terça-feira, 11 de junho de 2019

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA ONTEM NA RÁDIO DIANA/FM

MARIA HELENA FIGUEIREDO
     Coisas boas, coisas más e coisas assim-assim
Apesar de ser 10 de Junho não é disso que vou falar, nem das comendas com que os Bavas, Granadeiros, Espíritos Santos e os Berardos nesta data são brindados, seguramente pelas malfeitorias que nos têm feito.
Quero falar das coisas boas e más que nos estão a acontecer.
Começo pela BIME.
Ao fim de 6 anos sem se realizar por falta de financiamento, tivemos de novo a BIME, a alegrar crianças e graúdos e a espalhar a magia dos bonecos pela cidade.
A BIME – Bienal Internacional de Marionetas, que começou em 1987, não é um simples festival, é mais que isso. É já parte da cidade de Évora e uma das marcas culturais deste território. Por isso, o interregno foi tão sentido e o seu regresso tão aplaudido e participado.
Realizar a BIME é também homenagear o Mestre Talhinhas, poeta popular, perito na arte das décimas, e titeriteiro, que percorria o Alentejo com os seus “Bonecos de Santo Aleixo” e que ao deixar a sua arte, fez a entrega dos Bonecos à Assembleia Distrital, que é como quem diz, não a este nem àquele, mas ao povo de Évora.
É por isso responsabilidade de todos, mas especialmente das entidades públicas que nos representam, garantir que sabemos honrar este legado.
E este ano assim foi. No seu regresso, a BIME somou a qualidade artística dos participantes à animação pelo Centro Histórico e por isso estão de parabéns não apenas o CENDREV, mas também a Câmara Municipal de Évora e a Direcção Regional da Cultura do Alentejo que finalmente encontraram os recursos para apoiar a sua realização.
Enquanto a BIME brilhava, um novo atentado ao ambiente, ao património e às nossas vidas ameaça Évora, Montemor e Vendas Novas.
Depois de há quase 5 anos termos afastado o perigo de termos uma mina de ouro a céu aberto na Boa Fé, destruindo a riqueza natural da Serra de Monfurado, pondo em risco a saúde e as condições de vida das populações da zona, os investimentos agrícolas e turísticos numa vasta área e comprometendo património arqueológico como o Cromeleque dos Almendres ou as Grutas do Escoural,  surge um novo projecto de prospecção de ouro para a mesma zona.
No passado dia 22 de Maio foi publicado no Diário da República o Aviso de que a Exchange Minerals, uma empresa cuja nacionalidade ainda é para mim nebulosa, e que do que já apurei nos deixa as maiores reservas, requereu nova licença de prospecção de ouro, numa área de 364 Km2, a que chamou Montemor.
Trata-se de uma área que vai de S. Brás do Regedouro e Valverde às Silveiras, atingindo ainda uma parte do concelho de Vendas Novas. Grande parte ocorre em áreas da rede Natura 2000, REN e Reserva Agrícola Nacional afectando o Escoural, os Almendres e naturalmente a Boa Fé, e que é, mais coisa menos coisa, a mesma área onde antes se pretendia instalar a mina de ouro a céu aberto.
 Em 2014, depois de ouvida a população, analisados impactos ambientais e os prejuízos para as populações e a economia local, a Assembleia Municipal de Évora rejeitou por unanimidade a instalação da mina. Por tudo isto, a Direcção-Geral de Energia e Geologia deveria ter rejeitado liminarmente o pedido.
O Bloco de Esquerda imediatamente questionou o Governo, através na Assembleia da República, sobre o facto de não ter rejeitado logo o pedido e sobre as intenções do Executivo quanto ao licenciamento da prospecção.
Mas o pedido está ainda em fase de apreciação publica, pelo que cada um e cada uma de nós pode mandar a sua opinião àquela Direcção Geral.  E para defender a nossa terra é isso mesmo que devemos fazer.
E para terminar, aqui fica uma coisa assim-assim:  Finalmente  – e bem – as passadeiras de peões estão a ser pintadas
e algumas a ser traçadas em paralelepípedos.  Mas não teria sido esta a ocasião para pensar em quem tem mobilidade reduzida, nas cadeiras de rodas e nos carrinhos de bébé e aproveitar para rebaixar os passeios junto às passadeiras?
 Até para a semana!



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