esses Valores clássicos e democráticos, vamos admiti-los. Usem lá os Fundos”. Assim veio a acontecer!
III.
O que acima foi dito, serve também para ilustrar que as mutações de cenário no exercício do poder devem ter em conta diversas variáveis sendo que a variante cultural não é menos decisiva do que a variante económica. Nunca o foi.
Circunscrevendo esta temática de “estar em cima e depois vir por aí abaixo” em termos eleitorais, no Alandroal, seria avisado que se tivessem em conta esta série de realizações que andam há anos, mandato após mandato, sem  estar em execução.
 Reparem nesta breve lista:
--o Alandroal continua sem ter um simples Orçamento Participativo e desconfia-se claramente “do porquê” desta omissão democrática e socialista;
-- a Autarquia desinteressou-se do Endovélico e, mais do que isso, anda cada vez mais distraída em relação à hipótese de mostrar na Vila as peças que estão em Lisboa no Museu de Arqueologia; e até o mais com que foi acenando;
-- de aprovação em aprovação, os Programas de Requalificação Urbana das 3 Vilas do Concelho tanto fazem que andam como nunca arrancam;
 -- O Castelo está limpo mas existe lá dentro um Muro Branco que já não devia existir ( a bem da História Local); a Biblioteca parece um assombro;
-- quanto à Ferrovia e à Ciclovia, nem uma palavra publica e prévia de estudo e previsão da Autarquia; a retórica de campanário que parece ter abrandado continua insuficiente sobre  este tema;
-- relativamente à Mostra do Peixe do Rio (  parece que correu bem, antes assim) ou agora, a este ultimo evento  da “Descasca de Caracóis e Caracoletas” será que veio em boa altura como devia acontecer com um bom e articulado plano cultural? 
 Fiquemos por aqui, convencidos de que a atitude de que mais vale ir omitindo do que dizer a verdade; ou a de que mais vale sobreviver  com o vício do que lutar pela transparência não deve dispensar o confronto das ideias com futuro que está a ser feito, mais uma vez, no Al tejo.
Entendamo-nos: o desenvolvimento do Alandroal não se faz somente com o clientelismo partidário interno/ externo na Autarquia. Precisa é de abarcar a ideia de que é necessário  planear em vez de ir improvisando.
 Tanto mais que o povo votante do Concelho na sua sageza compreende como já  provavelmente compreendeu que tanto andamos em frente que vamos estando cada vez mais no mesmo sítio…
   O que se acaba de dizer, não é claro está, apenas mais uma questão de esquerda ou de direita. É uma questão de visão e competência de médio prazo posta ao serviço da Vila. Não a pondo apenas ao serviço de  comissários políticos que nos visitam ou mandam uns recados.
   O assunto é sério. Sem investimento cultural e económico sustentado e consistente, o Concelho segue o caminho daquele verso de Maria Barroso/ Mário Soares: “o Alandroal é como as velas do Altar, dão (pouca)  luz e  vai morrendo”.
Recapitulem, pois, a parte magnifica da mensagem de F. Mitterrand como acima a lembrámos!
Saudações Democráticas
       Antonio Neves Berbem
         ( 9 de Julho de 2019)  

ps:  pedaços deste texto servem para dizer à  Ausenda  um " até sempre dos amigos e desta terra" (anb)

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