Coisas
boas, coisas más e coisas assim-assim
Apesar de ser 10 de Junho não é disso que vou falar, nem das
comendas com que os Bavas, Granadeiros, Espíritos Santos e os Berardos nesta
data são brindados, seguramente pelas malfeitorias que nos têm feito.
Quero falar das coisas boas e más que nos estão a acontecer.
Começo pela
BIME.
Ao fim de 6
anos sem se realizar por falta de financiamento, tivemos de novo a BIME, a
alegrar crianças e graúdos e a espalhar a magia dos bonecos pela cidade.
A BIME – Bienal
Internacional de Marionetas, que começou em 1987, não é um simples festival, é
mais que isso. É já parte da cidade de Évora e uma das marcas culturais deste
território. Por isso, o interregno foi tão sentido e o seu regresso tão
aplaudido e participado.
Realizar a BIME
é também homenagear o Mestre Talhinhas, poeta popular, perito na arte das
décimas, e titeriteiro, que percorria o Alentejo com os seus “Bonecos de Santo
Aleixo” e que ao deixar a sua arte, fez a entrega dos Bonecos à Assembleia
Distrital, que é como quem diz, não a este nem àquele, mas ao povo de Évora.
É por isso
responsabilidade de todos, mas especialmente das entidades públicas que nos
representam, garantir que sabemos honrar este legado.
E este ano assim foi. No seu regresso, a BIME somou a qualidade
artística dos participantes à animação pelo Centro Histórico e por isso estão
de parabéns não apenas o CENDREV, mas também a Câmara Municipal de Évora e a
Direcção Regional da Cultura do Alentejo que finalmente encontraram os recursos
para apoiar a sua realização.
Enquanto a BIME
brilhava, um novo atentado ao ambiente, ao património e às nossas vidas ameaça
Évora, Montemor e Vendas Novas.
Depois de há
quase 5 anos termos afastado o perigo de termos uma mina de ouro a céu aberto
na Boa Fé, destruindo a riqueza natural da Serra de Monfurado, pondo em risco a
saúde e as condições de vida das populações da zona, os investimentos agrícolas
e turísticos numa vasta área e comprometendo património arqueológico como o
Cromeleque dos Almendres ou as Grutas do Escoural, surge um novo projecto
de prospecção de ouro para a mesma zona.
No passado dia
22 de Maio foi publicado no Diário da República o Aviso de que a Exchange
Minerals, uma empresa cuja nacionalidade ainda é para mim nebulosa, e que do
que já apurei nos deixa as maiores reservas, requereu nova licença de
prospecção de ouro, numa área de 364 Km2, a que chamou Montemor.
Trata-se de uma
área que vai de S. Brás do Regedouro e Valverde às Silveiras, atingindo ainda
uma parte do concelho de Vendas Novas. Grande parte ocorre em áreas da rede
Natura 2000, REN e Reserva Agrícola Nacional afectando o Escoural, os Almendres
e naturalmente a Boa Fé, e que é, mais coisa menos coisa, a mesma área onde
antes se pretendia instalar a mina de ouro a céu aberto.
Em 2014, depois
de ouvida a população, analisados impactos ambientais e os prejuízos para as
populações e a economia local, a Assembleia Municipal de Évora rejeitou por
unanimidade a instalação da mina. Por tudo isto, a Direcção-Geral de Energia e
Geologia deveria ter rejeitado liminarmente o pedido.
O Bloco de
Esquerda imediatamente questionou o Governo, através na Assembleia da
República, sobre o facto de não ter rejeitado logo o pedido e sobre as
intenções do Executivo quanto ao licenciamento da prospecção.
Mas o pedido
está ainda em fase de apreciação publica, pelo que cada um e cada uma de nós
pode mandar a sua opinião àquela Direcção Geral. E para defender a nossa
terra é isso mesmo que devemos fazer.
E para
terminar, aqui fica uma coisa assim-assim: Finalmente – e bem – as
passadeiras de peões estão a ser pintadas
e algumas a ser
traçadas em paralelepípedos. Mas não teria sido esta a ocasião para
pensar em quem tem mobilidade reduzida, nas cadeiras de rodas e nos carrinhos
de bébé e aproveitar para rebaixar os passeios junto às passadeiras?
Até para
a semana!
Sem comentários:
Enviar um comentário