Obras públicas
Corre o tempo em que todos nos questionamos, e reprovamos, a forma
como a banca atribuiu muitos financiamentos, sem devidas garantias, para
investimentos que se mostraram ser verdadeiros fiascos, sendo que as facturas
foram apresentadas aos contribuintes – leia-se a todos nós – para boa
liquidação, porque no final caberá a estes pagar pela incúria de alguns
banqueiros.
O Jornal de
Noticias, na sua edição do passado dia 17, coloca como manchete: “Estado gastou
milhões em obras públicas sem utilidade”.
Refere o JN que são “Milhões ao abandono. Literalmente. Estradas
onde não passam carros ou projetos mal começados. Viadutos que não ligam coisa
nenhuma. Piscinas que não funcionam porque são insustentáveis. Um cemitério
onde a única coisa enterrada são centenas de milhares de euros. Uma estação de
tratamento de águas que nada trata. Os exemplos são muitos, as soluções
poucas.”
Esta notícia poderá deixar alguns surpreendidos.
Mas outros talvez não a estranhem, porque a vontade de fazer obra
foi sempre maior do que previamente avaliar sobre a sua necessidade.
Todos conhecemos
casos de obras realizadas, que questionamos sobre a sua necessidade, ou sobre a
sua grandeza. Desde os conhecidos estádios do Euro 2004 que nunca tiveram outro
aproveitamento que não os jogos do Euro, a auto-estradas com baixíssimo
trafego, a centros culturais em locais onde praticamente não existem pessoas, e
tantos e tantos outros casos.
Num país em que o
planeamento passou para 3º plano é natural que aconteçam estes casos.
O JN em boa hora
trouxe este tema para a praça pública, porque é bom que haja escrutínio sobre o
investimento público, e os aqueles que aprovam obras que para nada servem
saibam que chegará o tempo em que serão chamados a responder por isso.
O investimento
público é absolutamente necessário. Todos os dias vemos situações em que
subsiste uma premente necessidade de investimento público, na saúde, nos
transportes, na requalificação de redes de abastecimento de águas, na
conservação do património, e muito mais, pelo que é injustificável e acto de má
gestão fazer obras que para nada servem, ou que são megalómanas e, por isso,
difíceis de sustentar.
O investimento
público necessário é aquele que traz proveitos, não aquele que para nada serve.
Até para a
semana
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